As lutas em unidade e com firmeza, na Veolia (Super Bock), na Atlânticoline e em centros de distribuição postal dos CTT, evoluíram para a convocação de greves. Só assim mudaram as posições patronais.
Na Atlânticoline – que assegura as ligações marítimas entre as ilhas açorianas de São Jorge, Pico e Faial –, uma greve de um mês, convocada em Dezembro, para ter início a 7 de Janeiro, foi desconvocada pelo SIMAMEVIP, tendo em conta os resultados de uma reunião com os representantes patronais, no dia 3.
O sindicato da FECTRANS/CGTP-IN e os trabalhadores contestaram o facto de a administração ter rompido acordos firmados em Abril, procurando, sob condições inaceitáveis, aumentar o número máximo de horas extraordinárias.
Na sexta-feira, na Direcção de Serviços do Trabalho do Governo Regional, a empresa aceitou suspender de imediato as negociações individuais com marinheiros e motoristas sobre isenção de horário de trabalho (que estava a fazer à margem da negociação colectiva e à revelia do Acordo de Empresa).
Nessa reunião, como a FECTRANS revelou no dia 6, a Atlânticoline comprometeu-se a apenas admitir pessoal para trabalho extraordinário, após esgotados todos os recursos com os seus efectivos e sempre com comunicação prévia ao sindicato. Ficou acordado iniciar em Outubro a negociação do novo AE e consultar o sindicato sempre que surjam dificuldades na aplicação e interpretação do AE.
«Com determinação e unidade em torno do SIMAMEVIP, os trabalhadores da Atlânticoline conseguiram, mais uma vez, obter resultados com a sua luta», comentou a federação.
Os trabalhadores da Veolia, que operam as centrais de energia e a ETAR e asseguram a manutenção de edifícios na Super Bock Bebidas, em Leça do Balio (Matosinhos), decidiram fazer greve no dia 6, segunda-feira.
Como referiu o SINTAB, ao anunciar a luta, no dia 2, «reclamam há demasiado tempo a correcção da sua escala de trabalho, de forma a que se cumpra a obrigatoriedade legal da introdução de um dia de folga entre mudanças de turno, o cumprimento do período normal de trabalho semanal de 40 horas e a impossibilidade de trabalhar mais de sete dias seguidos sem descanso».
Exigem igualmente aumentos salariais, de modo a ultrapassar a diferença de cerca de 50 por cento, em relação aos praticados em operações semelhantes da mesma empresa. Os seus salários «estão muito aquém» dos que auferiam os trabalhadores da Super Bock, antes da externalização daqueles serviços.
No dia 3, o sindicato da FESAHT/CGTP-IN anunciou que a greve fora suspensa, «por ter sido aberto, pela empresa, canal de diálogo e negociação do caderno reivindicativo». A Veolia pediu uma reunião com os representantes dos trabalhadores, na qual garantiu que tenciona corrigir todas as ilegalidades identificadas e iniciar negociações para melhorias de salários e condições de trabalho. Antes, como recordou o SINTAB, os patrões recusavam-se a reunir com o sindicato, não admitiam irregularidades nem queriam falar das reivindicações.
Para o sindicato, «este é um exemplo de como a organização dos trabalhadores é hoje, como sempre, preponderante na definição da força da sua luta e dos seus resultados».
Por melhores condições nos CTT
No final de Dezembro, a FECTRANS assinalou o alargamento das lutas de trabalhadores dos CTT, organizados no SNTCT, exigindo melhores condições de trabalho, com reflexo na prestação do serviço. Nas greves então anunciadas, para começarem no início deste ano, sobressaía a reclamação de horários adequados.
Nos centros de produção e logística Sul (Cabo Ruivo, Lisboa) e Norte (Maia), a greve estende-se até ao fim de Março, contra horários que prevejam intervalos superiores a 45 minutos ou uma hora.
No Centro de Distribuição Postal 2860, na Moita, a greve foi marcada para dias 2 e 3 de Janeiro, nas duas últimas horas do período de trabalho. Ao revelar que, em ambos os dias, a luta teve adesão total, a federação avisou que, caso os responsáveis dos CTT continuassem a ignorar as reivindicações dos trabalhadores, seria concretizada greve durante toda a semana de 6 a 10 de Janeiro.
Afinal, «não foi necessário cumprir com os restantes cinco dias de greve, porque houve respostas à maioria das reivindicações» e ainda o compromisso de resolver a revisão dos giros até ao fim do mês, revelou anteontem, dia 7, a FECTRANS.
Também aos trabalhadores do CDP de Figueiró dos Vinhos (que inclui Pampilhosa da Serra) a empresa veio garantir, no dia 3, que tomará medidas para melhorar as instalações e reforçar as equipas de trabalho. A FECTRANS lembrou as greves ali realizadas de 18 a 20 de Dezembro e sublinhou que, «mais uma vez se comprova que, quando os trabalhadores se unem e lutam, é possível alcançar resultados».