A agressão genocida israelita contra a Palestina, em especial na Faixa de Gaza, prossegue e intensifica-se. As forças sionistas continuam os bombardeamentos contra centros de saúde, escolas e outros locais de refúgio, fazendo subir o número de mortos e feridos, que ultrapassa já os 170 mil. A urgente e necessária ajuda humanitária é impedida de entrar na Faixa de Gaza por Israel.
As forças militares israelitas mataram na segunda-feira, 26, mais de 50 palestinianos na Faixa de Gaza, a maioria deles em dois ataques contra uma habitação e uma escola cheia de refugiados.
Segundo informa a agência Wafa, pelo menos 30 pessoas perderam a vida e dezenas ficaram feridas após um bombardeamento contra uma escola situada no bairro de Al-Daraj, na cidade de Gaza, no norte da faixa. Várias fontes denunciaram «o horrível massacre contra pessoas deslocadas na escola Fahmi al-Jarjawi».
Perto deste local, na zona de Jabalia al-Balad, foram mortos pelo menos 19 palestinianos, quando aviões de guerra israelitas atacaram uma casa, pertencente à família Abd Rabbo.
Há também relatos de incessantes bombardeamentos noutras zonas de alta densidade populacional, como em Khan Yunis e Rafah, no sul do território.
O caso da médica pediatra Alaa al Najar que, enquanto trabalhava no hospital, perdeu nove dos seus 10 filhos em resultado de um ataque israelita, suscitou grande comoção internacional.
Israel também mata à fome
A situação no território agravou-se nas últimas semanas, por um lado com a intensificação dos massacres contra populações civis e, por outro, com o bloqueio imposto por Telavive desde 2 de Março.
Nos últimos dias, perante a catástrofe humanitária e as denúncias internacionais, as forças israelitas autorizaram a entrada de uma infima parte da ajuda necessária, tendo as agências das Nações Unidas como diversas organizações não governamentais denunciado que são muito insuficientes as quantidades de alimentos e medicamentos entregues.
Segundo o Programa Mundial de Alimentos (PMA), os recentes carregamentos de farinha reactivaram o funcionamento de algumas padarias no sul do território, mas a quantidade recebida é insuficiente. Além disso, a ajuda humanitária não chega ao norte do território, neste momento um dos focos de maior intensidade da barbárie israelita.
Os medicamentos distribuídos também chegaram a alguns hospitais, como a clínica de campanha da Cruz Vermelha em Rafah, mas a quantidade recebida não é suficiente para atender às dezenas de feridos que chegam aos centros de saúde todos os dias.
O número de vítimas pela agressão israelita contra a Faixa de Gaza continua a subir e, no início desta semana, atingia já 53.901 mortos e 122.593 feridos desde 7 de Outubro de 2023, sendo a maioria crianças e mulheres.
Ajuda humanitária: «uma gota no oceano»
O porta-voz da Defesa Civil na Faixa de Gaza denunciou a fome causada pelo bloqueio israelita e advertiu que a falta de alimentos atinge em especial as crianças.
«Milhares de crianças morreram ou estão em risco de morrer como resultado desta trágica realidade», advertiu. Explicou que os bebés prematuros e os lactantes são os mais afectados porque os seus corpos não podem suportar os efeitos da fome. Destacou que os feridos e as pessoas com enfermidades crónicas sofrem a mesma sorte.
O porta-voz criticou o bloqueio imposto pelo governo de Netanyahu e afirmou que a entrada muito limitada de ajuda nos últimos dias é apenas «uma gota no oceano». A quantidade de camiões carregados de mercadorias que entram não cobre sequer as exigências mínimas para a vida diária na Faixa de Gaza, realçou. Na última semana, explicou, só entram 90 a 100 viaturas por dia, mas as necessidades do território superam os 600 camiões em circunstâncias normais e muitos mais agora, com a actual severa crise alimentar.
O responsável denunciou em termos duros os mecanismos de distribuição da ajuda anunciados por Israel e pelos EUA – que procuram usar a ajuda humanitária como forma de obrigar a deslocação da população –, considerando necessário entregar os abastecimentos aos organismos internacionais, incluindo as diversas agências das Nações Unidas.
Pela suspensão do acordo UE-Israel
Em Portugal, o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) dirigiu uma carta aberta ao ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal «registando o gesto da diplomacia portuguesa de dar o seu apoio ao apelo dos Países Baixos para uma revisão do Acordo de Associação União Europeia-Israel».
Considerando que a extrema gravidade da situação que se vive hoje na Palestina e muito em especial em Gaza é incompatível com uma «atitude de expectativa e acompanhamento, antes impõe acção e iniciativa», o MPPM insiste que é absolutamente essencial pôr termo imediato à catástrofe humana em Gaza e aos «planos insensatos» de Israel para evacuar a Faixa de Gaza.
O MPPM exorta o ministro português a tomar uma posição exigindo a suspensão do Acordo de Associação União Europeia-Israel, a opor-se à assinatura do Plano de Acção UE-Israel e a impor um embargo à compra, venda e trânsito de armamento para Israel.