Filho de um veterinário rural, Émile Chartier nasceu em Mortagne-au-Perche, na região francesa de Orne, e cedo se revela um aluno brilhante, o que lhe vale uma bolsa para prosseguir os estudos secundários. Frequenta o liceu Michelet em Vanves, perto de Paris, onde descobre a Filosofia graças ao seu professor Jules Lagneau, um filósofo desaparecido precocemente sem deixar obra escrita. Aos 21 anos ingressa na prestigiada École Normale Supérieure, em Paris, e um ano mais tarde é admitido na associação de filosofia. Lecciona em vários liceus até ser colocado na conceituada classe superior do Liceu Henri IV, cargo que ocupa até à reforma, em 1933. Não chega a frequentar a Universidade. Émile Chartier, que adopta o pseudónimo de Alain, nome pelo qual ficará conhecido, cultiva uma forma de escrita original, a Proposição, caracterizada por textos curtos, situados entre a literatura e a filosofia. Este Platão da actualidade é em certa medida subestimado pelos contemporâneos que consideram o seu pensamento «fácil», ou pouco profundo, e ignoram os seus textos políticos. Alain intervém activamente no caso Dreyfus, advogando a necessidade de defesa dos direitos do indivíduo e da sociedade laica e republicana, dos fracos contra os poderosos, do povo contra as elites.