AFIRMAR O DIREITO A UMA VIDA MELHOR!

«É pre­ciso mudar de po­lí­tica»

Agravam-se as in­jus­tiças e de­si­gual­dades so­ciais re­sul­tantes das op­ções po­lí­ticas de di­reita de PSD e CDS, dos seus su­ce­dâ­neos do Chega e IL, mas também do PS que, nas ques­tões es­sen­ciais, nunca falha à de­fesa dos in­te­resses dos grupos eco­nó­micos.

E, en­quanto os grupos eco­nó­micos acu­mulam lu­cros bru­tais, a imensa mai­oria do povo por­tu­guês con­fronta-se com os baixos sa­lá­rios e pen­sões, di­fi­cul­dades de acesso à ha­bi­tação, de­gra­dação dos ser­viços pú­blicos com par­ti­cular in­ci­dência no pro­cesso em curso de des­man­te­la­mento do SNS.

Uma si­tu­ação que o Go­verno quer agravar, pre­pa­rando novas pri­va­ti­za­ções e ata­ques à Se­gu­rança So­cial pú­blica, à es­cola pú­blica, ao SNS e à le­gis­lação la­boral, ao mesmo tempo que de­sen­volve uma po­de­rosa ope­ração para alargar e pro­jectar ideias e ex­pres­sões re­ac­ci­o­ná­rias, que se ma­ni­festa em di­versas frentes, desde logo contra a IVG, mas também a pro­pó­sito dos imi­grantes, ten­tando en­con­trar «bodes ex­pi­a­tó­rios», di­vidir os tra­ba­lha­dores edes­viar as aten­ções dos pro­blemas es­tru­tu­rais que os atin­geme des­res­pon­sa­bi­li­zara po­lí­tica de di­reita que está na sua origem.

Foi neste con­texto que se re­a­lizou no pas­sado sá­bado em Lis­boaa acção «não nos en­costem à pa­rede». Foi uma acção com uma sig­ni­fi­ca­tiva par­ti­ci­pação a co­locar a questão da ne­ces­si­dade de as­se­gurar a con­cre­ti­zação dos va­lores de Abril, do cum­pri­mento da Cons­ti­tuição, da luta contra as de­si­gual­dades, o ra­cismo e a xe­no­fobia. Uma acção que serviu também para de­nun­ciar a ins­tru­men­ta­li­zação das forças po­li­ciais para ob­jec­tivos e pro­jectos re­ac­ci­o­ná­rios.

De facto, a questão da se­gu­rança, a que quer po­pu­la­ções quer as forças po­li­ciais têm di­reito, as­se­gura-se com po­lí­ticas que re­solvam os pro­blemas so­ciais e pro­fis­si­o­nais que as afectam, com uma po­lícia de pro­xi­mi­dade, numa acção pre­ven­tiva, no res­peito pela Cons­ti­tuição e o re­gime de­mo­crá­tico.

Neste quadro, as­sume sig­ni­fi­cado par­ti­cular a acção na­ci­onal «au­mentar sa­lá­rios e pen­sões. Para uma vida me­lhor» que o PCP de­sen­volve por todo o País e que teve, an­te­ontem, uma jor­nada na­ci­onal com mais de du­zentas e cin­quenta ini­ci­a­tivas de con­tacto com os tra­ba­lha­dores e as po­pu­la­ções e a re­colha de mi­lhares de as­si­na­turas, a re­clamar o au­mento de todos os sa­lá­rios bem como o au­mento das pen­sões a de­fesa e va­lo­ri­zação do SNS e a ga­rantia de creche e pré-es­colar gra­tuito para todas as cri­anças.

Foi no âm­bito desta ini­ci­a­tiva que o Se­cre­tário-Geral do PCP, que par­ti­cipou an­te­ontem numa acção de con­tacto com os tra­ba­lha­dores e utentes do Hos­pital Dis­trital de San­tarém, va­lo­rizou esta acção e su­bli­nhou a sua im­por­tância no quadro do com­bate que os tra­ba­lha­dores e o povo – com a de­ter­mi­nante ini­ci­a­tiva e in­ter­venção do PCP – travam para uma vida me­lhor.

Desen­volve-se a luta dos tra­ba­lha­dores e do povo pela re­so­lução dos seus pro­blemas, pelo au­mento dos seus sa­lá­rios e das pen­sões, para de­fender e va­lo­rizar o SNS e re­solver os pro­blemas da es­cola pú­blica, pelo di­reito à creche e pré-es­colar gra­tuitos e a con­cre­ti­zação do di­reito à ha­bi­tação.

Uma luta que se ex­pres­sará na ma­ni­fes­tação pela paz, no pró­ximo sá­bado, em Lisboa, im­por­tante acção de massas de de­núncia dos ob­jec­tivos do ca­pital ao pro­mover a guerra, com todos os pe­rigos que dela de­correm: o rasto de des­truição e de morte que gera, mas também a con­cen­tração de ri­queza nas mãos dos que fazem dela im­por­tante área de ne­gócio, ao mesmo tempo que sa­cri­fica vidas e obriga a in­ves­ti­mentos co­los­sais, à custa da de­gra­dação dos sa­lá­rios, car­reiras e con­di­ções de tra­balho, do ataque aos ser­viços pú­blicos e do de­sin­ves­ti­mento nas fun­ções so­ciais do Es­tado. É uma acção que re­quer o en­vol­vi­mento de todos os de­mo­cratas e de­fen­sores da paz, na sua di­vul­gação e na mo­bi­li­zação para uma causa e ob­jec­tivos que se alargam, re­jei­tando que seja o povo a su­portar com os seus sa­lá­rios, pen­sões ou ser­viços pú­blicos, os lu­cros do com­plexo mi­litar-in­dus­trial, que tudo faz para pro­mover e es­calar a guerra.

Luta tanto mais pre­mente, quando se as­siste a de­sen­vol­vi­mentos pre­o­cu­pantes na si­tu­ação in­ter­na­ci­onal, par­ti­cu­lar­mente a partir de po­si­ci­o­na­mentos da ad­mi­nis­tração norte-ame­ri­cana, de apro­fun­da­mento da tensão, in­ge­rência e de­ses­ta­bi­li­zação, como forma de tentar con­tra­riar o de­clínio re­la­tivo dos EUA e afirmar a sua su­pre­macia, desde logo con­tando com a su­bor­di­nação dos seus ali­ados.

Foi, de facto, num clima de forte pressão do im­pe­ri­a­lismo e seus ser­ven­tuá­rios que as­sis­timos, nesta úl­tima se­mana, à to­mada de posse de Ni­colás Ma­duro, como Pre­si­dente da Re­pú­blica Bo­li­va­riana da Ve­ne­zuela, num quadro de grande e com­ba­tivo mo­vi­mento de massas de apoio ao pro­cesso bo­li­va­riano e de forte ex­pressão de so­li­da­ri­e­dade in­ter­na­ci­onal, assim como à to­mada de posse dos de­pu­tados da As­sem­bleia da Re­pú­blica de Mo­çam­bique e de Da­niel Chapo como Pre­si­dente da Re­pú­blica da­quele País, anun­ciada para ontem.

Face à si­tu­ação que vi­vemos, é pre­ciso in­ten­si­ficar a luta e tomar a ini­ci­a­tiva, exi­gindo uma outra po­lí­tica ins­pi­rada nos va­lores de Abril, que dê res­posta aos pro­blemas con­cretos, res­peite e faça cum­prir a Cons­ti­tuição e dê cen­tra­li­dade à va­lo­ri­zação do tra­balho e dos tra­ba­lha­dores.