A figura de Amílcar Cabral, o seu pensamento e obra, o seu legado de lutador antifascista e anticolonialista, neste ano em que se celebra o 100.º aniversário do seu nascimento, esteve muito presente e dominou a programação do espaço Imigrante na Festa.

Uma presença que era bem visível nas mensagens veiculadas na decoração do pavilhão, situado bem perto do topo da avenida encimada pela roda gigante.

«Unidade e luta», em letras garrafais, podia ler-se a toda a largura de uma das paredes, titulando palavras do histórico dirigente africano. «O fenómeno neo-colonislista mostrou-nos que não se pode duvidar da relação estreita que existe entre a nossa luta e a luta da classe operária internacional», escreveu o revolucionário que teve um papel determinante no processo de libertação nacional dos povos da Guiné-Bissau e cabo Verde.

Foi ainda em torno de Amílcar Cabral, muito em particular sobre a actualidade da sua obra, que se centrou o debate realizado na manhã de sábado, suscitando o vivo interesse de largas dezenas de pessoas.

Moderado pelo militante comunista Henrique Chaves, nele participaram Daniel Pina, primeiro secretário em Portugal do PAICV, o jornalista Carlos Lopes Pereira e Flávio Almada, tradutor e músico raper.

Sublinhado por todos foi a importância e actualidade do legado de Amílcar Cabral, o seu contributo para a luta dos povos pela liberdade, a soberania e a independência nacional, pelo progresso social.

Destacadas foram também as suas reflexões teóricas sobre as «forças motrizes da história», ou sobre o «papel da Cultura na libertação dos povos».

Mas da realidade da imigração no nosso País se falou também muito no debate, em particular da comunidade cabo-verdiana, tendo vindo para primeiro plano, pela voz do representante do PAICV, alguns dos principais problemas com que hoje se confrontam os originários daquele país irmão, distintos dos sentidos por gerações anteriores.

Problemas, exemplificou, como os relacionados com a obtenção de documentação, afalta de habitação oude emprego. Dificuldades a que o PCP está atento e procura dar resposta, ontem na luta anti-colonial, hoje na luta contra a política de direita, como bem se ilustrava num dos painéis em exposição com posições suas e iniciativas legislativas em defesa dos imigrantes.