Israel desencadeou uma agressão militar contra o Irão, num momento em que Teerão e Washington mantinham negociações indirectas sobre o programa nuclear iraniano. Os EUA sabiam do ataque e apoiam o governo israelita, assim como o fazem as potências da NATO e da UE. Diversos países e organizações internacionais condenaram a agressão.
Lusa
O ataque israelita foi desencadeado enquanto decorriam conversações indirectas, com nova ronda prevista para domingo, 15, em Omã, entre delegações do Irão e dos Estados Unidos da América (EUA), sobre o programa nuclear iraniano. Washington diz que teve conhecimento prévio da agressão por parte de Israel.
Em resposta aos bombardeamentos israelitas, Teerão lançou mísseis e drones contra Israel, visando alvos militares e diversas instalações israelitas.
EUA apoiam Israel
Os EUA enviaram para Israel antes do início da agressão israelita ao Irão, cerca de 300 mísseis ar-terra AGM-114 Hellfire, o que confirma que Washington tinha conhecimento prévio do ataque – reportou no sábado, 14, o portal web Middle East Eye.
Dado que os mísseis eram parte de um pacote de armas no valor de 7.400 milhões de dólares, aprovado pelo Congresso norte-americano em Fevereiro, a transferência não exigiu qualquer nova notificação.
O presidente norte-americano, Donald Trump, negou a participação do Pentágono na ofensiva militar, embora tenha admitido que estava a par da mesma antes do seu começo. As autoridades iranianas, no entanto, acusam a Casa Branca de ser parte da agressão e denunciaram o seu apoio irrestrito ao governo do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu.
Também o Reino Unido, França e Alemanha – alguns dos que armam, financiam e apoiam o genocídio cometido por Israel na Faixa de Gaza – declararam o seu apoio à agressão israelita, procurando hipocritamente transformá-la em “defesa”.
Moscovo e Pequim condenam agressão
A China condenou a agressão de Israel, salientou a sua oposição a violações de soberania e manifestou-se a favor da segurança e integridade territorial do Irão.
Segundo as autoridades chinesas, o repentino agravamento da situação regional no Médio Oriente não beneficia nenhuma das partes. «A China insta a todas as partes interessadas que façam mais para promover a paz e a estabilidade regionais e evitar uma maior escalada das tensões», vincaram.
Também o governo da Rússia condenou «veementemente» as acções de Israel, afirmando que as mesmas «minaram drasticamente o progresso de esforços diplomáticos» que visam reduzir tensões e procurar soluções para «eliminar suspeitas em torno do programa nuclear pacífico do Irão». As autoridades russas salientam o facto dos ataques terem decorrido durante as negociações entre Irão e EUA e acusam países ocidentais por terem provocado a «recente onda de histeria anti-Irão» e de serem, assim, responsáveis pela escalada em curso.
Outros países, como o Brasil, condenaram os ataques israelitas. O governo liderado por Lula da Silva fala de uma «grave violação do direito internacional e da soberania do Irão». Também a Liga Árabe condenou os ataques, considerando-os uma «flagrante violação do direito internacional» que agravam o risco de «mergulhar a região num conflito mais vasto».
PCP condena ataque e genocídio
O PCP emitiu um comunicado, dia 13, sobre os ataques de Israel contra o Irão:
«O PCP considera da maior gravidade e condena veementemente a agressão de Israel ao Irão, na sequência de diversas e graves provocações e ataques que efectuou contra este país, do genocídio do povo palestiniano e dos permanentes bombardeamentos e ocupação por Israel de território libanês e sírio.
A agressão de Israel ao Irão não podia ter sido realizada sem o apoio dos EUA e a cumplicidade das grandes potências da NATO e da UE, que têm promovido décadas de violações do direito internacional, de ingerência, de desestabilização e de guerra no Médio Oriente.
Os EUA e Israel, único país detentor de armas nucleares no Médio Oriente, são os primeiros e principais responsáveis pelo sério agravamento da situação nesta região e pelas consequências desta nova agressão.
Recorde-se que esta agressão se verifica no momento em que estavam a ter lugar negociações indirectas entre o Irão e os EUA relativamente ao acordo sobre o programa nuclear iraniano, acordo que os EUA haviam inaceitavelmente e unilateralmente abandonado em 2018, para tentar impor ao Irão as suas condições de domínio.
O PCP insta o Governo português a condenar a escalada de guerra que Israel, com a conivência dos EUA, do Reino Unido e da UE, leva a cabo no Médio Oriente e a exigir o seu fim imediato(...)»