Nova Comissão Europeia, velhas políticas
Ursula von der Leyen foi eleita para mais um mandato de cinco anos à frente da Comissão Europeia.
Muita tinta correu sobre os possíveis resultados desta votação. No final, von der Leyen foi eleita com 401 votos a favor, provenientes do consenso neoliberal e de guerra que lhe deu suporte e que inclui o Partido Popular Europeu (onde se integram PSD e CDS), Socialistas (PS), Liberais (IL) e ainda os Verdes Europeus.
Olhando para o que foi dito pela agora Presidente eleita da Comissão Europeia, bem como para as suas Orientações Políticas 2024-2029, que podemos esperar dos próximos cinco anos?
Em síntese, poderíamos dizer que a estratégia é a do aprofundamento do neoliberalismo, do federalismo, da militarização e da política de confrontação e de guerra.
A primeira prioridade da nova Comissão Europeia será a «Prosperidade e a Competitividade». Quando analisamos, no concreto, a forma de o conseguir, e apesar das bonitas palavras para as «pequenas e médias empresas» (PME) consideradas como «o coração da nossa economia», percebemos que, por um lado, a vontade de reduzir a burocracia para as PME não passa de uma cortina de fumo para servir e facilitar os interesses das multinacionais e, por outro lado, que não existe vislumbre de que a dita competitividade não vá ser utilizada como instrumento para atacar direitos laborais e sociais. Quanto à «prosperidade», é elucidativo que a senhora von der Leyen não conceba a importância do trabalho, dos trabalhadores, da sua valorização e dos seus salários como elemento fundamental para que a tal prosperidade possa ser alcançada.
Foi ainda anunciado um Pacto da indústria limpa que será depois acompanhado de um designado Fundo Europeu de Competitividade. Tendo como objectivos financiar a transição dos chamados sectores de utilização intensiva de energia, este fundo e este pacto partem de um plano inclinado. Estes investimentos irão beneficiar, no essencial, os Estados mais industrializados e não irão contribuir de forma decisiva para a reindustrialização de países como Portugal.
Ficou clara também a vontade de continuar com a política de confrontação, de guerra e de corrida aos armamentos, o distanciamento cada vez maior de uma política de paz e de amizade entre todos os povos. É a criação do mercado único de defesa, as compras conjuntas, o avanço para a chamada União da Defesa.
Por estas e muitas outras razões, o deputado do PCP no Parlamento Europeu votou contra a reeleição da senhora von der Leyen. Cá estaremos para dar combate a estas políticas, para denunciar os seus negativos impactos nos trabalhadores e para o povo português. E para apresentar propostas e soluções que consubstanciem o caminho alternativo necessário.