No dia 7, em Espinho, onde a primeira candidata da CDU pelo círculo eleitoral de Aveiro «não fala de cor», foram os direitos dos trabalhadores e os seus salários que estiveram no centro das atenções. Numa terra de trabalho, de pescadores e operários, assim não poderia deixar de ser.
O Fórum de Arte e Cultura de Espinho encheu-se por completo, de apoiantes e de uma atmosfera completamente envolvente, para receber o comício da CDU. A isso ajudaram as emblemáticas canções de combate trazidas pelo grupo Música com Paredes de Vidro que antecederam as quatro intervenções que pontuaram a noite.
«Aqui, nesta terra, seria fácil fazer trocadilhos ou piadolas, mas a população de Espinho merece melhor. Não confundimos a árvore com a floresta», foi desta forma que Paulo Raimundo iniciou a sua intervenção. Em tom duro, lançou ainda severas críticas àqueles que «enchem a boca» com a necessidade de Portugal se colocar «no pelotão da frente da União Europeia». «Que venham cá explicar se é possível chegar a esse pelotão com salários de miséria», questionou. Para a CDU, só há uma maneira de pôr o País a andar para a frente: com apoios às micro, pequenas e médias empresas, com o fortalecimento do mercado interno e com mais salários e direitos para os trabalhadores. E, na CDU, «queremos mesmo o País a andar para a frente».
«Precisamos de um real choque salarial», continuou, «e quando nos perguntam se o País aguenta esse choque, deveriam antes perguntar se 800 mil pessoas aguentam a vida com pouco mais de 730 euros por mês».
Sobre o mesmo problema já antes tinha falado Isabel Cristina Tavares, a cabeça-de-lista da CDU pelo círculo eleitoral de Aveiro, operária têxtil que sente na pele as dificuldades da vida e que, por tal, «não fala de cor dos problemas», como afirmaria mais adiante Paulo Raimundo. «Das eleições de 2024 resultou um governo de direita que apostou todas as fichas em opções políticas de resposta ao capital e aos grandes grupos económicos e financeiros», salientou, explicando ser por isso que, após pouco mais de um ano, «Portugal está pior».
«Políticas», continuou, que por um lado «garantem lucros astronómicos na base dos milhões por dia», mas que por outro «deixam milhões de trabalhadores, pensionistas e reformados, famílias e crianças a viver no limiar da pobreza».
Lutar pelo distrito
Dirigindo-se aos presentes, Miguel Martins, da Comissão Executiva Nacional do PEV, abordou temas importantes à população do distrito como a monocultura de eucaliptos, referindo os ainda recentes incêndios que atingiram os concelhos de Albergaria-a-Velha e Oliveira de Azeméis, a necessidade proteger o rio Vouga ou de investir na Linha do Vouga.
«Não nos esquecemos que foi durante o governo de PSD/CDS que nos mandaram emigrar e que o PS, quando de mãos livres, não escolheu acabar com as propinas. Agora querem-nos fazer acreditar que são estes os que têm as soluções para o País», recordou, por sua vez, Bernardo Santos, jovem candidato da CDU. «Não temos memória curta e sabemos que a alternativa existe e está nesta sala», acrescentou ainda.