- Nº 2684 (2025/05/8)

Muitos milhares no 1.º de Maio garantem intensificação da luta

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A determinação para prosseguir e intensificar a luta, pelo aumento dos salários e pelas demais reivindicações colocadas pelos trabalhadores e pelo movimento sindical unitário, perpassou as intervenções de Tiago Oliveira e outros dirigentes da CGTP-IN, ficou inscrita na resolução aclamada na Alameda Dom Afonso Henriques, evidenciou-se nas faixas e cartazes e soou bem alto, nas palavras de ordem, em Lisboa e em todos os distritos e regiões autónomas, nas comemorações do Dia Internacional dos Trabalhadores.


As iniciativas, dinamizadas pelas estruturas distritais e regionais da CGTP-IN, envolvendo os sindicatos e contando com o apoio do movimento das comissões de trabalhadores, decorreram ao longo do dia. Atletismo e outros desportos, animação para crianças, música, petiscos e convívio, concentrações e manifestações contaram com a participação de muitos milhares de pessoas, que quiseram fazer do 1.º de Maio um dia de festa e de luta.

Em Lisboa, a manifestação partiu do Martim Moniz e chegou à Alameda perto das 17 horas. O Secretário-Geral da CGTP-IN e outros dirigentes da confederação subiram ao palco instalado à frente da Fonte Luminosa.

Perante os milhares de pessoas, agrupadas no relvado e junto das bancas de comes-e-bebes e dos bazares, tomou a palavra uma dirigente da Interjovem. Maria João Falcão falou sobre as condições de vida dos jovens trabalhadores, lembrou algumas exemplos de lutas recentes com resultados positivos e anunciou a decisão de realizar, de 1 a 7 de Junho, uma semana de agitação sindical junto da juventude trabalhadora.

Tiago Oliveira começou por assinalar que, nos 51 anos da Revolução, «o povo e os trabalhadores saíram mais uma vez à rua, demonstrando que Abril continua bem vivo e nos nossos corações». Evocou ainda «os massacres de Chicago que estiveram na origem do 1.º de Maio, há 139 anos», saudando «os milhões de trabalhadores que, por todo o Mundo e em Portugal, saem à rua, exigem e conquistam mais direitos e lutam por melhores condições de vida e de trabalho».

Hoje, face a «tempos perigosos», os trabalhadores «são chamados a intervir». «Com todos os conflitos em curso e com uma cada vez maior política de promoção da guerra e de corrida às armas, quem mais sofre e quem é a maior vítima deste rumo não são aqueles que o promovem, mas sim, o povo, os trabalhadores», acentuou o Secretário-Geral da CGTP-IN.

Em Portugal, «o Governo da AD (PSD/CDS), apoiado pelo CH e a IL e que contou com o PS para viabilizar o seu Programa e o Orçamento do Estado para 2025, aprofundou a política de direita», razão por que «a vida dos trabalhadores, dos jovens, dos reformados e da população em geral está hoje mais difícil».

Por um lado, «o patronato, apoiado nas opções políticas ao serviço do capital, aproveita-se da situação geral para atacar direitos e aumentar a exploração, procurando levar mais longe o objectivo de manter e perpetuar os baixos salários e aumentar os seus lucros». Ao longo de décadas, «os sucessivos governos colocam nas mãos dos patrões as ferramentas necessárias para o aumento da exploração».

Em resposta, a CGTP-IN continuará a mobilizar os trabalhadores para combater tais opções. Tiago Oliveira disse como isso será feito: «Nas ruas, exigindo uma política diferente, que cumpra a Constituição da República, os direitos de quem trabalha e que crie condições para um futuro melhor, mas também em cada empresa e local de trabalho, enfrentando o capital, enfrentando quem, todos os dias, se tenta apropriar da força de quem trabalha».

O Secretário-Geral da CGTP-IN citou, valorizando, várias lutas de trabalhadores: nas Águas do Vimeiro, na Airbus, na Carris, na PSG, na Prestibel, na VEOLIA na ESIP, na Hanon, na Teijin, na Barbosa e Almeida, na Vidralia, na Santos Barosa, na Schmitt, na TKE, nas grandes superfícies comerciais, no sector social, nas telecomunicações, e no sector público. Indicou ainda as lutas já marcadas, para os próximos dias, na Cabelte, nas lojas e centros de contacto da EDP, na Sumol+Compal, na CP, na Coca Cola, na Nobre, nos bares dos comboios.

