O Manifesto Surrealista, da autoria do psiquiatra e poeta francês André Breton, consagra a aspiração latente de muitos jovens artistas de criar algo mais real do que a realidade. «Não é o medo da loucura que nos vai obrigar a hastear a meio-pau a bandeira da imaginação», declara Breton no documento, onde a dado ponto afirma: «Entre tantos infortúnios por nós herdados, deve-se reconhecer que nos foi concedida a maior liberdade de espírito. Devemos cuidar de não fazer mau uso dela. Reduzir a imaginação à servidão, ainda que seja para ganhar o que vulgarmente se chama a felicidade, é rejeitar o que haja, no fundo de si mesmo, de suprema justiça. Só a imaginação nos dá conta do que pode ser.» Enfatizando a importância de romper com a lógica racional nas artes, o Surrealismo valoriza o acesso ao subconsciente e a fusão do mundo dos sonhos com a realidade. O movimento influencia artistas, escritores e pensadores em todo mundo, adaptando-se às peculiaridades culturais de cada país, mas mantendo sempre ideias disruptivas. «Não é difícil compreender que o surrealismo não tenha hesitado em adoptar a revolta absoluta, a insubmissão total», escreve Breton, que em 1930 redige um segundo Manifesto do que virá a ser uma das principais correntes estéticas do século XX.