«Porto seguro» que tem a alternativa necessária para o País

Mais de 1500 activistas da CDU – entre candidatos, militantes do PCP e do PEV e muitas pessoas sem filiação partidária – participaram no grande comício de dia 11, em Lisboa, no Pavilhão Carlos Lopes, no qual esteve presente Paulo Raimundo, Secretário-Geral do Partido e primeiro candidato pela região.

«Coragem e clareza» são marcas distintivas da CDU

O comício teve início com um concerto de Vitorino, que animou os corações de todos os presentes, começando por cantar «Fado Alexandrino», com versos de António Lobo-Antunes, e «Circo», a partir do poema de José Saramago.

O cantor aproveitou, ainda, para cantar «Queda do Império», referindo que já foram muitos os impérios que caíram, e serão muitos os que irão cair. Sobre este assunto, Vitorino criticou a política imperialista dos EUA e denunciou os crimes cometidos por Israel na Palestina, afirmando não ter outras palavras para descrever o genocídio que não «nojo».

Vitorino cantou, ainda, «Guerrilha Alentejana» e «Moda Revolta», da sua autoria, e, de Zeca Afonso, «Chamaram-me Cigano», «Traz Outro Amigo Também», «Senhor Arcanjo» e «A Morte Saiu à Rua».

Abrir a gaveta
O candidato e membro do CC do PCP António Filipecomentou o que dizem certas vozes ao serviço do capital, sublinhando que «a CDU não desaparece, porque faz cá muita falta». E fá-lo, referiu, aos trabalhadores que lidam com baixos salários, aos reformados com pensões de miséria, aos jovens que não querem ter de emigrar: «todos e todas que sofrem de injustiças e discriminações precisam de dar mais força a esta força que nunca lhes falta».

António Filipe criticou, ainda, os que pretendem rever a lei fundamental para retirar a expressão «sociedade socialista», afirmando que «não é da Constituição que temos de retirar o “socialismo” – é da gaveta onde o PS o meteu há muitos anos».

Legítimos interesses
João Geraldes
, candidato e presidente da ID, denunciou a «promiscuidade entre este poder político e o poder económico», semente de desigualdades e corrupção, e apontou o fim da política de direita como o caminho a ser seguido, afirmando «uma política que corresponda aos legítimos interesses dos portugueses e das portuguesas».

O candidato referiu algumas propostas da CDU em diversas áreas, como a habitação, as reformas e o trabalho. Sobre este, frisou a necessidade de revogar as normas gravosas da legislação laboral, assegurando, por exemplo, o princípio do tratamento mais favorável ao trabalhador, o direito ao repouso e o fim da caducidade da contratação colectiva.

Ecologistas confessam-se
«Nós, ecologistas, nos confessamos»: foi sob este mote que Mariana Silva, candidata e dirigente do PEV, interveio no comício, destacando que os ecologistas, como ela, se «confessam» defensores dos cursos de água e da gestão pública deste bem essencial. Mas, também, defensores da protecção dos solos classificados, do direito à habitação, dos direitos das mulheres, da agricultura familiar, do transporte público, da paz e do bem-estar animal.

«É exactamente por isso que estamos na CDU», sublinhou, dizendo que é com «esta força rubra e verde, e de quantas cores tiver a luta das populações», que a verdadeira voz ecologista irá voltar à Assembleia da República.

Força da alternativa
Na intervenção de encerramento, Paulo Raimundo recordou o objectivo imediato da Coligação PCP-PEV nestas eleições: afirmar a alternativa política (e a política alternativa) que representa, e mobilizar o máximo de pessoas possível. «É este o grande desafio que está aqui colocado», afirmou.

«Não são as nossas medidas e o nosso programa que são incomportáveis», destacou: muito pelo contrário, são as medidas de décadas de políticas de direita que não cabem nos bolsos, nas compras ou nas rendas dos trabalhadores e do povo.

Apontando «coragem e clareza» como as marcas distintivas da CDU, o Secretário-Geral criticou a ideia, transmitida pelo líder do PS, de que este partido seria um «porto seguro»: «os portos são seguros não quando a maré está calma, mas sim quando a onda é grande. Aqui está [a CDU], o porto seguro, com a onda calma ou com a onda grande».

«Precisamos de mais votos, mais força à CDU», sublinhou, assegurando que só assim estarão criadas condições para resistir e avançar em áreas tão diversas como o combate às privatizações e PPP, a defesa do direito à saúde e do SNS, a salvaguarda da Segurança Social, o aumento dos salários e das pensões, a criação de uma rede pública de creches, ou a habitação (para a qual é preciso garantir um por cento do PIB).

