Na Madeira, risco de incêndio agrava-se com desleixo dos governantes

Os co­mu­nistas ma­dei­renses or­ga­ni­zaram, no dia 25, uma con­fe­rência de im­prensa sobre os in­cên­dios na ilha da Ma­deira, que contou com Edgar Silva, do Co­mité Cen­tral e res­pon­sável pela or­ga­ni­zação re­gi­onal do PCP.

In­cên­dios na Ma­deira de­mons­tram como os go­ver­nantes re­gi­o­nais se des­lei­xaram

Lusa

Em nota após a sessão, o Par­tido su­blinha que a si­tu­ação re­pre­sentou «uma ca­tás­trofe so­cial, eco­nó­mica e am­bi­ental», con­ju­gando con­di­ções cli­ma­té­ricas des­fa­vo­rá­veis (calor e vento) com as ca­rac­te­rís­ticas do ter­reno aci­den­tado, pro­pi­ci­ando o alas­tra­mento de vá­rias frentes, com «enormes pre­juízos ma­te­riais e de vastas áreas de pa­tri­mónio na­tural».

O PCP, no en­tanto, aponta res­pon­sa­bi­li­dades a quem as tem de as­sumir: «toda esta ca­tás­trofe», afirma, «tem como causa mais di­recta o facto de o Go­verno Re­gi­onal e a Pro­tecção Civil, desde logo, na Serra de Água a 14 de Agosto, não terem mo­bi­li­zado os ade­quados meios de in­ter­venção para com­bater o fogo que ali tinha de­fla­grado», a que se so­maram «inér­cias e erros crassos». Con­firma-se, por isso, que os «ac­tuais in­cên­dios e des­truição do pa­tri­mónio na­tural na ilha da Ma­deira, assim como de eco­no­mias lo­cais, têm mão de go­ver­nantes», sendo in­se­pa­rá­veis de uma «longa dé­cada de ir­res­pon­sa­bi­li­dades» e «erros na gestão da flo­resta» e no or­de­na­mento do ter­ri­tório.

Na nota, é vin­cado que esta ca­tás­trofe co­loca a ne­ces­si­dade da as­sunção de res­pon­sa­bi­li­dades pelo poder po­lí­tico, re­co­nhe­cendo o que não está bem e tendo von­tade po­lí­tica para «fazer o que pre­cisa ser feito, en­vol­vendo todas as partes».

Jardim da Serra

É pre­ciso dar res­postas
Neste sen­tido, o PCP apre­sentou 14 me­didas pri­o­ri­tá­rias, entre as quais a re­qui­sição de apoios ex­tra­or­di­ná­rios da UE (além do já ac­ci­o­nado Me­ca­nismo de Pro­tecção Civil), a re­po­sição de ren­di­mentos agrí­colas per­didos (com uma pro­gra­mação ex­tra­or­di­nária para a de­fesa e va­lo­ri­zação da pro­dução), a apro­vação de me­didas e meios pú­blicos para a es­ta­bi­li­zação de solos nas zonas de in­cên­dios, e a pro­moção da re­po­sição da ca­pa­ci­dade pro­du­tiva e de es­ta­bi­li­zação dos solos agrí­colas em áreas ar­didas.

Além disso, propõe o in­cen­tivo à re­cu­pe­ração de infra-es­tru­turas des­truídas ou da­ni­fi­cadas e de ha­bi­tats e ecos­sis­temas, a apro­vação de me­didas de in­ter­venção para o re­po­vo­a­mento flo­restal e res­ta­be­le­ci­mento e pro­tecção do pa­tri­mónio na­tural per­dido, o fim da ex­pansão do eu­ca­lipto e ou­tras es­pé­cies exó­ticas e in­fes­tantes, a pro­moção e apoio à plan­tação de es­pé­cies flo­res­tais au­tóc­tones, o re­forço do in­ves­ti­mento pú­blico para o or­de­na­mento, ca­dastro e gestão flo­restal e o au­mento das verbas or­ça­men­tais para o apoio às Áreas Pro­te­gidas, na sal­va­guarda da fauna e flora sel­va­gens. Por fim, os co­mu­nistas ma­dei­renses pro­põem a apro­vação de um plano para a lim­peza das bermas e faixas de gestão de com­bus­tível nas es­tradas re­gi­o­nais, o re­forço do dis­po­si­tivo per­ma­nente de meios aé­reos (com cri­ação de ca­pa­ci­dade de co­or­de­nação aérea es­pe­ci­a­li­zada), o de­sen­vol­vi­mento de novos pro­jectos e ac­ti­vi­dades de in­ves­ti­gação li­gados à pre­venção e com­bate a in­cên­dios flo­res­tais, e a cons­trução de le­gis­lação re­gi­onal de apoio às ví­timas destes fogos.

