1796 – Manifesto dos Iguais

«Quando o go­verno viola os di­reitos do povo, a in­sur­reição é, para o povo e para cada porção do povo, o mais sa­grado dos di­reitos e o mais in­dis­pen­sável dos de­veres.» As pa­la­vras do jor­na­lista e pen­sador francês Fran­çois Noël Ba­beuf, co­nhe­cido como Grac­chus Ba­beuf, têm mais de dois sé­culos, mas são de uma ac­tu­a­li­dade acu­ti­lante. Ba­beuf, que par­ti­cipou ac­ti­va­mente na Re­vo­lução Fran­cesa, de­fendia que para haver igual­dade não bas­tava a igual­dade de di­reitos pe­rante a lei, mas era ne­ces­sária a igual­dade nas con­di­ções de vida das pes­soas, o que im­pli­cava a abo­lição da pro­pri­e­dade pri­vada, ca­bendo ao Es­tado dis­tri­buir os bens de forma igua­li­tária pelo povo. No seu Ma­ni­festo ao povo francês, es­creveu: «Chegou a hora das grandes de­ci­sões. O mal en­contra-se no seu ponto cul­mi­nante, está a co­brir toda a face da terra. O caos, sob o nome de po­lí­tica, há já de­ma­si­ados sé­culos que reina sobre ela. (…) Chegou o mo­mento de fundar a Re­pú­blica dos Iguais, este grande re­fúgio aberto a todos os ho­mens.» Morreu na gui­lho­tina acu­sado de cons­pi­ração pela sua de­fesa da igual­dade entre os ho­mens. Viveu num tempo em que os termos “co­mu­nista” e “anar­quista” ainda não cons­tavam do lé­xico po­lí­tico, mas ficou para a his­tória como o “pri­meiro co­mu­nista re­vo­lu­ci­o­nário”.