Paulo Raimundo recordou, ainda, no fim da sua intervenção, as palavras de Álvaro Siza Vieira sobre a sua opção nestas legislativas: «CDU como sempre, mas agora mais do que nunca».

O comício, apresentado por Deolinda Machado, activista católica e mandatária distrital da CDU, contou, na mesa, além dos oradores, com: os candidatos Sofia Lisboa, Marco Guerra, Tânia Mateus, Isabel Barbosa, Domingos Abrantes, Carolina Silva, Margarida Botelho, Ricardo Costa, Vasco Cardoso, Mariana Metelo, Arcadyo Santos e Joana Silva; João Ferreira, candidato à presidência da Câmara de Lisboa; e Francisco Lopes, dos organismos executivos do CC.

 

Ouvir, propor, mobilizar

Da intensa agenda de campanha eleitoral do Secretário-Geral do PCP sobressai a prioridade que sempre é dada ao contacto directo com as pessoas – ouvindo os seus problemas, apontando soluções, rasgando caminhos de mobilização e luta.

Na manhã de segunda-feira, 12, Paulo Raimundo visitou a Escola Artística António Arroio, em Lisboa, tendo sido efusivamente recebido pelos estudantes, muitos dos quais fizeram questão de se fazer fotografar a seu lado. Acompanhado por outros candidatos, como António Filipe, o Secretário-Geral do PCP visitou as exposições patentes no átrio da escola, recebeu uma ilustração alusiva ao 25 de Abril, contactou com professores, funcionários e estudantes, e tomou conhecimento das obras de ampliação da escola, iniciadas em 2009 e ainda não terminadas.

Em declarações aos jornalistas, o dirigente comunista defendeu a valorização dos profissionais que todos os dias constroem a escola pública, salientando que só ela garante a todos por igual o acesso à educação. Quanto ao ensino artístico, precisa de mais escolas (há apenas duas públicas no País, esta e a Soares dos Reis, no Porto) e de mais financiamento: o que não falta é talento, criatividade e empenho.

Em seguida, Paulo Raimundo rumou ao Parque das Nações para celebrar o Dia Mundial do Enfermeiro, que nesse mesmo dia se comemorava. Aí visitou o Centro de Saúde de Campanha instalado pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), onde os profissionais faziam um pouco daquilo que fazem todos os dias nos Cuidados de Saúde Primários: diagnósticos de tensão arterial e glicémia, aconselhamento sobre saúde sexual e reprodutiva e alimentação saudável. Contactando com enfermeiros e dirigentes do sindicato, o Secretário-Geral do PCP insistiu na urgência de fixar profissionais de Saúde no SNS – valorizando os seus salários e reforçando os seus direitos. Paulo Raimundo reafirmou a oposição das forças que compõem a CDU à privatização dos cuidados de saúde, às Parcerias Público-Privadas e ao desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde.

Também com grande aceitação por parte dos trabalhadores que iam passando, Paulo Raimundo participou noutra acção de contacto, no dia 9, na Exide, Vila Franca de Xira. Em declarações prestadas no local, o dirigente comunista lembrou que foi ali que, em 2024, firmou o seu nome no abaixo-assinado da acção nacional Aumentar Salários e Pensões, para uma vida melhor – num dia em que naquela empresa foram recolhidas 200 assinaturas. O Secretário-Geral do PCP recebeu, ainda, uma lista de 160 trabalhadores da fábrica que apoiam a CDU. Na Exide, os trabalhadores lutam pelo direito à reforma antecipada por estarem expostos a materiais tóxicos, reivindicação que as forças que compõem a CDU há muito assumem como sua.

 

Na Amadora, pela «vida de cada um»

No dia 9, decorreu um desfile da CDU na Amadoraque contou com os candidatos pela região de Lisboa Paulo Raimundo, António Filipe, Mariana Silva e Jackilson Pereira, com o candidato à presidência da câmara João Pimenta Lopes, e com o antigo dirigente da CGTP-IN Arménio Carlos.

Paulo Raimundo destacou, já no final, que com a força da população da Amadora, gente de trabalho e de diversas culturas, é possível, «de uma vez por todas, abrir o caminho» da alternativa, assente em melhores salários e pensões, e em direitos como a habitação. «O que importa é a vida das pessoas e a vida de cada um», afirmou.

Também intervieram António Filipe, que lembrou a luta da população pela construção do Hospital Amadora-Sintra e contra a sua transformação em PPP (no passado e hoje em dia), e Arménio Carlos, que valorizou a posição da CDU em defesa dos trabalhadores e da contratação colectiva.