RESISTIR, TOMAR A INICIATIVA

«CDU, força de coragem, seriedade e confiança»

O Comité Central do PCP, reunido a 20 de Maio, analisou o quadro político resultante das eleições legislativas de 18 de Maio, bem como a situação nacional e internacional, tendo apontado as principais linhas de intervenção do PCP para os próximos meses.

Na noite das eleições, o Secretário-Geral do PCP valorizou a campanha eleitoral e saudou os activistas da CDU, e em particular os companheiros de coligação, o Partido Ecologista «Os Verdes» e a Associação Intervenção Democrática, os comunistas e ecologistas, mulheres e homens sem filiação partidária que fizeram desta campanha uma notável jornada em defesa de um novo rumo para o País, afirmando a CDU como força de coragem, de seriedade e de confiança.

O resultado obtido pela CDU assume desde logo um importante significado de resistência e contraria os múltiplos vaticínios dos que confundem desejos com realidade.

Realizadas as eleições e face aos seus resultados, num quadro em que a composição da AR teve uma evolução negativa, marcada pelo crescimento da AD (PSD e CDS), do Chega e da IL, importa intervir numa situação nacional que não se alterou e que é marcada pela brutal concentração da riqueza em contraste com os baixos salários e pensões; pela degradação dos serviços públicos e desmantelamento do SNS; por graves problemas no domínio da habitação; por injustiças e desigualdades sociais e elevada pobreza; onde se assiste à promoção da mentira, do ódio, do racismo, da guerra, da manipulação ideológica e a degradação da vida democrática; onde se desenvolve o confronto com os valores de Abril e a Constituição; onde se colocam novas ameaças às quais vai ser necessário responder (designadamente privatizações, assalto aos recursos da Segurança Social, ataque à legislação laboral e a corrida aos armamentos).

Perante os desenvolvimento no plano nacional e internacional, a luta por uma vida melhor, pela ruptura com a política de direita, a afirmação da alternativa política patriótica e de esquerda e a defesa do regime democrático são cada vez mais necessárias.

Uma política alternativa, que contém em si as respostas aos problemas dos trabalhadores, do povo e do País. Uma política que confronte os interesses e o domínio crescente do grande capital sobre a vida nacional; que recuse a submissão à UE, à NATO e ao imperialismo norte-americano; que afirme a soberania e a independência nacionais; que cumpra a Constituição e os valores de Abril que esta consagra.

A gravidade dos problemas com que o País está confrontado, os projectos da direita e das forças reaccionárias, vão exigir coragem, determinação, luta e iniciativa política.

Assim, impõe-se ao PCP não só resistir ao desenvolvimento desta política e ao governo que a concretize ou aos projectos reaccionários que a queiram aprofundar como tomar a iniciativa, no quadro das responsabilidades e exigências que a situação nacional e internacional lhe colocam.

O PCP continuará a cumprir o seu papel com os trabalhadores e o povo no desenvolvimento da luta e acção de massas, nomeadamente a luta reivindicativa dos trabalhadores e de vários sectores da população em torno daquilo que verdadeiramente importa na vida de cada um: salários, pensões, saúde, habitação, educação, custo de vida, direitos das crianças e dos pais, das mulheres, da juventude, pelo ambiente; no desenvolvimento do trabalho de preparação das eleições autárquicas, que assume particular prioridade, com a afirmação da CDU e do seu projecto. O PCPpromoverá a realização de reuniões dos organismos e plenários de discussão da situação, dinamização e programação da intervenção e de outras iniciativas já com comícios marcados para os próximos dias; preparará a apresentação de propostas pelo seu Grupo Parlamentar, logo que a AR entre em funções, centradas nos aspectos prioritários dos direitos e das condições de vida dos trabalhadores e da população; dinamizará a acção nacional «Aumentar salários e pensões para uma vida melhor»; promoverá o alargamento da acção pela Paz contra a corrida aos armamentos e pela solidariedade internacionalista com o Povo da Palestina e com Cuba; desenvolverá trabalho com outros democratas e patriotas, na defesa da liberdade e da democracia, contra forças e projectos reaccionários e pelos direitos inscritos na Constituição, cuja importância a situação actual reforça; dinamizará a preparação da Festa do Avante!, a realizar nos dias 5, 6 e 7 de Setembro; desenvolverá aos vários níveis o movimento geral tendo em vistao seu reforço; contribuirá para o êxito do 13.º Congresso da JCP que se realizará a 15 e 16 de Novembro, sob o lema «Nas nossas mãos o mundo novo. Organizar, unir, lutar», bem como para o desenvolvimento da sua intervenção junto da juventude.

Como sublinhou Paulo Raimundo na noite eleitoral, «os trabalhadores, o povo e a juventude contam com o PCP e a CDU e nós contamos e confiamos na sua força, capacidade e luta». É com esta confiança que o PCP e a CDU se lançam nos combates que urge travar. Para resistir, responder à situação, tomar a iniciativa.