Operação antidemocrática sob a invenção do 25 de Novembro

Uma «pro­vo­cação» e um «mo­mento de con­fronto com a Re­vo­lução de Abril, as suas con­quistas e va­lores», assim avalia o PCP a de­sig­nada sessão so­lene com que os seus pro­mo­tores as­si­na­laram no Par­la­mento o 25 de No­vembro de 1975.

Há uma ope­ração de de­tur­pação e fal­si­fi­cação da His­tória

Para o PCP, que se re­cusou a estar pre­sente e a pac­tuar com o que con­si­dera ser uma «ope­ração de fal­si­fi­cação e de de­tur­pação da his­tória», o que ali se passou foi um «la­men­tável acon­te­ci­mento, com um des­filar de con­cep­ções re­tró­gradas, re­ac­ci­o­ná­rias e fas­ci­zantes que fazem parte do pas­sado».

«Re­a­lizar uma sessão a pro­pó­sito do 25 de No­vembro na As­sem­bleia da Re­pú­blica no ano em que se co­me­mora os 50 anos da Re­vo­lução de Abril, só pode ser in­ter­pre­tado como uma pro­vo­cação e um ajuste de contas com a Re­vo­lução de Abril», cri­ticou a líder par­la­mentar co­mu­nista, esta se­gunda-feira, em con­fe­rência de im­prensa, após o acto em que in­ter­vi­eram os res­tantes grupos par­la­men­tares, o pre­si­dente da AR e o Pre­si­dente da Re­pú­blica.

Paula Santos ex­punha assim as ra­zões para a de­cisão de não com­pa­rência no he­mi­ciclo dos de­pu­tados co­mu­nistas, afir­mando a sua total re­jeição em par­ti­cipar ou le­gi­timar «ac­ções que têm como ob­jec­tivo atacar a Re­vo­lução de Abril».

Para os seus au­tores, «quem nunca se con­formou com os avanços, os di­reitos e as li­ber­dades con­quis­tados pela Re­vo­lução de Abril», o ob­jec­tivo da ope­ração é claro: «a des­va­lo­ri­zação e a me­no­ri­zação do 25 de Abril, que der­rubou a di­ta­dura fas­cista, que pôs fim à opressão e à re­pressão, que pôs fim à guerra co­lo­nial e que ins­taurou o re­gime de­mo­crá­tico, con­sa­grado na Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa», re­alçou a de­pu­tada co­mu­nista.

Rol de men­tiras
Aliás, na pers­pec­tiva do PCP, em­bora sempre tenha ha­vido quem qui­sesse re­es­crever a his­tória, a ver­dade é que hoje a «ofen­siva as­sume um novo pa­tamar ao pro­curar a le­gi­ti­mação ins­ti­tu­ci­onal», com o su­porte po­lí­tico de PSD e CDS, acom­pa­nhado de CH e IL, e com a anuência de mais forças po­lí­ticas, a que se juntou o Pre­si­dente da Re­pú­blica, com a sua pre­sença.

Paula Santos fez notar que tal le­gi­ti­mação nunca ob­teve ex­pressão nem apoio po­pular, «apesar das múl­ti­plas ma­no­bras, a partir de des­ca­radas men­tiras e até de­lí­rios, men­tiras que con­ti­nuam a ser re­pe­tidas in­cluindo aquelas que in­sistem em falsas acu­sa­ções ao PCP para dis­far­çarem os ob­jec­tivos an­ti­de­mo­crá­ticos que os animou então e que de novo tentam impor na vida do País».

Golpe contra-re­o­lu­ci­o­nário
E indo ao fundo da questão, não he­sitou em con­si­derar que os «ani­ma­dores do 25 de No­vembro são os que de­fendem os in­te­resses do grande ca­pital, exac­ta­mente aqueles que foram be­ne­fi­ci­ados du­rante o fas­cismo, que re­primiu, tor­turou e as­sas­sinou quem re­sistia e lu­tava pela li­ber­dade e pela de­mo­cracia».

Mais, acusou-os de pre­ten­derem «tornar o 25 de No­vembro na­quilo que não foi», re­cor­dando que foi o 25 de Abril que «trouxe a de­mo­cracia, a li­ber­dade e os di­reitos e não o 25 de No­vembro, como pro­curam fazer crer».

«Querem que o 25 de No­vembro seja aquilo que nunca foi, mas que gos­tavam que ti­vesse sido, que ti­vesse co­lo­cado em causa o re­gime de­mo­crá­tico, que ti­vesse am­pu­tado as li­ber­dades e ile­ga­li­zado o PCP», cen­surou ainda a líder par­la­mentar do Par­tido, para quem o 25 de No­vembro foi um «golpe contra-re­vo­lu­ci­o­nário para travar o pro­cesso trans­for­mador da Re­vo­lução de Abril no plano po­lí­tico, eco­nó­mico, so­cial e cul­tural».

Ora, não obs­tante esse golpe contra Abril, a ver­dade é que não con­se­guiram im­pedir que os «va­lores e as con­quistas da Re­vo­lução fi­cassem con­sa­grados na Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa, apro­vada a 2 de Abril de 1976», re­cordou Paula Santos, con­victa de que é com Abril, com as suas «con­quistas e va­lores», que será pos­sível elevar as con­di­ções de vida e ga­rantir o «de­sen­vol­vi­mento e pro­gresso do País».

 



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