- Nº 2683 (2025/04/30)

OLP denuncia política israelita de genocídio e expulsão forçada

Internacional

Palestinianos pedem investigação internacional sobre crimes de guerra e contra a Humanidade cometidos na Faixa de Gaza pelos israelitas, no quadro da sua política sistemática de genocídio e expulsão forçada de populações.

Lusa

A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) propôs a criação de uma comissão internacional para investigar os crimes cometidos por Israel na Faixa de Gaza e responsabilizar os seus autores morais e directos.

A OLP exigiu que também se sentem no banco dos acusados os países que apoiam «os crimes de guerra e o genocídio» perpetrados pelos israelitas. E instou os povos a manifestarem-se para romper o muro de silêncio, expor a cumplicidade das potências ocidentais com a agressão israelita e defender os direitos do povo palestiniano.

A OLP vinca que as imagens de morte e devastação provocadas pela agressão israelita reflectem a magnitude dos crimes sistemáticos cometidos por Israel. E reitera que atacar crianças, mulheres, homens e idosos e transformar os acampamentos de refugiados em zonas de matança massiva não são incidentes isolados ou aleatórios, antes constituem um padrão claro de crimes de guerra e contra a Humanidade, no quadro de uma política sistemática de genocídio e expulsão forçada da população.

Ameaça de nova Nakba

O presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, advertiu sobre o grave perigo que enfrenta o povo palestiniano face à agressão de Israel e acusou Telavive de planear a expulsão forçada da população da Faixa de Gaza para impedir a criação do Estado da Palestina.

«Enfrentamos graves perigos que ameaçam a nossa existência e visam a liquidação da causa nacional», afirmou o dirigente palestiniano, intervindo numa sessão do Conselho Nacional da Palestina, realizada em Ramala.

Abbas assegurou que os seus compatriotas estão ameaçados com uma nova Nakba (catástrofe, em árabe), como a ocorrida em 1948, quando a criação do Estado de Israel provocou a expulsão de centenas de milhares de palestinianos das suas casas e terras.

Descreveu as principais prioridades na actual etapa, referindo entre outras «o fim da guerra de extermínio israelita contra a Faixa de Gaza e a retirada completa das forças de ocupação do território». Também reclamou o fim do bloqueio israelita de modo a garantir o fluxo de abastecimento de produtos essenciais e resistir às tentativas de expulsão à força da população da Faixa de Gaza.

Povo deslocado à força

Quase 500 mil palestinianos foram deslocados à força na Faixa de Gaza desde o reinício dos ataques israelitas, a 18 de Março – denunciou uma agência da ONU.

As repetidas ordens israelitas de deslocamento da população deixaram os palestinianos com menos de um terço do território da Faixa de Gaza, denunciou o Organismo de Obras Públicas e Socorro das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA). «O espaço restante está fragmentado, é inseguro e inabitável», assinalou a instituição.

A UNRWA alertou que os refúgios repletos de pessoas sofrem de terríveis condições de vida, enquanto a ajuda humanitária encontra dificuldades para operar e os recursos estão a esgotar-se. Advertiu que a crise humanitária na Faixa de Gaza «está no seu pior momento» desde o início do actual ciclo de violência. A situação no território é catastrófica, enfatizou, havendo notícia de uma grave escassez de alimentos, medicamentos, combustível e outros bens devido ao bloqueio total imposto por Israel desde 2 de Março. E denunciou que desde que Israel rompeu unilateralmente com o acordo de cessar-fogo, as forças israelitas intensificaram os bombardeamentos aéreos, terrestres e marítimos sobre o território.

O comissário geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, disse que Israel continua a impedir a entrada de alimentos e produtos básicos, com o objectivo de provocar a fome para alcançar fins políticos.

Fome como arma

As autoridades da Faixa de Gaza revelaram, no dia 26, que mais de 50 pessoas já morreram de fome no território, em consequência da crise humanitária causada pelo bloqueio e os ataques de Israel.

Chamam a atenção para a contínua e alarmante deterioração da situação em que vivem mais de dois milhões de palestinianos. «A ocupação israelita continua a impor um bloqueio asfixiante, fechando deliberadamente as passagens fronteiriças por completo e impedindo a entrada de alimentos e ajuda humanitária», denunciam. A fome, hoje, já não é só uma ameaça, mas uma amarga realidade e representa uma das formas mais horríveis de matança massiva lenta, denunciam.

As autoridades palestinianas responsabilizam por esta situação Israel e as potências ocidentais, em especial os EUA, Reino Unido, Alemanha e França, que são cúmplices pelo seu apoio directo à ocupação e aos crimes contra a Humanidade que Israel comete.

Colonatos na Cisjordânia

Na Cisjordânia ocupada, prosseguem as operações militares israelitas contra numerosas localidades palestinianas, onde não cessam as detenções e a demolição de habitações.

A ONG israelita Paz Agora denunciou que as autoridades israelitas aprovaram, só em 2025, a construção de 10.503 novas unidades habitacionais para israelitas na Cisjordânia, mais do que ao longo de todo o ano passado.

Mais de 770 mil colonos israelitas, distribuídos em 180 colónias e 256 postos avançados, vivem na Cisjordânia e na zona oriental de Jerusalém, apesar do direito internacional considerar esses territórios como parte do Estado da Palestina.

 

Cessar-fogo, fim do bloqueio e retirada das forças israelitas

As forças armadas israelitas continuam a bombardear a Faixa de Gaza, de norte a sul, massacrando a população, incluindo crianças.

Desde o recrudescimento da agressão militar no território, a 18 de Março, o número de mortos ascende a 2602 e o de feridos a mais de 5375. Desde o início da guerra genocida, em Outubro de 2023, os ataques sionistas provocaram 52.243 mortos e 117.639 feridos entre a população palestiniana, a que se somam milhares de desaparecidos.

Apesar dos contínuos ataques israelitas, os palestinianos resistem e continuam a procurar o fim da agressão israelita através de negociações.

Encontra-se no Cairo uma delegação palestiniana para conversações com responsáveis egípcios, visando alcançar um acordo que inclua um cessar-fogo prolongado, o intercâmbio de prisioneiros, a retirada total das tropas israelitas de ocupação e a reconstrução da Faixa de Gaza devastada.

Segundo fontes palestinianas, a crescente catástrofe humanitária e a imediata entrada de ajuda na Faixa de Gaza, em particular alimentos e medicamentos, para aliviar o sofrimento dos civis, integram também a agenda das negociações.