- Nº 2681 (2025/04/17)

Greve na Argentina contra neoliberalismo

Internacional

As três principais centrais sindicais argentinas promoveram no dia 10, em Buenos Aires, uma participada greve geral contra as políticas neoliberais do governo de extrema-direita de Milei.


Esta foi a terceira greve geral convocada pelas maiores organizações sindicais da Argentina durante o mandato do presidente Javier Milei, de extrema-direita. As duas primeiras tiveram lugar em 24 de Janeiro e 9 de Maio do ano passado.

Na véspera desta paralisação, a mais participada das três, milhares de trabalhadores, convocados pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), a Central de Trabalhadores da Argentina (CTA) e a CTA-Autónoma, juntaram-se a reformados e membros de organizações sociais na sua manifestação semanal junto do Congresso.

A jornada de luta decorreu num contexto marcado pelo despedimento de milhares de trabalhadores, a continuação de fortes cortes no orçamento do Estado, a interrupção de obras públicas, o agravamento da pobreza, a repressão sobre manifestantes e a negociação pelo governo de novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Em consequência da greve, não houve circulação de comboios e metro e foram cancelados centenas de voos. Nos hospitais funcionaram só os serviços essenciais, as escolas públicas e os bancos não abriram.

A CGT, num comunicado, precisou que a greve foi organizada para denunciar uma «desigualdade social intolerável» e exigir a atenção do governo para as reclamações dos trabalhadores, melhores salários e reformas e uma vida digna para todos.

«Estamos face a um governo insensível perante os problemas das pessoas, que executa actos de repressão selvagem e injustificada, viola permanentemente os acordos institucionais, subfinancia a educação e a saúde, abandona a obra pública, manifesta desprezo pelas minorias, corta pensões dos reformados e impõe limites à negociação colectiva», acusa a CGT. E exige o aumento dos salários e pensões de reforma, o termo das acções para impedir o protesto social, o aumento do orçamento do Estado para o ensino e o sistema de saúde, o fim dos despedimentos e o fortalecimento da indústria nacional.

Os sindicatos rejeitam a privatização do banco nacional, das linhas aéreas argentinas e de todas as empresas públicas ameaçadas. Reivindicam uma política externa convergente com os interesses nacionais, a defesa irrestrita do território e a reivindicação da soberania da Argentina sobre as Ilhas Malvinas. E repudiam todo o alinhamento automático com políticas e decisões externas, incluindo os condicionamentos neoliberais impostos pelo FMI.