Fado perde Esmeralda Amoedo
Esmeralda Amoedo, 88 anos, morreu na quinta-feira, 26, deixando um lugar de relevo na história do fado.Foiactivista do MDM, contribuindo para a luta e emancipação das mulheres no pós 25 de Abril, tendo participado solidariamente nas iniciativas culturais do Movimento. Foi também dirigente do Sindicato dos Trabalhadores dos Espectáculos entre 1978 e 1981. Era militante do PCP desde 1980.
Esmeralda Amoedo nasceu no bairro lisboeta da Mouraria a 15 de Maio de 1936. Foi a primeira vencedora da Grande Noite do Fado, cuja edição de estreia ocorreu em 1953 e lançou definitivamente a carreira profissional desta cantadeira, que já tinha ganho excelente reputação desde que, aos 14 anos, começou a actuar regularmente como amadora.
Actuou várias vezes na Festa do Avante!, ficando na memória duas prestações no Alto da Ajuda em dois anos seguidos: a de 1983, a encerrar a noite de sábado no Palco da Juventude e, em 1984, no Palco Lisboa, numa noite de sexta-feira que também contou com outro fadista histórico, Fernando Farinha. Ambos desempenharam, aliás, um papel relevante na defesa da raiz popular, urbana, genuína e progressista do fado, contrariando a imagem dada pela manipulação ideológica e o aproveitamento propagandístico que dele fez o fascismo português.
Segundo o site do Museu do Fado, Esmeralda Amoedo apresentou-se em praticamente todas as colectividades, sociedades recreativas e festas de beneficência de Lisboa e arredores.
Também foi atracção do Teatro de Revista, tendo-se estreado no Teatro ABC. Venceu o «Microfone de Ouro» atribuído pelo Rádio Clube Português, recebeu o Prémio Carreira em 2003 e, em 2004, foi lançado o seu último disco: «Fado no S. Luiz».
Vivia em Caxias, mas nunca perdeu a ligação ao bairro onde nasceu em Lisboa.
O PCP endereçou à família de Esmeralda Amoedo as mais sentidas condolências.