- Nº 2679 (2025/04/3)

CPPC debateu caminhos da paz e da solidariedade

Nacional

O CPPC promoveu no sábado, 29, três iniciativas em Lisboa: a 52.ª Assembleia da Paz, uma conferência integrada na Campanha de Solidariedade com Cuba e uma homenagem ao presidente da mesa da assembleia, o militar de Abril José Baptista Alves.


Realizadas no auditório da CGTP-IN, as acções do CPPC possibilitaram o aprofundamento do conhecimento acerca de muitas das ameaças que estão hoje colocadas à paz e aos direitos dos povos e do debate sobre os caminhos para reforçar o movimento da paz em Portugal.

Na assembleia, a primeira das três iniciativas, esteve em análise a intervenção realizada em 2024 («intensa» e «notável» foram algumas das expressões utilizadas para a caracterizar), que abrangeu praticamente todo o País, múltiplas expressões – de concertos e sessões em escolas até manifestações – e diversas reivindicações: o fim da guerra e da confrontação, o desarmamento e a dissolução dos blocos-político militares, a solidariedade com os povos vítimas da guerra militar ou económica, como a Palestina, Cuba, Venezuela, etc.

Analisando a intervenção passada e projectando-a no futuro, realçou-se a importância de ligar a luta pela paz à luta dos trabalhadores e do povo pelos seus direitos e condições de vida e a necessidade de alargar a convergência e as parcerias com diferentes organizações e entidades: o IV Encontro pela Paz, que terá lugar no Seixal a 31 de Maio, é um bom exemplo disto mesmo, ao ser promovido por 13 organizações de diversas áreas de intervenção.

Presente na assembleia, Frederico de Carvalho (membro da Presidência do CPPC e dirigente da Organização dos Trabalhadores Científicos) interveio sobre o dito «plano de rearmamento da Europa», integrando-o em décadas de submissão aos EUA e no favorecimento da indústria do armamento. Citou, a propósito, o escritor moçambicano Mia Couto: «Para fabricar armas é preciso fabricar inimigos. Para produzir inimigos é imperioso sustentar fantasmas.»

Solidariedade com quem é solidário
Na sessão de solidariedade, dirigida pelo vice-presidente do CPPC, Rui Garcia, intervieram Laura Chacón e Ariel Montenegro, da embaixada de Cuba em Portugal, e a presidente da Associação de Amizade Portugal-Cuba (AAPC), Sandra Pereira. Nas várias intervenções denunciou-se a crueldade do bloqueio (que, por exemplo, privou o país de ventiladores pulmonares no período mais intenso da pandemia de COVID-19) e a resposta de Cuba para defender a sua Revolução: a educação, garantiu um dos cubanos, tem-se relevado uma das mais eficazes.

Apesar de ser um país pequeno, com poucos recursos e cercado e ameaçado pela mais poderosa potência económica e militar do mundo, Cuba mantém um vasto conjunto de direitos sociais universais e de qualidade e apoia com profissionais de saúde, vacinas e tratamentos vários países e povos do mundo. Não espanta, pois, que ao agradecimento dos diplomatas cubanos à realização daquela iniciativa se tenha respondido com o agradecimento a Cuba pelo seu exemplo e pela solidariedade que presta aos povos do mundo.

Para se ter noção do que representa o bloqueio para a vida dos cubanos, foram adiantados números reveladores: o custo de 15 minutos de bloqueio é equivalente ao financiamento necessário para cobrir a procura de aparelhos auditivos para crianças e adolescentes com deficiência que estudam no sistema de ensino especial do país; meia hora de bloqueio é equivalente ao custo das cadeiras de rodas eléctricas e convencionais necessárias para satisfazer as necessidades do sistema de ensino especial; 25 dias de bloqueio dava para cumprir os requisitos da Lista Nacional de Medicamentos Essenciais durante um ano.

Sandra Pereira referiu-se à campanha de solidariedade, lembrando que para lá «das contribuições financeiras (há um NIB e há materiais à venda para recolha de fundos), queremos recolher material escolar, brinquedos, medicamentos e material hospitalar, bem como equipamentos geriátricos, que possam depois ser enviados para Cuba». No âmbito da campanha, acrescentou, serão dinamizadas várias iniciativas – desde debates à projecção de filmes e documentários, exposições, sessões culturais, participação em feiras e eventos. «Acreditamos que, com esta solidariedade, Cuba estará em melhor posição para enfrentar e ultrapassar os efeitos do bloqueio que lhe é imposto há mais de seis décadas», acrescentou.

Homenagem e confiança
A jornada terminou com a homenagem a José Baptista Alves, presidente da mesa da Assembleia da Paz, que nesse mesmo dia cumpria 82 anos. Destacou-se o seu percurso de vida e de intervenção, que o levaram à guerra em Angola, ao Movimento das Forças Armadas e, após a Revolução, ao Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL), empenhado na resposta às carências habitacionais herdadas do fascismo.

Fundador da Associação 25 de Abril, da Associação dos Oficiais das Forças Armadas e da Associação Conquistas da Revolução, foi vereador da CDU em Sintra (como independente) e é um empenhado militante da causa da paz, do desarmamento e da solidariedade. José Baptista Alves, que recebeu várias lembranças, destacou os desafios que estão colocados aos defensores da paz, confessando-se «ainda mais confiante» na sequência das iniciativas realizadas ao longo do dia.