- Nº 2679 (2025/04/3)

Argentina saiu às ruas para dizer «nunca mais!»

Internacional

Centenas de milhares de manifestantes encheram a emblemática Praça de Maio, em Buenos Aires, no Dia da Memória, Verdade e Justiça, 24 de Março. Na Argentina, a data recorda o início da ditadura militar, durante a qual milhares de pessoas foram presas, torturadas e assassinadas. Muitas delas ficaram desaparecidas.



Na Argentina, o 49.º aniversário do golpe de Estado militar que abriu caminho para uma das ditaduras mais sangrentas da América do Sul foi assinalado, como acontece todos os anos, a 24 de Março, Dia da Memória, Verdade e Justiça. No centro da capital, pessoas de todas as idades, famílias inteiras, organizações políticas, sindicais, estudantis, entre outras organizações sociais, participaram numa das maiores mobilizações populares dos últimos tempos, exigindo memória, verdade e justiça e rejeitando o governo de Milei e as suas políticas neoliberais.

A presidente das Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, de 94 anos de idade, lembrou que quase meio século desde o golpe de Estado continua a haver mais de 300 filhos de mulheres desaparecidas que foram raptados ao nascer pelos militares golpistas de extrema-direita fascista e cuja identidade nunca foi recuperada. «Não esquecemos, não perdoamos e não nos reconciliamos», afirmou a veterana activista, uma referência na luta pelos direitos humanos no país sul-americano.

A manifestação deste ano foi marcada pela larga oposição ao actual governo. O presidente Xavier Milei, de extrema-direita, tem procurado falsificar a história, contestando, entre outros aspectos, o número de 30 mil desaparecidos durante a feroz ditadura militar.

A resposta popular, este ano, foi contundente: pela primeira vez em quase duas décadas, todos os manifestantes confluíram numa só mobilização, ao contrário dos actos em anos anteriores, em que os partidos de esquerda e as organizações peronistas assinalaram o 24 de Março em iniciativas distintas.