 

Eco­lo­gistas vi­sitam zonas ar­didas
Já no dia 26, o PEV re­a­lizou uma vi­sita às zonas atin­gidas pelos in­cên­dios no Curral das Freiras, con­tac­tando as po­pu­la­ções e ana­li­sando os im­pactos dos fogos.

Na apre­sen­tação das con­clu­sões, no final da ini­ci­a­tiva, Ma­nuela Cunha, da Co­missão Exe­cu­tiva de «Os Verdes» (que es­teve acom­pa­nhada pelo co­mu­nista Ri­cardo Lume) des­tacou que o «ba­lanço da vi­sita é um misto de tris­teza, re­volta e muita pre­o­cu­pação», es­pe­ci­al­mente «pe­rante a de­vas­tação ve­ri­fi­cada, que trás grandes danos às po­pu­la­ções afec­tadas».

«É que estes in­cên­dios», su­bli­nhou, «ti­veram graves im­pactos sobre a na­tu­reza e a pai­sagem. Os danos sobre a bi­o­di­ver­si­dade são muito mai­ores e mais graves do que o Go­verno Re­gi­onal tenta fazer crer». A di­ri­gente eco­lo­gista frisou queé ne­ces­sário agir pe­rante as en­ti­dades na­ci­o­nais, por forma a que o ICNF e o Ins­ti­tuto das Flo­restas da Ma­deira «tra­ba­lhem em con­junto para in­te­grar estas zonas no Plano Na­ci­onal de Re­cu­pe­ração da Na­tu­reza».

Fun­chal

Ac­ções de de­núncia
Nos dias an­te­ri­ores à con­fe­rência de im­prensa, ainda no de­correr dos fogos, di­ri­gentes re­gi­o­nais do PCP na re­gião re­a­li­zaram di­versas ini­ci­a­tivas sobre a questão, em par­ti­cular, no dia 24, com uma vi­sita de Edgar Silva ao Jardim da Serra.

O «Jardim da Serra e, de­sig­na­da­mente, a zona en­vol­vente da Boca da Cor­rida, área du­ra­mente atin­gida por fogos há poucos anos, é um dos lu­gares que de­mons­tram, através dos in­cên­dios destes úl­timos dias, como os go­ver­nantes se des­lei­xaram», afirmou. E lem­brou que a área voltou a arder porque não houve, da parte das au­to­ri­dades re­gi­o­nais, ac­ções no sen­tido de pre­venir novos in­cên­dios.

Já nou­tras vi­sitas, tanto Edgar Silva, no Vale dos Sal­gados, no dia 23, como Her­landa Amado, no Ca­minho dos Três Paus à Viana, Fun­chal (onde é eleita na As­sem­bleia Mu­ni­cipal), no dia 22, cri­ti­caram a falta de ini­ci­a­tiva de go­vernos re­gi­o­nais e au­tar­quias no con­trolo dos eu­ca­liptos e ou­tras es­pé­cies in­fes­tantes, com­bus­tível para os in­cên­dios.

Her­landa Amado chegou a afirmar que, nestas zonas, os eu­ca­liptos estão «ainda mais pre­sentes, mais fortes, de forma mais con­cen­trada e em maior nú­mero», apesar das inú­meras pro­postas em con­trário.

 



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