As forças israelitas converteram o que denominam de “centros de distribuição de ajuda humanitária” na Faixa de Gaza em autênticas armadilhas. Enquanto prossegue o genocídio, Israel e EUA rejeitam um cessar-fogo e obstaculizam a entrada de ajuda humanitária para toda a população.
Lusa
Mais de 30 palestinianos foram mortos e outros 150 foram feridos no dia 1, quando o exército israelita abriu fogo contra a população que se dirigia a um ponto de distribuição no sul da Faixa de Gaza para receber ajuda humanitária. Os palestinianos denunciaram que «as forças de ocupação israelitas dispararam munição real directamente a partir dos seus veículos e drones». Os sistemáticos ataques na zona converteram os denominados “centros de distribuição de ajuda” israelitas em armadilhas em que assassinam e com que procuram forçar a deslocação da população e impedir o seu acesso à efectiva ajuda humanitária.
O novo massacre foi condenado por várias organizações da resistência palestiniana, como a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) que acusou os EUA de serem cúmplices dos contínuos crimes de Israel no território. Para a FPLP, trata-se de mais um crime de guerra e revela uma vez mais a natureza do projecto sionista baseado no genocídio. As forças armadas israelitas «transformaram os chamados “corredores seguros” em áreas de execução massiva ao atrair multidões esfomeadas e deslocadas para serem massacradas a sangue frio», considerou a FPLP, que exigiu uma intervenção internacional urgente para deter os continuados crimes do exército ocupante.
Segundo dados oficiais, desde o início da actual etapa da agressão israelita, em Outubro de 2023, mais de 178 mil palestinianos foram mortos ou feridos na Faixa de Gaza, a que se somam cerca de 11 mil desaparecidos sob os escombros de habitações, escolas, hospitais e outras estruturas destruídas.
A crise humanitária agravou-se na Faixa de Gaza desde 2 de Março, quando o governo de Netanyahu promoveu um bloqueio total ao território. Nas últimas semanas, as forças ocupantes permitiram a entrada de alguns bens alimentares, mas em quantidades muito insuficientes.
Israel recusa parar a agressão
No início desta semana, o Egipto e o Qatar afirmavam manter «intensos contactos» para alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza, onde mais de dois milhões de palestinianos sofrem, por parte de Israel, uma agressão genocida desde Outubro de 2023.
Num comunicado conjunto, os ministérios dos negócios estrangeiros dos dois países anunciaram que «continuam a intensificar os seus esforços para ultrapassar as diferenças e resolver problemas pendentes».
O Egipto e o Qatar pretendem que um novo cessar-fogo de 60 dias possa abrir caminho a um cessar-fogo permanente, o qual «permitiria o fim da crise humanitária sem precedentes na Faixa de Gaza, a abertura das passagens fronteiriças e a entrada de ajuda».
A resistência palestiniana apresentou propostas com vista a pôr fim à guerra, a que Israel se opõe.
«Uma bomba silenciosa, mas mortal»
A cidade de Gaza sofre hoje uma severa crise hídrica devido à destruição causada pelos ataques israelitas contra o território e os cortes no fornecimento de água levados a cabo por Israel.
O município de Gaza advertiu que a situação se agravará nos próximos meses com a chegada do Verão e o consequente aumento das temperaturas.
Gaza está a experimentar condições catastróficas devido à destruição de aproximadamente 75% dos seus poços de água desde Outubro de 2023 e à falta de combustível necessário para operacionalizar os restantes.
Os autarcas neste território acusaram a empresa responsável pela gestão da água em Israel de reduzir os níveis de bombeamento para a Faixa de Gaza. Tal situação provocou uma grave falta desse recurso vital, o que poderá conduzir a graves crises sanitárias e ambientais se a comunidade internacional não intervir. Face a esta situação, o município de Gaza tem apelado ao fornecimento de combustível e à reabilitação e operacionalidade das instalações e equipamentos destruídos.
Em Maio findo, a Autoridade da Água palestiniana alertou para um iminente desastre humanitário que ameaça a população de Gaza em resultado do colapso dos serviços de abastecimento de água e de saneamento provocado pela agressão israelita. A destruição da infra-estrutura, os cortes de electricidade e a falta de combustível e de consumíveis essenciais estão na base de uma interrupção quase total dos serviços de fornecimento de água.
Gaza converteu-se numa região em que se morre de sede, destacou a referida entidade, pormenorizando que 85% das instalações de água e saneamento sofreram graves danos. A captação de água caiu entre 70 e 80%, pelo que o consumo per capita diminuiu para apenas três a cinco litros por dia, que é muito menos do que o mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde em condições de urgência.
As Nações Unidas denunciam que a infra-estrutura hídrica do território foi destruída em 70% durante os ataques militares israelitas. Reiteram que mais de dois milhões de palestinianos na Faixa de Gaza sofrem grave escassez de água potável. E acusam Israel de destruir sistematicamente a infra-estrutura hídrica e impedir o acesso a fontes de água limpa no território, o que consideram ser «uma bomba silenciosa, mas mortal».