Agora, com mais força, unidade e confiança, vamos à luta!

Belmiro Magalhães (Membro da Comissão Política)

O que o Con­gresso foi é di­fe­rente do que a co­mu­ni­cação so­cial trans­mitiu

Re­a­li­zámos um grande Con­gresso! Num con­texto bas­tante exi­gente, o co­lec­tivo par­ti­dário teve a ca­pa­ci­dade de con­cre­tizar um amplo tra­balho pre­pa­ra­tório, o ne­ces­sário ba­lanço do tra­balho re­a­li­zado desde o an­te­rior Con­gresso e de afinar as ori­en­ta­ções para o fu­turo pró­ximo. Re­a­fir­mámos as con­clu­sões da Con­fe­rência Na­ci­onal e a ne­ces­si­dade de apro­fundar a li­gação aos pro­blemas con­cretos, às po­pu­la­ções e aos tra­ba­lha­dores. O pro­jecto co­mu­nista foi re­a­fir­mado como uma ne­ces­si­dade do nosso tempo.

Pe­rante uma po­de­rosa ofen­siva contra o Par­tido, que per­siste de forma con­ti­nuada e que vai acu­mu­lando os seus im­pactos, foi dada uma res­posta firme e co­ra­josa que pre­ci­samos de va­lo­rizar muito. Na tri­buna do Con­gresso, pas­saram muitos exem­plos que con­firmam a ampla e di­ver­si­fi­cada ini­ci­a­tiva das or­ga­ni­za­ções do Par­tido, da luta da ju­ven­tude, das po­pu­la­ções, dos tra­ba­lha­dores. Es­ti­veram pre­sentes os êxitos al­can­çados mas também as di­fi­cul­dades e as exi­gên­cias. E sa­bemos que também é ne­ces­sária co­ragem para re­co­nhecer os pro­blemas e os as­pectos a me­lhorar.

A uni­dade ex­pressa nas in­ter­ven­ções e nas vo­ta­ções tem um enorme sig­ni­fi­cado e con­fronta a ofen­siva po­lí­tica e ide­o­ló­gica. Um ele­mento im­por­tante do Con­gresso foi o con­tri­buto que deu para uma me­lhor com­pre­ensão das cir­cuns­tân­cias em que o Par­tido é cha­mado a in­tervir e a linha de re­sis­tência, in­ter­venção e avanço que se impõe de­sen­volver.

O re­forço da or­ga­ni­zação par­ti­dária, com a res­pon­sa­bi­li­zação de mais ca­ma­radas, a cri­ação e di­na­mi­zação de cé­lulas de em­presa e o re­cru­ta­mento de novos ca­ma­radas será de­ter­mi­nante. No Con­gresso foi in­for­mado da res­pon­sa­bi­li­zação de mais de mil novos ca­ma­radas desde a Con­fe­rência. Mais de 20% dos de­le­gados ade­riram ao Par­tido desde o con­gresso an­te­rior, em 2020, o que é re­ve­lador do papel de­ter­mi­nante que novos ca­ma­radas as­sumem no tra­balho do Par­tido e da im­por­tância da au­dácia que é ne­ces­sário con­ti­nuar a ter. O Con­gresso lançou um mo­vi­mento geral de re­forço da or­ga­ni­zação, de re­forço de di­recção e es­tru­tu­ração, ar­ti­cu­lado com a res­pon­sa­bi­li­zação de qua­dros, o re­cru­ta­mento, a pre­pa­ração po­lí­tica e ide­o­ló­gica, a mi­li­tância, os meios de pro­pa­ganda, a im­prensa, a in­de­pen­dência fi­nan­ceira, que pre­ci­samos levar o mais longe pos­sível.

No Con­gresso não se pro­cu­raram “ata­lhos” ou so­lu­ções rá­pidas que não existem. A al­ter­na­tiva po­lí­tica ne­ces­sária - pa­trió­tica e de es­querda - e o ca­minho da sua cons­trução, as­sente no re­forço do Par­tido, na sua or­ga­ni­zação e in­fluência po­lí­tica, so­cial e elei­toral, a par com o de­sen­vol­vi­mento da luta de massas e a con­ver­gência de de­mo­cratas e pa­tri­otas, ficou mais clara.

Ter­mi­nado o Con­gresso, o que temos pela frente não se prevê sim­ples. A ofen­siva não vai abrandar. Os pro­blemas do País e do mundo não foram em­bora, pelo con­trário. O Go­verno PSD/​CDS, com a cum­pli­ci­dade efec­tiva de Chega e IL, e o de­mis­si­o­nismo do PS, pro­ta­go­niza uma po­lí­tica de ataque aos ser­viços pú­blicos, de que o SNS é um exemplo claro, pre­para novas pri­va­ti­za­ções, anima con­cep­ções se­cu­ri­tá­rias, agrava as in­jus­tiças e a sub­missão na­ci­onal, como se vê pela afir­mação do pri­meiro-mi­nistro de que Por­tugal pre­cisa au­mentar a des­pesa na in­dús­tria da guerra para mais de 2% do PIB, em linha com as re­centes afir­ma­ções do Se­cre­tário-Geral da NATO nas quais este de­fendeu cortes em des­pesas so­ciais para per­mitir o au­mento de gastos em ar­ma­mento.

Sem sur­presa, aquilo que efec­ti­va­mente o Con­gresso foi é muito di­fe­rente da­quilo que a co­mu­ni­cação so­cial do­mi­nante trans­mitiu. Pro­cu­raram apoucar o Par­tido, mas não con­se­guiram es­conder a di­mensão e a de­ter­mi­nação que ema­naram do Con­gresso.

Saímos do Con­gresso com muita con­fi­ança mas também com res­pon­sa­bi­li­dades acres­cidas. O Con­gresso con­tri­buiu para co­locar o Par­tido no centro da luta e da res­posta às po­lí­ticas de di­reita e aos pro­jectos re­ac­ci­o­ná­rios. Apro­fundar este papel é um im­pe­ra­tivo que se co­loca e que de­pen­derá da ca­pa­ci­dade que vi­ermos a ter para con­cre­tizar as ori­en­ta­ções apro­vadas sem adiar a ida para o ter­reno e a con­cre­ti­zação das me­didas ne­ces­sá­rias, com ar­rojo e per­sis­tência. Levar mais longe a Acção Na­ci­onal “Au­mentar Sa­lá­rios e Pen­sões por uma vida me­lhor”, desde logo com a jor­nada de 14 de Ja­neiro, o em­pe­nha­mento na ma­ni­fes­tação “É ur­gente pôr fim à guerra! Todos pela Paz!” em Lisboa a 18 de Ja­neiro, a con­tri­buição para a di­na­mi­zação da luta dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções por esse país fora, a afir­mação da CDU e do seu pro­jecto dis­tin­tivo, são al­gumas das ta­refas que não podem es­perar.

 



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