O PCP inaugurou, no dia 6, no Ateneu Artístico Vilafranquense (AAV), uma exposição sobre a vida e a intervenção política de Octávio Pato. Dezenas de familiares, amigos e camaradas participaram naquela que foi a segunda iniciativa das comemorações do Centenário do nascimento do dirigente comunista.
A exposição foi inaugurada nem uma semana após a sessão evocativa a Octávio Pato realizada, no dia 1, na Casa do Alentejo, que reuniu largas dezenas de pessoas. Apesar de formas e conteúdos diferentes, o objectivo de ambas as iniciativas foi semelhante: dar a conhecer a vida, o legado e a densa e dedicada intervenção política do resistente antifascista e destacado dirigente comunista.
Patentes até dia 13 no átrio do Ateneu Artístico Vilafranquense (AAV), os painéis que integram a exposição abordam diferentes temáticas da vida de Octávio Pato – a sua vida de luta pela liberdade, sempre ao lado dos trabalhadores e do povo; a sua intensa actividade em múltiplas frentes de acção, do Partido ao movimento associativo; o seu trabalho junto da juventude, com destaque para o trabalho que desenvolveu junto do MUD Juvenil; a sua vida na clandestinidade e a repressão e tortura que enfrentou; o seu papel na Revolução de Abril; a defesa intransigente do progresso social, do regime democrático; o seu compromisso de uma vida inteira com o PCP e a sua causa libertadora e revolucionária.
Tanto em Vila Franca de Xira, no dia 6, como na Casa do Alentejo, na semana anterior, foram entregues brochuras alusivas ao centenário de Octávio Pato que espelham o exacto conteúdo da exposição.
No dia 12, pelas 15h30, será descerrada uma placa evocativa desta efeméride na Rua Octávio Pato, em Vila Franca de Xira, momento a se seguirá um desfile até ao Largo da Câmara Municipal.
Porquê no Ateneu?
Porquê em Vila Franca de Xira e porquê no Ateneu? Estando presentes na sessão o presidente da Direcção, José Luís Ferreira, e David Fernandes, presidente da Assembleia Geral do AAV, foi este que, ao usar da palavra, explicou: «talvez não se tenha muita noção, mas percorrer os olhos pelos livros antigos desta casa permite perceber a dimensão da ligação da família Pato ao ateneu». É conhecida a ligação de Carlos Pato (irmão de Octávio) ao AVV, de que foi presidente da Assembleia Geral e da direcção, mas, de acordo com o dirigente vilafranquense, nas listas de sócios do ateneu estão cerca de dez pessoas da mesma família. «Carlos Pato teve este papel num momento em que existiam muitos desafios para quem procurava servir a população através do associativismo», contou.
Já o registo de Octávio Pato «faz dele o sócio número 820 e, depois, 177», quando se inscreveu em 1942. Apesar de por um período mais curto, também ele pertenceu aos corpos gerentes do AAV, no que hoje equivaleria ao Conselho Fiscal. «Ele [Octávio Pato] está em plena vida associativa quando se preparam as greves de 1944», referiu também David Fernandes.
A esta ligação ao movimento associativo vilafranquense, acresce, evidentemente, a naturalidade de Octávio Pato: nascido a 1 de Abril de 1925, em São João dos Montes, Vila Franca de Xira.
Vida incansável
Das quase seis décadas de militância comunista e demais intervenção política e social de Octávio Pato, falou José Capucho, membro dos organismos executivos do Comité Central do PCP. «Aqui nasceu, cresceu, começou a trabalhar. Aqui, onde formou a sua consciência social e política», referiu o dirigente, recordando o primeiro passo na vida política do homenageado – a sua entrada para a Federação das Juventudes Comunistas, aos 15 anos de idade, já como resultado de uma intensa actividade associativa e social com outros jovens.
José Capucho recordou, igualmente, o exemplo de militante e de dirigente comunista que foi Octávio Pato e a importância de dar a conhecer o seu legado às mais novas gerações, pelo que este comporta de força para a resistência e de inabalável confiança no futuro.
Na iniciativa apresentada por Catarina Arrojado, houve ainda momento para um breve apontamento de poesia. Retrato de frente e de perfil, da autoria de Mário Dionísio, foi um dos poemas trazido por António Nabais.