Ucrânia corta gás e agrava situação energética na UE
Após as consequências da imposição das sanções da UE ao petróleo e gás da Rússia, por decisão do Governo ucraniano o gás russo deixa de chegar através da Ucrânia a países europeus, como a Eslováquia, a Hungria ou a Áustria. Os grandes beneficiários continuarão a ser os EUA, que têm sido igualmente dos principais instigadores do conflito que se trava no Leste da Europa.
Os EUA são os principais beneficiários das sanções da UE à importação de petróleo e gás da Rússia
A medida imposta pelas autoridades ucranianas veio acentuar contradições existentes no próprio campo da NATO. O ministro do Interior da Eslováquia, Matus Shutai-Eshtok, acusou o governo da Ucrânia de atraiçoar o seu país com a decisão de interromper o trânsito de gás proveniente da Rússia. A interrupção do trânsito do gás russo foi uma manifestação de ingratidão da Ucrânia para a Eslováquia, afirmou o governante eslovaco, considerando que a Ucrânia esqueceu-se da assistência militar, humanitária e política que a Eslováquia lhe deu desde o começo do conflito com a Rússia.
As autoridades eslovacas calculam que os prejuízos causados pela decisão da Ucrânia ascendem a centenas de milhões de euros, tanto pela compra do gás mais caro a outro fornecedor como pela perda de receitas pelo trânsito a partir de outros países.
O primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, convidou os parceiros da sua coligação de governo a discutir medidas de represália contra Kiev.
O trânsito do gás russo através da Ucrânia para outros países europeus, como Eslováquia, Hungria e Áustria, tornou-se técnica e juridicamente impossível a partir de 1 de Janeiro, quando expiraram os acordos de transporte de combustível existentes entre Moscovo e Kiev, assinados em 30 de Dezembro de 2019.
Quem perde são os países que integram a UE
A União Europeia é quem mais perde com a decisão de Kiev de suspender o trânsito de gás pelo sistema de gasodutos que passa pela Ucrânia.
A Rússia, através da porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, María Zakharova, procurou deixar claro que os EUA, a UE e o governo ucraniano são os responsáveis pela paralisação do trânsito do gás russo através de território ucraniano: «Aclaramos que o governo de Kiev tomou a decisão de suspender a passagem do gás desde a Rússia para os habitantes dos países europeus, embora a companhia russa Gazprom tenha cumprido todos os seus compromissos contratuais.»
Zakharova salientou inclusivamente que a «paralisação dos fornecimentos de uma energia limpa do ponto de vista ecológico e com um preço favorável não só debilita o potencial económico da Europa mas também influi de forma muito negativa no nível de vida dos cidadãos europeus».
«O contexto político da decisão de Kiev pode ser facilmente visto. Os principais beneficiários da perturbação do mercado energético do Velho Continente serão os EUA, que também são os principais patrocinadores do conflito ucraniano», concluiu.