O País real na tribuna do XXII Congresso do PCP

Pela tribuna do XXII Congresso do PCP, realizado em Almada entre 13 e 15 de Dezembro, passaram dirigentes de todas as organizações regionais do Partido, que deram a conhecer as lutas travadas, os avanços alcançados, as dificuldades encontradas e os caminhos para as superar.


No seu conjunto, estas intervenções permitiram traçar um retrato rigoroso da situação do País e, acima de tudo, revelaram um Partido vivo e actuante, impulsionador das batalhas diárias por uma vida melhor.

Na Região Autónoma dos Açores, onde um em cada três habitantes é pobre, «o PCP e a CDU têm denunciado a política de direita do Governo Regional e de quem o suporta», revelou Rui Teixeira, destacando uma das principais batalhas políticas em curso:

A SATA é estrutural para os açorianos e para a economia regional. A privatização apenas piorará o serviço prestado e aumentará a despesa paga pelos passageiros, pelo Estado e pela região.

De Aveiro, Renata Costa adiantou as principais questões relativamente às quais o Partido tomou a iniciativa.

Pelo direito à saúde – contra a integração do Hospital de Ovar e dos seus Centros de Saúde em ULS; pela valorização do Hospital de Águeda e em defesa do seu Serviço de Urgência – com várias acções de denúncia que construíram uma grande concentração com a participação de largas dezenas de utentes e profissionais de saúde. (…) Estivemos com as populações afectadas pelos graves incêndios do passado mês de Setembro que assolaram o nosso distrito e reunimos com diversas corporações de Bombeiros reconhecendo e valorizando o seu papel.

No distrito de Braga, revelou Pedro Martins, os comunistas organizaram a luta face a uma realidade económica e social particularmente negativa:

Os baixos salários são uma realidade, onde o Salário Mínimo Nacional é a referência. Para esta realidade em muito contribui a realidade do sector têxtil. Sector este que todos os anos tem batido recordes, continuando os trabalhadores em média a receber o mínimo, trabalhem há 5 ou há 40 anos. (…) Os horários desregulados impedem a fruição da vida familiar. E o que é que fazem? Creches abertas 24 horas! Em Braga, abriu recentemente uma assim!

Luís Silva, da Organização Regional de Castelo Branco, mostrou como a luta é capaz de impor avanços, apesar das dificuldades que persistem.

Destacamos a importância da luta pela reposição das SCUT na A23 e A25, que foi conquistada graças à persistente luta das populações e dos trabalhadores, a luta pela aplicação do PART no distrito e a consequente redução dos custos nos passes dos transportes colectivos, a luta em defesa do Ambiente, contra a poluição dos rios (…).

Da Guarda, José Pedro Branquinho sublinhou questões que têm concentrado as atenções dos comunistas:

O PCP no distrito da Guarda tem desempenhado o seu papel na reivindicação de um plano de emergência e de valorização para a Serra da Estrela, na sequência dos grandes incêndios. No alerta da destruição da agricultura familiar e concentração da propriedade fundiária potenciando o aparecimento de monoculturas, com consequências económicas, sociais e ambientais.

Já no distrito de Leiria, salientou Sérgio Silva, o PCP tem uma acção persistente junto dos trabalhadores e das populações.

Intervimos regularmente em mais de 30 empresas e outros locais de trabalho. (…) Na acção nacional «Aumentar salários e pensões, para uma vida melhor», que está a permitir entabular muito diálogo, ultrapassámos as metas traçadas até ao Congresso e superaremos os objectivos.

Como no resto do País, também em Lisboa foram travadas mais lutas do que aquelas que era, ali, possível enumerar, assegurou Ana Sofia Correia.

São milhares de trabalhadores dos mais diversos sectores que têm estado em luta no distrito de Lisboa, são muitas as vitórias que têm conquistado. À luta dos trabalhadores, juntaram-se muitas outras – pela cultura, habitação, educação, da juventude, dos imigrantes –, mas gostávamos de realçar a experiência de luta, a partir da constituição e acção de comissões de utentes da saúde (…). Por fim, não poderíamos deixar de evocar a manifestação dos 50 anos do 25 de Abril e a maré de gente que encheu a Av. da Liberdade.

Na Região Autónoma na Madeira, onde a perda da representação retirou espaço de intervenção, o PCP não afrouxou e enfrentou as adversidades, revelou Ricardo Lume.

Das dificuldades surgiram vontades e espírito de militância, que se transformaram em potencialidades. (…) Encaramos a Acção Nacional «Aumentar salários e pensões, para uma vida melhor» como oportunidade para um contacto mais directo com os trabalhadores e a população. Na Região foi já possível assegurar mais de 1200 subscritores do abaixo-assinado (…)

No Porto, coube a Cristiano Castro destacar as prioridades da acção do PCP na dinamização da luta dos trabalhadores e das populações.

Desde o XXI Congresso, os comunistas da ORP empenharam-se no esclarecimento, unidade e mobilização dos trabalhadores e das populações para a luta, com base em dois eixos centrais: a dinamização da luta de massas e o reforço do Partido. (…) Os comunistas também dinamizaram a luta das populações por serviços públicos de qualidade, contra o encerramento de estações dos CTT e balcões da CGD, pela expansão do Metro e pela conversão dos STCP em operador interno da Área Metropolitana do Porto. Empenhando-se na defesa do direito à habitação, na exigência da eliminação das portagens nas ex- SCUTS e na defesa da água pública e dos nossos rios.

O mesmo fez Amélia Barbeitos, referindo-se ao distrito de Viana do Castelo.

Nestes anos, o Partido também se mobilizou para que fosse criada uma rede de transportes públicos, rodoviário e ferroviário, de qualidade no distrito de Viana do Castelo, tendo realizado tribunas ou acções de contacto dentro do comboio.

De Viseu, Ricardo Brites também deu nota das múltiplas e importantes lutas travadas:

de que se destacam o abaixo-assinado pela reabertura dos museus municipais aos domingos e feriados em Viseu, a concentração no Centro de Saúde de Mangualde pelo alargamento do horário, o Buzinão e concentração pela contratação de mais médicos no SUB de São Pedro do Sul (…).





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