«É isto que nos define, é isto que nos diferencia», sublinhou o dirigente, reafirmando que «assumimos este papel de luta, de combatividade, porque um mundo mais justo e solidário é possível, outro rumo para o País é possível e por ele vamos lutar».

Também com o voto

Para a CGTP-IN, «é urgente uma política que implemente soluções para os problemas, que afirme um novo modelo de desenvolvimento, soberano, que promova a produção nacional, o aumento geral e significativo de todos os salários e pensões, a garantia e melhoria dos direitos dos trabalhadores, um sistema fiscal mais justo e a defesa e reforço do SNS, da Escola Pública, da Segurança Social e, entre outros, da habitação».

No presente contexto político, Tiago Oliveira frisou que «no dia 18 de Maio, é fundamental reafirmar que a valorização do trabalho e dos trabalhadores é central para o desenvolvimento do País», para «garantir que na Assembleia da República estarão mais deputados comprometidos com os interesses dos trabalhadores e com a defesa e melhoria de direitos, com os valores e conquistas de Abril».

 

Esclarecer, mobilizar e lutar

A CGTP-IN salienta que «a mobilização e o esclarecimento dos trabalhadores são fundamentais para a construção de um novo rumo para o País». Na Resolução deste 1.º de Maio, aclamada na Alameda após a intervenção de Tiago Oliveira, recorda-se que «foi com a luta que garantimos aumentos de salários e direitos e que demos um contributo essencial para rechaçar ataques a direitos fundamentais».

No futuro, «será com a luta que enfrentaremos e derrotaremos novas ofensivas do capital e a acção das forças e projectos reaccionários, «será com a continuação e reforço da luta que abriremos caminho para a construção de um País mais justo».

Para tal, «é necessário intensificar a acção reivindicativa e a intervenção nos locais de trabalho, pela valorização do trabalho e dos trabalhadores, por uma efectiva e justa distribuição da riqueza por eles produzida, compatível com a recuperação e melhoria do poder de compra dos salários e das pensões».

De igual forma, «é urgente a resposta do patronato e do Governo às reivindicações dos trabalhadores», reafirmadas na Resolução: aumento dos salários em, pelo menos, 15%, não inferior a 150 euros; valorização das carreiras e profissões, salário mínimo nacional de 1000 euros; reposição do direito de contratação colectiva, com a revogação da caducidade e demais normas gravosas da legislação laboral; redução do horário de trabalho para 35 horas semanais; fim da desregulação dos horários, adaptabilidades, bancos de horas e todas as tentativas de generalizar a laboração contínua e o trabalho por turnos; combate à precariedade, para que a um posto de trabalho permanente corresponda um contrato efectivo; aumento significativo do valor das pensões de reforma; garantia de reforma aos 65 anos e possibilidade da sua antecipação, sem penalizações, com carreiras contributivas de 40 anos; reforço do investimento nos serviços públicos, nas funções sociais do Estado e na valorização dos trabalhadores da administração pública; garantia do direito à habitação; respeito pela Constituição e garantia do direito à Paz.

 

PCP confiante nesta força

«Aqui estão as exigências a que é preciso dar resposta, mas também está aqui a força que intervém nas empresas e nos locais de trabalho, nas comissões de utentes pela saúde, nas lutas pela exigência da habitação», disse o Secretário-Geral do PCP. Em breves declarações aos jornalistas, durante a manifestação do 1.º de Maio, em Lisboa, Paulo Raimundo salientou que essa força «está aqui, exigindo salários e direitos, contra a desregulação dos horários, pela valorização do trabalho por turnos». «Isso tudo está aqui a exprimir-se, com uma grande força, e dá-nos uma grande confiança, para a resolução dos problemas, para aquilo que importa, que é a vida das pessoas».

Da delegação do Partido fizeram ainda parte Francisco Lopes, Margarida Botelho e Fernanda Mateus (membros dos organismos executivos do Comité Central), António Filipe e Carlos Chaparro (membros do CC), Antónia Lopes (da Comissão Central de Controlo, Filipa Brás e Humberto Faísca (das direcções regionais de Lisboa e Setúbal).

PEV presente

Na manifestação participou uma delegação do Partido Ecologista «Os Verdes», constituída por Dulce Arrojado, Manuela Cunha, Mariana Silva e Vítor Cavaco, membros da Comissão Executiva da Direcção Nacional do PEV.