Administração local na rua por salários e revogação do SIADAP

Milhares de trabalhadores da administração e do sector empresarial locais percorreram, no dia 27, as ruas de Lisboa, num protesto em defesa de melhores salários e contra opções injustas como o SIADAP.

Trabalhadores exigem uma avaliação justa e sem quotas

Na base da acção, afirmou o STAL (que convocou o protesto com o STML), está o prosseguimento do que é caracterizado, em nota de imprensa de dia 25, como a continuidade das «“velhas” políticas de direita, cujas implicações gravosas voltam», após a passagem do Programa do Governo, «a recair sobre os trabalhadores».

Este Programa, sublinhou, continua a não dar resposta às legítimas expectativas e justas reivindicações dos trabalhadores da administração e sector empresarial locais, agravando injustiças e desigualdades, e negando o direito e o acesso ao serviços públicos e funções sociais do Estado.

No sentido de melhor esclarecer as principais reivindicações patentes no protesto, e ainda durante o seu percurso – que teve início no Chiado, desembocando no Parlamento – o Avante! falou com Benvinda Borges, coordenadora do STAL em Angra do Heroísmo. A dirigente destacou como uma das principais lutas a revogação do SIADAP, sistema injusto de avaliação na administração pública, asseverando que «é urgente e necessário ter uma avaliação justa, sem quotas».

Benvinda Borges sublinhou, ainda, a necessidade de mais salários,questionando: «como é que um trabalhador com o salário mínimo consegue viver dignamente?»

A luta continua

No final do percurso, Sebastião Santana, coordenador da Frente Comum, criticou a anunciada política do Governo, que pretende, afirmou, «dividir para reinar», individualizando as relações de trabalho. O dirigente anunciou, ainda, que será realizada, no dia 17 de Julho, às 11h00, em Lisboa, uma marcha da Frente Comum.

Já Nuno Almeida, presidente do STML, assinalando a importância dos trabalhadores da administração e sector empresarial locais na vida das populações, lembrou algumas das propostas do sector: aumento geral dos salários em 15 por cento (no mínimo de 150 euros); aumento do subsídio de refeição para 10,50 euros; revogação do SIADAP; e eliminação de todas as formas de precariedade.

Por seu lado, Cristina Torres afirmou que o protesto deu «uma forte resposta àquilo que este Governo, que “cheira” muito a troika, parece pretender fazer». A presidente do STAL saudou alguns dos muitos trabalhadores presentes, designadamente os das câmaras municipais, juntas de freguesia, dos grupos EGF e Águas de Portugal, da Amarsul, da Ersuc, da Resinorte, da Resistrela, das associações humanitárias de bombeiros e dos serviços municipalizados de transporte (em particular os de Coimbra, em luta desde Fevereiro).

Governo contra Abril

«É isto [milhares de trabalhadores na rua] que nos caracteriza; é isto que caracteriza a luta de classes; é isto que caracteriza se ganhamos ou perdemos. Está aqui uma forte demonstração da luta dos trabalhadores da administração local», começou por afirmar Tiago Oliveira.

O Secretário-Geral da CGTP-IN frisou que o momento é de resistência e combate ao Programa de Governo: «sabemos o que temos pela frente, a quem responde este Programa, e não responde aos interesses de quem trabalha ou trabalhou uma vida inteira, nem dos que, hoje, entram para o mundo do trabalho».

Tiago Oliveira recordou, igualmente, os anunciados ataques ao direito à greve, assinalando que «foram 48 anos», no fascismo,«em que os trabalhadores foram impedidos de lutar e fazer greve». Por isso, destacou: «aquilo que vocês estão a fazer é uma conquista de Abril, é uma conquista dos trabalhadores!».

Solidariedade do PCP

Uma delegação dos comunistas, encabeçada por Paulo Raimundo (e que contou com o candidato à presidência da câmara da capital, João Ferreira), esteve presente no protesto.

Em declarações à imprensa, o Secretário-Geral saudou os trabalhadores presentes, assinalando que são eles quem «garante o funcionamento das autarquias e de serviços públicos». Por isso, e não só, frisou, «merecem mais salários e melhores carreiras e condições laborais».

 



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