- Nº 2677 (2025/03/20)

Almoço Alentejo celebra em força 104 anos do Partido

PCP

O multiusos de Arraiolos acolheu, no domingo, cerca de 800 militantes e amigos do PCP no Almoço Alentejo, este ano, comemorativo do 104.º aniversário do Partido, no qual participou o Secretário-Geral, Paulo Raimundo.

«Aqui está o PCP, o partido dos trabalhadores e do povo, da democracia e do socialismo, com a força, a capacidade, a resistência e a coragem. Com a confiança e a razão do nosso lado, vamos à luta, porque a luta vale a pena!», declarou Paulo Raimundo, na intervenção de encerramento do almoço.

O Secretário-Geral referiu que a luta que é preciso travar, contra as opções políticas erradas e de subserviência aos interesses do grande capital, «é agora, não é para deixar para depois das eleições», pois só a luta «pode determinar a vida melhor a que todos temos direito».

Opções do Governo são «uma vergonha»
«Os interesses de uma pequena minoria não podem determinar a vida da maioria», afirmou, referindo que os grupos económicos não podem dispor da vida «de quem trabalha, de quem trabalhou uma vida inteira, da juventude – do nosso País».

No entanto, não é esse o caminho que foi seguido por sucessivos governos e, muito menos, pelo actual Executivo, demissionário, que, nos últimos 11 meses, olhou «para cada problema e dificuldade como mais uma oportunidade de negócio».

Assim foi, frisou, no assalto à Segurança Social pública e universal, na tentativa de agravar ainda mais a legislação laboral, ou na continuada «onda assustadora e dramática de desmantelamento do SNS».

Quanto a este último assunto, o dirigente comunista lembrou a recente decisão do Executivo de transformar quase 20 por cento dos centros de saúde em PPP, assinalando que «aquilo que o Governo fez, na vigésima quinta hora, antes de sair, é uma vergonha».

Recursos roubados para a guerra
Paulo Raimundo destacou, igualmente, a importância de se continuar a lutar pela paz, particularmente num mundo onde, perante contradições, as potências europeias instigam a continuação da guerra.

Mas, assegurou, não é a UE a única responsável pelo actual pendor belicista da situação internacional. «Os posicionamentos da reaccionária administração Trump», nomeadamente em relação à Ucrânia, «não têm nada a ver com a paz», assinalou.

«Roubam recursos para a saúde, educação, habitação, pensões e salários, [necessários] para responder ao problema dos mais de 90 milhões de pobres na UE», afirmou, destacando que «para isso não há dinheiro», enquanto «para a guerra, para a destruição, para a morte, não há limite para os gastos».

Trabalho, honestidade, competência
O Secretário-Geral vincou, ainda, a importância da preparação das batalhas eleitorais que se aproximam – legislativas e autárquicas – nas quais a CDU continuará a actuar como uma «ampla frente unitária e popular».

Em relação às eleições autárquicas, Paulo Raimundo recordou a centralidade da «marca» da Coligação PCP-PEV, que, mais do que um mero slogan, é um compromisso com as populações: «trabalho, honestidade, competência».

O dirigente comunista realçou, também, que, ao contrário de outros, «ninguém está [na CDU] para se servir das populações. Estamos aqui para servir as populações».

Desenvolver o Alentejo
Vindos de todas as regiões alentejanas – Évora, Beja, Portalegre e Litoral Alentejano –, os militantes e amigos do Partido comemoraram, em força, o 104.º aniversário do PCP. Numa sala decorada com faixas e bandeiras vermelhas, pendões em celebração dos 50 anos da Reforma Agrária, e uma exposição sobre o cinquentenário da Revolução de Abril, o Almoço Alentejo foi espaço de alegria, confraternização, amizade e, acima de tudo, muita luta e combatividade.

Numa primeira intervenção, Sílvia Pinto, presidente da Câmara Municipal de Arraiolos, deu ênfase ao concelho no qual é eleita e onde, «desde as primeiras eleições autárquicas, o PCP e a CDU têm tido a confiança do povo» para dirigir os destinos do Município.

A edil reforçou, ainda, a importância de continuar a servir os trabalhadores, o povo e o País – papel que os comunistas cumprem há 104 anos – e, em particular, as populações de «um concelho com fortes tradições de luta» como é Arraiolos.

Esta intervenção, destacou, implica a continuada aposta no poder local democrático e nos serviços públicos, bem como encontrar espaços, como foi o almoço, «de reforço do Partido».

Seguiu-se Patrícia Machado, da Comissão Política e do Executivo da Direcção Regional do Alentejo (DRA), que realçou a «inabalável confiança» dos comunistas na sua intervenção em defesa da região e do País.

A dirigente frisou que o PCP tem a «certeza que ao Alentejo e às suas gentes pertence um futuro de desenvolvimento», e não um futuro «votado ao abandono e à mercê da rapina dos grupos económicos».

No entanto, reforçou, esse futuro só pode ser alcançado se se romper com «sucessivas opções políticas» que têm transformado «negativamente a realidade de quem vive e trabalha» na região. E são muitas as reivindicações das populações alentejanas, enumeradas por Patrícia Machado, desde a construção do Hospital Central do Alentejo, às «obras prometidas nas escolas», ao fim dos ataques, da parte do Governo, a «projectos tão importantes para a região como [Évora] Capital Europeia da Cultura», ou a «uma nova política agrícola, assente numa nova reforma agrária».

A dirigente vincou, ainda, a importância da acção do Partido na região, anunciando que, em todo o Alentejo, já foram recolhidas 13000 assinaturas no âmbito da acção nacional Aumentar Salários e Pensões.

Além dos intervenientes, estiveram na mesa: Pedro Fialho, dirigente da JCP, que apresentou; Ângelo Alves, da Comissão Política e responsável pela DRA; Manuela Pinto Ângelo, do Secretariado do CC; e outros militantes do PCP e da JCP na região.

A iniciativa foi, antes do período de intervenções, animada pela música de Duarte, que cantou (acompanhado da sua guitarra) diversas canções, entre as quais cantares tradicionais do Alentejo, e declamou um poema, da sua autoria, sobre a actual situação política nacional, no qual criticou o primeiro-ministro demissionário.