Recursos, para quem e para quê?
Questionado directamente pelo Secretário-Geral do PCP, num dos primeiros debates com este Governo na AR sobre a necessidade de aumentar os salários e as pensões, o primeiro-ministro respondeu com outra questão: e os recursos? Onde estão os recursos?.
Ora, ao contrário do que o PM quis insinuar, o que a realidade mostra é que o problema não está na falta de recursos. Está, antes, na sua injusta distribuição. Está no fim a que os mesmos estão a ser destinados. É só ver os colossais lucros dos grupos económicos, como ainda esta semana ficou demonstrado na divulgação dos lucros do Novo Banco, em 2024 – 744,6 milhões de euros, os mais elevados da sua história – ou, há poucos dias, nos lucros da GALP: 961 milhões de euros, só no último ano.
Ainda a comprovar que não passa de uma falácia a alegada falta de recursos está a notícia que no passado dia 3 de Março o jornal Público divulgava, referindo que «Portugal será chamado a contribuir com pelo menos 300 milhões de euros para um novo pacote adicional de apoio militar à Ucrânia no valor de 20 mil milhões de euros que está a ser desenhado em Bruxelas». Refere o jornal que Portugal “fará parte” do acordo com o apoio militar à Ucrânia com o contributo de 300 milhões de euros. E acrescenta que esse contributo português poderá mesmo chegar aos 450 milhões de euros.
Não há recursos? Há, sim, mas não para salários e pensões ou para assegurar as funções sociais do Estado. Há recursos, e muitos, desde que se destinem à acumulação dos lucros brutais pelos grupos económicos, ou às armas que engrossam fortunas, armas que causam a destruição e a morte em todos as partes do mundo onde o imperialismo entenda desencadear ou instigar conflitos e guerras para impor a sua rapina.
Sim, há recursos e são produzidos pelos trabalhadores. Será assim tão descabido exigir que, nessa distribuição, sejam estes a ter a parte mais substantiva, reflectida no aumento dos salários e das pensões?
É isso que os trabalhadores reclamam quando desenvolvem, como está a acontecer, uma luta sem tréguas. Luta que é necessária e é preciso intensificar.