- Nº 2680 (2025/04/10)

Opções ao serviço dos privados na origem dos problemas do SNS

Nacional

O desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde está a ser combatido em todo o País por trabalhadores e utentes, pelas organizações do PCP e pelas comissões da CDU, que denunciam retrocessos e apelam à mobilização popular.

As mulheres grávidas estão a enfrentar «fortes constrangimentos» no acesso ao Centro Hospitalar do Baixo Vouga, em Aveiro, que não garante a primeira consulta obstétrica pré-natal, nem a realização da ecografia obstétrica do primeiro trimestre, assegurando apenas o rastreio bioquímico, denuncia a Coligação PCP-PEV em nota de imprensa, onde dá a conhecer que a Unidade Local de Saúde de Aveiro «enviou uma orientação aos seus centros de saúde para que às utentes grávidas seja passada a credencial para a realização da ecografia obstétrica do primeiro trimestre no privado».

«Esta situação é tanto mais grave quando se sabe que a única clínica com convenção com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) se situa em Coimbra e, naturalmente, com enormes filas de espera. Aquelas que não encontrem ali vaga terão que pagar 140 euros, se puderem, para a realização desta ecografia», critica a CDU.

Em relação à consulta obstétrica do primeiro trimestre nenhuma alternativa foi dada. «O caminho seguido por opção política (e não por qualquer outra razão) pelo PSD, CDS, PS, IL e CH tem sido o da fragilização e subfinanciamento do SNS», assim como da «desvalorização dos profissionais» e do «garrote do Ministério das Finanças», numa «preocupante e crescente transferência de dinheiros públicos, valências e serviços para os grupos económicos privados», considera a Coligação PCP-PEV.

Rejeitar PPP na Amadora
Para ontem, ao final do dia, estava agendado o protesto «Em defesa do SNS, rejeitar as PPP», junto ao Centro de Saúde da Amadora. A acção, promovida pela Comissão Concelhia da Amadora do PCP, teve como objectivo a defesa do SNS, rejeitar o regresso à gestão do Hospital Amadora-Sintra através de uma parceria público-privada (PPP), pela melhoria e investimento público no SNS. Anunciada estava também a presença de João Pimenta Lopes, do Comité Central do PCP e candidato da CDU a presidente da Câmara Municipal.

«Está bem viva na memória dos amadorenses a desgraça que foi a anterior gestão PPP do Hospital Amadora-Sintra», refere o PCP em nota de imprensa, salientando que as PPP «não servem as populações», antes «as grandes empresas que lucram com a doença». «Uma gestão privada visa o lucro, olha ao investimento na saúde como uma despesa, levando a uma pressão sobre os profissionais para restringirem diagnósticos e tratamentos. A intenção de retomar as PPP na ULS Amadora-Sintra significa que todos os serviços de saúde dos concelhos da Amadora e de Sintra poderão passar a ser geridos por uma entidade privada – incluindo o novo Hospital de Sintra», acrescenta o Partido.

No concelho de Amadora mais de metade dos habitantes não têm acesso a médico nem enfermeiro de família, uma situação que se arrasta há vários anos. Simultaneamente, os centros de saúde e as USF continuam sub-dimensionadas e não dão a resposta necessária à população, seja por degradação ou défice das infra-estruturas, sejam pelo insuficiente número de profissionais de saúde. Uma «situação determinada por décadas de opções políticas de governos PS, PSD e CDS, contando com o apoio da IL e CH, de desinvestimento no SNS, e que tem como consequência o aumento da pressão sobre o serviço de urgência do Hospital Amadora-Sintra, deteriorando o seu normal funcionamento, com momentos de grande afluência em que os tempos de espera para consulta urgente ultrapassam as 10 horas, tendo chegado inclusive a ultrapassar as 30 e 70 horas, nos meses do Inverno», apontam os comunistas.

Sintra: 90% sem médico de família
No dia 1 de Abril, a Comissão de Utentes do Concelho de Sintra realizou uma acção junto ao Centro de Saúde do Olival, no Cacém, onde 90 por cento dos utentes inscritos não tem médico de família. Segundo a Comissão, o Hospital Amadora-Sintra também não é solução, uma vez que foi criado para servir 350 mil utentes e que hoje tem mais de 550 mil. A iniciativa contou com a participação de Pedro Ventura, vereador e candidato da CDU a presidente da Câmara Municipal de Sintra.

Entretanto, para o dia 12 de Abril está anunciada uma marcha, às 11h00, em Algueirão Mem-Martins.