O deputado do PCP no Parlamento Europeu, João Oliveira, criticou a política da indigitada comissária europeia dos Serviços Financeiros, Maria Luís Albuquerque, por servir os grandes interesses financeiros.
Lusa
«Opomo-nos à sua nomeação porque as políticas que aqui defende para o sector financeiro e o mercado de capitais servem os grandes interesses financeiros, mas não servem os povos europeus, incluindo o povo português», afirmou João Oliveira, deputado no Parlamento Europeu, referindo-se à indigitada comissária europeia dos Serviços Financeiros, Maria Luís Albuquerque.
Explicou porquê: «A começar pelo favorecimento do negócio dos fundos privados de pensões, com a fragilização da Segurança Social pública. Isso deixa os trabalhadores e os pensionistas desprotegidos e sujeitos a verem desaparecer o dinheiro das suas pensões na roleta da especulação, como tem acontecido em sucessivas falências desses fundos privados noutras partes do mundo. E também não serve o aprofundamento da União Bancária, a concentração do sector bancário, nem a criação de ainda maiores grupos financeiros europeus. Essas políticas multiplicam os já enormes lucros da banca e do sector financeiro, concentram poder nas mãos de banqueiros e especuladores e deixam os países mais expostos a crises financeiras».
O deputado comunista lembrou: «Vimos bem o resultado dessas opções em Portugal com o escândalo da falência do BES, quando a senhora era ministra das Finanças. Os lucros ficaram nos bolsos dos banqueiros e os prejuízos ficaram para o povo por via do Orçamento do Estado». E acentuou que «o povo precisa de outras políticas para o sector financeiro».
Na mesma audição, no dia 6, PSD, PS, Chega e IL mostraram mais uma vez que, no essencial, não se distinguem: na hora de tomar posição sobre o nome de Maria Luís Albuquerque como comissária europeia dos interesses económicos, esses partidos juntaram-se todos para o aprovar. O deputado João Oliveira, do PCP, representou os interesses do País contra os interesses da minoria: votou contra.
Recorde-se que a referida comissária foi uma das mais destacadas figuras do governo PSD/CDS de Passos Coelho e Paulo Portas e da troika de má memória. E que, como ministra desse governo, aprovou duríssimos cortes à maioria dos trabalhadores enquanto salvava bancos.
Habitação e energia: PCP propõe medidas
Na audição ao comissário europeu Dan Jorgensen, indicado para a pasta de Energia e Habitação, João Oliveira afirmou que as políticas propostas para tais sectores não correspondem ao que é necessário.
E fundamentou: «A falta de habitação não é só um problema de pobreza ou de exclusão social. É um problema que atinge milhões de cidadãos que não conseguem encontrar habitação a preços acessíveis e ele não se resolve com medidas para aumentar os lucros do sector da construção ou a rentabilidade dos fundos de investimento imobiliários. Os preços elevados na energia e nos combustíveis são um problema para as famílias e as pequenas e médias empresas e ele será ainda mais grave se avançarem políticas de maior liberalização do mercado e de favorecimento das grandes empresas do sector».
O deputado comunista apresentou alternativas: «Na habitação, propomos a criação de financiamento adicional e específico da União Europeia para que os Estados-Membros possam aumentar a oferta pública de habitação e defendemos também a redução das taxas de juros fixadas pelo BCE. Na energia, é preciso reverter a liberalização do mercado, regular e fixar preços e promover a eficiência energética e um maior aprovisionamento energético a partir de fontes renováveis, privilegiando os recursos endógenos de cada país».
João Oliveira interveio também nas audições de Ekaterina Zaharieva, indigitada para assumir a pasta de Ciência e Tecnologia, e de Hadja Lahbib, apontada para a pasta de Gestão de Crises e Igualdade.