Tomar a iniciativa com os trabalhadores e o povo

Rui Fernandes (Membro da Comissão Política)

Este é um mo­mento de ir junto de mi­lhares de tra­ba­lha­dores, amigos, vi­zi­nhos


Estamos prestes a abrir as portas para o início dos trabalhos do XXII Congresso do PCP. Este é um trabalho que decorre há meses, num processo de ampla discussão e contribuição do colectivo partidário, enriquecendo a análise e a definição das orientações com vista ao trabalho futuro, um estilo de preparação que não tem paralelo em mais nenhuma força política. Um trabalho que foi compaginado com a resposta política do Partido e a dinamização da luta dos trabalhadores e das populações. O trabalho de um Partido que, consciente das dificuldades, não se resigna e está disposto a ir à luta para as vencer.

A fonte da crise que atinge a nossa so­ci­e­dade, e de um modo mais geral o mundo, está no sis­tema ca­pi­ta­lista, que não tem res­posta para os pro­blemas, de que ele pró­prio é cau­sador e que con­ti­nu­a­da­mente agrava. Vi­vemos um mo­mento mar­cado por uma forte ofen­siva no plano dos di­reitos so­ciais, po­lí­ticos, eco­nó­micos e ide­o­ló­gicos, em que se acentua a luta de classes e em que está cada vez mais vi­sível a fa­lência das teses e pro­fe­cias de que era pos­sível ci­vi­lizar e hu­ma­nizar o ca­pi­ta­lismo. A vida aí está a provar o con­trário, apesar da brutal e sis­te­má­tica ope­ração ide­o­ló­gica que se de­sen­volve.

A ofen­siva re­ac­ci­o­nária em curso, com as suas ex­pres­sões pro­vo­ca­tó­rias, re­forçam a exi­gência da in­ter­venção em de­fesa e na exi­gência do cum­pri­mento da Cons­ti­tuição de Re­pú­blica, de com­bate pela ver­dade his­tó­rica, de afir­mação dos va­lores de Abril, as­pectos que cons­ti­tuem um de­sígnio de con­ver­gência para todos os de­mo­cratas e pa­tri­otas.

Com con­fi­ança, li­gados à vida
O que está co­lo­cado para o ano que temos pela frente, no quadro da ne­ces­sária res­posta po­lí­tica à de­sas­trosa po­lí­tica do Go­verno ao ser­viço dos in­te­resses do grande ca­pital, conduz à ne­ces­si­dade de um maior en­vol­vi­mento e par­ti­ci­pação par­ti­dária na exal­tante ta­refa que cons­titui a luta por uma so­ci­e­dade sem ex­plo­ra­dores nem ex­plo­rados, da qual a po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda que pro­pomos é parte in­te­grante.

A ideia de que se mudam os go­vernos mas se mantêm as po­lí­ticas, as be­nesses para os do cos­tume e os sa­cri­fí­cios para os mesmos, vai con­quis­tando novas e novas cons­ci­ên­cias. Novas cons­ci­ên­cias que, também na rua contra a po­lí­tica de di­reita e gri­tando “paz sim, guerra não!”, en­grossam o caudal.

A acção de con­tacto e subs­crição do abaixo-as­si­nado “Au­mentar sa­lá­rios e pen­sões, para uma vida me­lhor” é disso exemplo vivo. São imensas os casos que com­provam que di­fi­cul­dade não sig­ni­fica im­pos­si­bi­li­dade. E não menos os que cons­ti­tuem agra­dá­veis sur­presas por ocor­rerem em lo­cais onde a in­fluência par­ti­dária é re­si­dual. Uma acção que abre imensas portas para o co­nhe­ci­mento de pro­blemas con­cretos, au­men­tando o po­ten­cial de in­ter­venção na acção po­lí­tica do Par­tido e da CDU. Mas uma acção que também rasga ho­ri­zontes para trazer trazer gente nova e nova gente a om­brear con­nosco para a rei­vin­di­cação, luta e in­ter­venção.

No quadro das exi­gentes e com­plexas ta­refas que temos di­ante de nós, mas as­sentes no nosso pro­jecto e va­lores, na vi­ta­li­dade dos nossos ideais, este é um re­for­çado mo­mento de ir junto de mi­lhares de tra­ba­lha­dores, amigos, vi­zi­nhos e, com ver­dade, dizer-lhes como somos, o que pen­samos, quais as ra­zões da nossa luta e o que pro­pomos. Enfim, dizer-lhes que o PCP é o seu Par­tido.

 



Mais artigos de: Opinião

Incontáveis milhões para a guerra

De acordo com novos dados divulgados pelo SIPRI (Instituto Internacional de Investigação para a Paz de Estocolmo), as 100 maiores empresas de armamento atingiram, em 2023, um aumento de receitas em termos reais de 4,2% em relação a 2022, provenientes das vendas de armas e serviços militares. Metade destas receitas, 317...

Questão de escolha

Ave Caesar, morituri te salutant (Ave César, os que vão morrer saúdam-te) é a conhecida expressão latina citada em “A vida dos doze Césares” (De vita Caesarum), do autor romano Suetónio, que terá sido usada pelos presos forçados a lutar até à morte durante um simulacro de batalha naval, em 52 d.C., na presença do...

Água mole

O sentido do muito popular ditado sobre o que se espera de “água mole em pedra dura” está em vias de ser dinamitado pelo PS. Politicamente falando, seja pela moleza das suas atitudes, seja pela brandura e condescendência com as opções do Governo PSD/CDS, o que a direita pode ter por certo e garantido é que, com a água...

Por licenças de maternidade e paternidade pagas a 100%

Em Setembro, a Assembleia da República aprovou, com os votos contra do PSD e do CDS, um projecto da iniciativa de cidadãos para alargar as licenças de parentalidade de quatro para seis meses, pagas a 100%. O projecto de lei do PCP sobre a mesma matéria, embora mais amplo e com mais tempo de licença, tinha sido chumbado...

Do BES ao Novo Banco: o escândalo continua!

Vimos como em Setembro o foco mediático se virou para o julgamento de Ricardo Salgado, um dos principais arguidos do colapso do Banco Espírito Santo. Os directos do Campus da Justiça, os comentários sobre o estado de saúde do arguido, as compreensíveis perplexidades sobre o funcionamento da justiça em torno de um caso –...