À conversa com o Avante!, Francisco Queiroz, vereador e candidato da CDU a presidente da Câmara Municipal de Coimbra, fala sobre os avanços conquistados através do trabalho da CDU e da luta das populações, mesmo inseridos num contexto difícil com uma maioria de direita no executivo municipal.
Se passos positivos se deram no concelho de Coimbra, esses certamente têm a marca da intervenção da CDU, força que vem assumindo diversos pelouros no executivo municipal, mesmo em quadros de correlação de forças bastante difíceis. «Aceitamos responsabilidades executivas quando existem condições que permitem exercê-las com total independência» assume assim o vereador, Francisco Queiroz, garantindo que estas responsabilidades nunca impediram a CDU de fazer oposição e «inclusive de votar contra os orçamentos municipais».
Mesmo exercendo, actualmente, pelouros «inseridos noutras áreas administrativas» – os Espaços Verdes e Jardins, no Ambiente, ou Bibliotecas e Arquivos, na Cultura – existe «obra feita» fruto de «uma forma de estar na vida autárquica» diferente. «Somos do povo», «viemos de lá e estamos lá», refere o vereador antes de mencionar as muitas tribunas e sessões com a população conimbricense, que em muito impactam o desenvolvimento das políticas adoptadas nos pelouros assumidos.
É a «CDU que dá voz às reclamações das populações», desde a exigência de obras na maternidade ou da construção do novo tribunal à «defesa de um comércio tradicional» e «duma baixa que tem de ter vida». Também muito se faz fora dos pelouros e da componente executiva do trabalho autárquico em Coimbra, destacando-se sempre uma visão diferente sobre o que deve ser o concelho, como o foco na convicção de que é «preciso preservar a ideia de bairro», estes que «têm uma vida própria, uma cultura própria» e são feitos por aqueles que neles habitam.
Em defesa das populações
Desde 2009 até às últimas eleições autárquicas, Francisco Queiroz assumiu o pelouro da Habitação, com trabalho feito «em defesa do interesse da população» e onde «marcámos a diferença». O papel na reanimação de associações de moradores, numa «plataforma de reunião permanente», foi essencial «numa altura de pouco apoios e fundos» em que, mesmo assim, se conseguiu caminhar «no sentido de ir melhorando as condições de vida das populações dos bairros».
«Há todo um património de reabilitação e intervenção dos bairros», refere o vereador quando recorda que «foi a CDU que impôs que se avançasse com a reabilitação dos bairros» e que «foi lançada a estratégia municipal de habitação para o concelho». Ainda hoje, ao andar pelo bairros, são muitas as pessoas que afirmam: «vocês tinham outra forma de estar».
Também na Medicina Veterinária se deram importantes passos, seja na introdução de uma regra contra o abate antes da legislação a confirmar, seja nas campanhas de sensibilização em que, com ligação às escolas e outras instituições, se tem dado a conhecer o canil de Coimbra. A grande diferença «passou por tornar visível um serviço municipal, aberto à comunidade, com uma forma diferente de tratar o bem-estar animal e a saúde pública».
Pelo ambiente
Quanto ao pelouro dos Espaços Verdes e Jardins, «num contexto em que Coimbra está a sofrer com coisas em sentido contrário» e o «que está a acontecer é que muitas árvores estão a ser destruídas», tem sido possível plantar tantas outras através de «planos anuais e bianuais», assim como avançar com «a criação de bosquetes na cidade», com destaque para o trabalho com o bosque dos Lóis.
Dificilmente se pode falar de ambiente sem mencionar os transportes públicos, batalha central da CDU, seja na defesa dos direitos e condições dos trabalhadores dos SMTUC (que estiveram recentemente em greve) à procura de garantir transporte de qualidade que sirva todo o concelho, remando contracorrente face ao «encerramento da linha da Lousã» e «obras que nunca mais acabam, com todas as consequências para a mobilidade das pessoas».
Valorizar a Cultura
Numa cidade com tão vasto património histórico, já há muito se exigia a digitalização e disponibilização dos espólios e arquivos municipais, tarefa empreendida pela CDU e que o vereador descreve como «um pequeno passo que ainda ninguém tinha dado antes». Este caso, como tanto outros, demonstra a forma como se utilizam as «ferramentas do poder local democrático» para servir as populações, pois, mesmo sem o pelouro da Cultura, acaba-se «muitas vezes a fazer o que este não faz».
É organizando «seminários, mostras de trabalhos diversos e iniciativas como as primeiras jornadas de Paleografia e Diplomática», avançando com uma «rede de bibliotecas e arquivos municipais» ou promovendo eventos «em grande ligação com os agentes culturais do concelho» que se alcança uma política «que lança sementes à terra», que desenvolve interesses e «cria público».
Isto não quer dizer que o trabalho na divisão das Bibliotecas e Arquivo seja fácil, especialmente quando confrontado com uma visão «de foguetório» do restante executivo sobre a Cultura. Francisco Queiroz afirma que «uma política cultural tem de estar no terreno, tem de ter chão», alicerçando-se «nas associações, nas colectividades, nos agentes culturais que, felizmente, em Coimbra, há muitos.»
Reforçar as freguesias
«Desde sempre defendemos a importância de dar mais destaque às freguesias»: esta bandeira (sem confundir com a transferência de competências sem a devida alocação de recursos como a direita tanto gosta) que levou a avanços nos últimos anos como o aumento dos orçamentos ou a implementação de «relatórios trimestrais de trabalho da Câmara com as freguesias».
Se hoje «as freguesias têm muito mais meios para dar resposta», isso deve-se ao trabalho desenvolvido pela CDU, reconhecido e valorizado pelas populações. O caso da freguesia de Sernache e da união de Taveiro, Ameal e Arzila (ambas lideradas pela CDU) são prova disso, sendo freguesias «onde há uns anos atrás tínhamos pouca expressão e agora temos tido largas maiorias.»
O vereador da CDU destaca a importância de combater as disparidades dentro de um concelho onde «continua a haver zonas muito no interior, sem equipamentos fundamentais e que não são servidas de transportes públicos». «Não muito longe do centro da cidade, já estamos muito longe do centro da cidade», afirma Francisco Queiroz. É essencial olhar para o concelho na sua plenitude, pois «é tão cidadão de Coimbra alguém que vive no Botão ou alguém de Santo António dos Olivais.»