1926 a 1937 – Cadernos do Cárcere

«Pensador comunista, o autor dos Cadernos espalhou por todos os continentes a ideia de revolução contra o status quo, não pautada em sonhos e ideais, mas na construção paciente, acção tenaz e combativa, processo contínuo que necessariamente se renova e se transforma.» As palavras são da professora brasileira Ivete Simionatto a propósito de os “Cadernos do Cárcere”, de António Gramsci, escritos entre 1929 e 1937 nas prisões fascistas de Mussolini, e publicados postumamente em 1951, em Turim, Itália. A primeira edição em português, sob o título original “Quaderni del carcere” e com a respectiva tradução, é do mesmo ano e tem a chancela da editora Ática. A obra, retomando as palavras da académica brasileira, é uma «reflexão sobre o capitalismo, o poder político e a opressão», que nos convoca a «permanecer abertos ao novo, que, de maneira contínua, irrompe na história, voltando brutalmente a nossa atenção para o presente tal como é, se se quer transformá-lo». As dezenas de cadernos em que Gramsci plasmou as suas ideias sobre os mais diversos temas, da história à ciência política, da linguística à filosofia, um acervo de mais de 3000 páginas, são um legado inestimável e uma contribuição ímpar para o pensamento político do século XX. O permanente interesse nos Cadernos atesta a sua actualidade.