Ao povo português colocam-se importantes e complexos desafios, num momento em que das eleições legislativas resulta uma evolução negativa da composição da Assembleia da República, com o crescimento de forças que, para lá de empenhadas na defesa dos interesses do capital monopolista, assumem também posições abertamente reaccionárias, retrógradas e até fascizantes.
Consciente do contexto em que intervimos, sem aventureirismos ou ilusões sobre soluções milagrosas, ao Partido cabe assumir o seu papel de vanguarda, estar à altura da sua História e do seu projecto, ser capaz de promover e construir a unidade, ser força de resistência e de combate, dinamizador da luta contra a política de direita, abrindo caminho para uma alternativa que tenha nos valores de Abril a matriz de desenvolvimento soberano do País.
Na campanha eleitoral tratámos dos problemas da vida dos trabalhadores, da juventude e do nosso povo. Realizámos uma notável jornada em defesa de um novo rumo para o País, com força, alegria, criatividade e combatividade. Resistimos perante múltiplos e reiterados vaticínios. Obtivemos um resultado aquém do necessário e aquém da simpatia e reconhecimento que fomos recebendo ao longo destas semanas.
Mas nada terminou no dia 18 de Maio. Dissemos na campanha eleitoral que cada voto na CDU conta e honraremos esse compromisso. E, por isso, cá estamos para combater a direita e a extrema-direita, convictos de que o contraponto à direita não são as forças e projectos reaccionárias e fascizantes. O contraponto a todos esses e às suas políticas está nos democratas e patriotas, nos trabalhadores explorados, na irreverência da juventude que quer ter futuro no seu país e nesta força que dá corpo a todos esses anseios.
Determinação e coragem de sempre
Estamos cá com a determinação e a coragem de sempre, certos de que o aumento de salários e pensões, a defesa do SNS, o direito à habitação, ou a defesa da Paz não só correspondem às necessidades do nosso povo, como também são objectivos aglutinadores e capazes de fazer convergir muita gente para lá dos comunistas, mesmo alguns que em momentos anteriores tiveram opções diferentes.
Confiamos e acreditamos no nosso povo, não por proclamação, mas por firme convicção de que aí estão as forças capazes para empreender a luta que é preciso travar para a alternativa necessária, patriótica e de esquerda.
Mas esta confiança no povo não nos faz ficar à espera de que, como que por passo de mágica, as coisas mudem. Esta confiança só é consequente se as organizações e os militantes do Partido tiverem consciência de que têm pela frente a exigência de reforço da sua intervenção, centrada nos problemas concretos e na luta pela sua resolução. Coloca-se-lhes a necessidade de ir mais longe no esclarecimento e no combate político e ideológico, que contribuam também para a elevação da consciência social e política. Coloca-se-lhes igualmente, como tarefa central, o aprofundamento da ligação às massas e a dinamização da sua intervenção, tomando a iniciativa, pondo o Partido a assumir o seu papel de dinamizador da intervenção e da luta, de aglutinador de democratas e promotor da convergência na acção.
Para lá de olhar para as possibilidades e necessidade de intervir, há também que olhar para o Partido e para a sua organização, cuidar do seu funcionamento e garantir o seu reforço, como condição para a concretização dos objectivos apontados, assumindo particular importância a responsabilização de mais quadros por tarefas regulares e permanentes, mas também por tarefas específicas e pontuais, envolvendo mais camaradas, promovendo o rejuvenescimento e alargando a capacidade de acção e intervenção partidária.
Tal como o Secretário-Geral do Partido afirmou na noite eleitoral, enganam-se os que acham que o neoliberalismo e a acção reaccionária se vão impor, que a luta dos trabalhadores e do povo vai deixar arrasar os seus direitos e fazer regredir o País… aqui está a coragem que enfrenta a direita!