«Este não é o tempo de conformação» a CDU está preparada para o combate
Os resultados eleitorais das eleições legislativas de 18 de Maio confirmaram a eleição de três deputados da CDU, constituindo-se comoum importante sinal de resistência. Face a uma correlação de forças mais negativa, importa continuar a dar mais força à vida de cada um.
«Abrir o caminho que o País precisa»
Depois de uma intensa campanha de contacto e esclarecimento onde milhares de activistas comunistas, ecologistas e outros democratas e patriotas foram chamados a dar o seu contributo para a construção do resultado da CDU, muitos se juntaram em Lisboa, assim como no resto do País, para a noite eleitoral no passado domingo.
Este momento eleitoral, condicionado tanto pela mediatização da discussão em torno da aritmética eleitoral, como pelo investimento do capital na profusão de valores reaccionários e antidemocráticos, exigia o centramento da discussão nos problemas e dificuldades da vida de cada um, tarefa que a CDU assumiu, de forma corajosa e firme, apontando um caminho que rompesse com a política de venda ao retalho do País e submissão aos grandes interesses económicos. A capacidade de, mesmo enfrentando um quadro político e um caldo cultural adversos, termos sido capazes de, nas palavras do Secretário-Geral, fazer uma campanha onde, em nenhum momento, existiram desvios «das questões que importam na vida das pessoas» é o principal destaque destas eleições.
Chão que pisamos
Ao longo da noite, vários dirigentes comunistas foram tecendo avaliações iniciais acerca dos diferentes aspectos da eleição que foram sendo tornados públicos. Margarida Botelho realçou a ligação entre a diminuição da participação verificada e a falta de respostas com que as pessoas estão confrontadas, destacando ainda o facto da CDU ter trazido para o seio da campanha «os temas fundamentais do País e do mundo». Mais tarde, já com o advento das primeiras previsões, João Oliveira assinalou «uma alteração no sentido negativo na composição da Assembleia da República» deixando este órgão «muito distante daquilo que seria necessário» para dar um «impulso do ponto de vista de política alternativa da qual o povo necessita.» Valorizando ainda a resistência da CDU, apontou que, mesmo em circunstâncias difíceis, «continuaremos a fazer o nosso trabalho para que, do ponto de vista social, se consigam juntar as forças que são necessárias para verdadeiramente apontar uma perspectiva alternativa». Fernanda Mateus, por sua vez, destacou a importância de sentir orgulho pela campanha realizada e criticouos que acham que podem «legitimar o caminho de maior degradação dos salários» e continuar a negar «perspectivas de uma vida feliz, tranquila e segura.»
Caminho que se exige
Para uma declaração final de Paulo Raimundo, estiveram junto ao Secretário-Geral do PCP: Deolinda Machado, mandatária da CDU pelo Círculo de Lisboa e da Coordenadora da CDU, Mariana Silva, da Comissão Executiva do PEV, João Geraldes, presidente da ID, Inês Guerreiro, do CC e da Juventude CDU, Margarida Botelho e Vasco Cardoso, dos organismos executivos.
Nesta sala cheia e animada pela confiança e determinação características dos activistas da CDU, assim como pelas muitas palavras de ordem que iam sendo entoadas, Paulo Raimundo começou por valorizar a juventude – muito bem representada ao longo da noite – que deu a «esta campanha eleitoral uma expressão de grande dinâmica e audácia», garantindo «frutos no presente e no futuro».
Se é verdade que o resultado obtido pela CDU «não reflecte, nem a expressão de apoio e reconhecimento que a campanha mostrou, nem o que a situação do País exigia», também é verdade que cada voto na CDU é «uma expressão de compromisso por outro rumo na vida política nacional», que irá servir para dar combate à política existente e que serviu para eleger deputados sérios que contribuirão para esta luta.
Sem menosprezar os perigos para a «intensificação da agenda retrógrada, neoliberal e anti-social» que esta nova composição da Assembleia acarreta, nomeadamente com o crescimento da representação da AD, Chega e IL, importa afirmar que este «é o tempo de democratas e patriotas assumirem o papel de resistência e luta.» para «abrir o caminho que o País precisa.»
Entre os obscuros desejos daqueles que julgam ser donos do País e a sua realização, continuará a existir a coragem e resistência do povo, dos trabalhadores e da juventude, pois «o investimento na demagogia, na mentira, nos valores reaccionários, no ódio é muito grande mas não vai durar para sempre.»