Israel reforça agressão ao povo palestiniano

Israel encerrou as passagens fronteiriças, cortou o fornecimento de electricidade e ameaça fechar as fontes de água potável para a Faixa de Gaza, impondo de novo um desumano e cruel bloqueio sobre mais de 2 milhões de palestinianos. Na Cisjordânia, os ataques militares israelitas em curso há quase dois meses já provocaram o êxodo de mais de 40 mil pessoas.

Israel procura forçar intercâmbio de prisioneiros sem aceitar discutir o fim da agressão

LUSA

Desrespeitando a acordo firmado com a resistência palestiniana, Israel, que conta com o apoio dos EUA, está a impulsionar o bloqueio à população palestiniana na Faixa de Gaza, tentando forçar o intercâmbio de prisioneiros sem aceitar discutir o fim da agressão. Neste sentido, o governo israelita ordenou no domingo, 9, o corte imediato do fornecimento de energia eléctrica ao território, totalmente devastado, onde vivem mais de dois milhões de pessoas.

Como consequência do corte, está ameaçada a única central de dessalinização que ainda se encontra operacional. A estrutura, localizada na cidade de Deir el-Balah, presta serviços a meio milhão de pessoas. A central continua ainda em funcionamento devido a reservas de combustível, mas estas podem acabar a qualquer momento devido ao encerramento das passagens fronteiriças imposto por Israel.

Os palestinianos em Gaza fazem filas durante horas nas padarias, perante a falta de alimentos, após a decisão de Israel de impedir, desde 2 de Março, a entrada no território de toda a ajuda humanitária à população, isto em pleno Ramadão, o mês sagrado para os muçulmanos.

Israel quer fazer depender a extensão do cessar-fogo apenas da troca de prisioneiros, mas a resistência palestiniana exige o cumprimento do acordo estabelecido, que entre outros cruciais aspectos inclui a retirada das forças militares israelitas da Faixa de Gaza, o retorno dos palestinianos às suas localidades, o acesso incondicional da ajuda humanitária, o fim da agressão israelita, a reconstrução da Faixa de Gaza e o cumprimento da solução política para o conflito.

Esta semana, decorrem em Doha, no Catar, conversações entre representantes do governo israelita e da resistência palestiniana, com a participação de mediadores dos EUA, Catar e Egipto.O enviado dos EUA para o Médio Oriente, Steve Witkoff, propôs estender a primeira fase do cessar-fogo por outros 42 dias, período durante o qual seriam trocados prisioneiros israelitas e palestinianos, mas sem que se verificassem avanços quanto aos outros aspectos contidos no acordo firmado entre as partes.

Impedida entrada de auxílio médico
As autoridades de saúde da Faixa de Gaza condenaram a recusa de Israel de permitir a entrada de ajuda médica no território desde há quase duas semanas. Um porta-voz dos serviços de saúde no território advertiu que o actual bloqueio implica um grande perigo para a vida dos doentes e feridos. Durante o primeiro período do cessar-fogo de seis semanas, entre 19 de Janeiro e 2 de Março, Israel permitiu o ingresso de suprimentos que cobriram apenas 15 por cento das necessidades.

Cerca de 25 mil doentes e feridos na Faixa de Gaza necessitam de tratamento no estrangeiro, mas Israel só permitiu a saída de 1150 pacientes, número menor do que os acordados 200 doentes por dia.

O Programa Alimentar Mundial indicou que as reservas de alimentos na Faixa de Gaza são insuficientes para satisfazer as necessidades dos seus habitantes. As reservas nos armazéns só permitirão o funcionamento das padarias e cozinhas do território durante menos de duas semanas.

Ataques prosseguem na Cisjordânia
O exército israelita prendeu na segunda-feira, 10, mais 17 palestinianos durante os seus ataques a localidades e campos de refugiados da Cisjordânia, que têm lugar desde Janeiro passado. As detenções foram efectuadas em diversos pontos da Margem Ocidental, no decorrer de assaltos a povoados e incursões em habitações nos campos de refugiados palestinianos.

As forças ocupantes israelitas lançaram há mais de 50 dias uma ofensiva militar contra a cidade de Jenin e o vizinho campo de refugiados, ataque que depois de estendeu a outras zonas da Cisjordânia.

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA) acusou recentemente as tropas de Israel de expulsar os palestinianos dos campos de refugiados de Jenin, Tulkarem e Nur Shams, depois de causar a destruição generalizada das infraestruturas aí existentes, incluindo a demolição de habitações.

 



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