No domingo, 25, em Baleizão, no concelho de Beja, foi a vez de o Partido organizar uma homenagem a Catarina Eufémia, por ocasião do 71.º aniversário do seu assassinato por forças da ditadura fascista, quando ela e outras trabalhadoras exigiam melhores salários.
Com a participação de Paulo Raimundo, de outros dirigentes nacionais e regionais do Partido, e de centenas de comunistas e outros democratas, a homenagem incluiu a deposição de flores na campa de Catarina, um desfile pelas ruas da aldeia – com muitas bandeiras vermelhas desfraldadas e, a abrir, uma faixa com os dizeres «PCP, Força de Abril, com a coragem de sempre» – e um comício que encheu o largo que leva o nome da camponesa.
Em dia de sol quente, a anteceder o comício houve um momento de cante alentejano com o Grupo Coral de Baleizão. Seguiram-se intervenções de Maria João Brissos, da Comissão de Freguesia de Baleizão; de Suzana Timóteo, da Juventude Comunista Portuguesa; e de Miguel Violante, do Comité Central e responsável da Organização Regional de Beja do Partido. Todos prestaram tributo a Catarina, exaltaram o seu exemplo e sublinharam a necessidade de, hoje, continuar e intensificar a luta pelos valores de Abril – a liberdade, a democracia, o desenvolvimento, a justiça social, a construção de uma sociedade sem exploração.
Seguiu-se uma intervenção de Paulo Raimundo, que em terra de trabalho, resistência e luta, evocou «a vida, a luta e a coragem de Catarina Eufémia, militante comunista e exemplo para todos».
Através de Catarina, homenageou «todas as mulheres e todos os homens sujeitos à dureza da vida – o trabalho sol a sol, o desemprego, os salários de miséria, ao mesmo tempo que uma minoria concentrava nas suas mãos a riqueza». Relembrou «aqueles que nunca se conformaram com as injustiças e se lançaram com coragem na luta pelos seus direitos, na luta pela liberdade». E relembrou «todos os antifascistas, todos aqueles que lutaram na clandestinidade, todos os que deram a própria vida, os que foram presos, torturados, perseguidos, por enfrentarem a besta, a besta que foi o odioso regime fascista, o regime terrorista dos monopólios e dos latifundiários».
Dever e compromisso
O Secretário-Geral realçou que a homenagem a Catarina é «um dever que tem o nosso Partido, o nosso povo, é um dever que temos para com Catarina e todos aqueles que lutaram para nos dar a democracia e a liberdade». Insistiu: «É uma homenagem, um dever e um compromisso de uma luta da qual não abdicamos, por mais difícil que seja. Por muito que se esforcem, por muito que invistam, por muitos meios que tenham, não vão apagar da história a luta de gerações e gerações de operários e operárias agrícolas. Não vão conseguir apagar da história a luta deste povo, deste povo do Alentejo, a luta pelo acesso à terra, a luta pela conquista das oito horas de trabalho, aqui, nestes campos, nestas terras, com a audácia, com a coragem e com a firmeza dos operários agrícolas». E garantiu: «Não vão apagar este papel estruturante e fundamental do nosso povo na luta pela liberdade, na luta pela Reforma Agrária, não vão conseguir, por muito que invistam, por muitos meios que tenham – e têm – não vão apagar o papel, a história, a dedicação, a intervenção, o empenho, a militância do PCP em todo este processo de ontem, de hoje e de amanhã».
Resistir para avançar
Paulo Raimundo falou depois da actual situação no País, do avanço eleitoral das forças da direita, denunciando que «há quem aspire há muito ajustar contas com Abril», uma ambição antiga que ganhou agora nova força. Mas avisou: «A esses todos que querem ajustar contas com Abril, dizemos-lhes que têm ainda muito, muito, muito caminho para percorrer. Apesar dos recuos, apesar dos golpes que enfrentamos, Abril está vivo na consciência do nosso povo. Abril está vivo em cada uma das conquistas dos jovens, dos trabalhadores e do nosso povo!»
Não desvalorizando nem subestimando «os perigos de uma situação que cria mais condições ainda para apertar a vida da maioria», exortou os comunistas e todos os democratas a «resistir, resistir para avançar» e garantiu que o PCP está, ao lado do povo, pronto para todos os combates.
Esse povo, reiterou, «que saberá fazer com que Abril volte a ocupar o centro da vida política, volte a colocar Abril como grande objectivo político do nosso país, esse povo que sabe que pode contar com o PCP, o partido de Catarina, o seu partido, o partido de todos aqueles que lutam por uma vida melhor».