Com a CDU, pelo direito à cidade onde se possa e dê gosto viver
A CDU corporiza um projecto «com provas dadas, com trabalho realizado, que não vacila em nenhum momento perante interesses, mesmo que muito poderosos»: a garantia, deixada pelo Secretário-Geral do PCP em Lisboa, é válida para todos os concelhos e freguesias do País e é um dos principais motivos que justificam o reforço da coligação nas próximas eleições autárquicas.
Os candidatos da CDU não serão notários dos interesses dos promotores imobiliários
A coligação que une comunistas, ecologistas e (sobretudo nas autarquias) muitos e muitos milhares de independentes é uma «frente unitária e popular» com um projecto distintivo: o de construir uma cidade «onde se possa e dê gosto viver». Esta foi uma das ideias sublinhadas por Paulo Raimundo na apresentação dos candidatos da CDU à Câmara e Assembleia municipais de Lisboa, realizada no passado dia 3 no Largo do Arco do Cego, em pleno coração da cidade.
Após saudar os candidatos, os eleitos e os activistas presentes – e eram tantos, com diversas experiências e percursos –, o Secretário-Geral do PCP dirigiu-se em particular a quem, podendo até ter tomado as mais variadas opções de voto no passado, sabe que é na CDU que está «a palavra dada e honrada, que é aqui que está a clareza de combate às opções erradas, venham de quem vierem e apoiadas por quem forem; é aqui que está o trabalho, a honestidade e a competência, é aqui que está o projecto pelo direito à cidade». E lançou o desafio: «Venham, dêem força a esta que é a vossa força!»
Denunciando o agravamento da exploração, das injustiças e das desigualdades e reconhecendo que o poder local não consegue, por si só, dar resposta aos «problemas mais fundos que afectam o nosso povo», Paulo Raimundo garantiu que mais votos e mais mandatos na CDU nas eleições autárquicas reforça quem, de modo mais consistente e coerente, se bate por um rumo diferente, melhor, na cidade como no País: «Tomemos a iniciativa, intensifiquemos o esclarecimento e a mobilização, falemos com muita gente, com gente nova e nova gente, façamos das eleições autárquicas uma grande jornada de contacto e mobilização popular», insistiu.
Representantes do povo
Uma vez eleitos, os candidatos da CDU serão «representantes do povo de Lisboa, não serão notários dos interesses dos promotores imobiliários», garantiu o candidato a presidente da Câmara Municipal de Lisboa, João Ferreira, que antecedeu a intervenção do Secretário-Geral do PCP. Para o actual vereador, isto significa que «terão obrigatoriamente de fazer aquilo que a gestão PSD/CDS/Moedas não fez, mas que em boa verdade os vereadores do PS também não fizeram, como antes não tinha feito a gestão PS nos 14 anos que teve o governo da cidade nas mãos»: nas grandes decisões que prejudicaram Lisboa e os lisboetas, lembrou, a maioria PSD e CDS contou com o apoio do Chega, da IL e também do PS.
Os candidatos ali apresentados – cerca de 45, para a Câmara e Assembleia municipais – são, prosseguiu João Ferreira, «destacados construtores da cidade, obreiros de uma cidade diferente»: uma cidade «cómoda, moderna, não agressiva – que o seja para todos os que nela vivem e trabalham e não apenas para alguns». O combate à especulação imobiliária, o planeamento urbanístico participado e transparente, a política de mobilidade assente na prioridade ao transporte público, o combate à poluição, o direito à criação e fruição da cultura assumida com uma visão ampla, o apoio aos jovens e aos mais velhos e a mobilização de meios para intervir sobre as «injustiças e desigualdades crescentes» foram prioridades salientadas pelo candidato.
Propor, fazer, imaginar
A candidatura da CDU em Lisboa é acima de tudo um compromisso com a cidade enquanto «lugar de resistência activa e criativa», salientou a primeira candidata à Assembleia Municipal, Sofia Lisboa, para quem resistir «para além de dizer que não, é também propor, fazer, imaginar, reconstruir». Lisboa, acrescentou, «não tem de ser um produto; pode – e deve – ser, de novo, a nossa casa. Uma casa partilhada com quem cá chega para trabalhar, para viver, para procurar uma vida melhor».
Relativamente ao órgão a que se candidata, Sofia Lisboa vê-o como um «lugar de denúncia, de proposta, de fiscalização – a verdadeira voz dos trabalhadores e da população», recordando os problemas e as lutas a que os eleitos pela CDU deram voz nos últimos anos.
Em representação do Partido Ecologista «Os Verdes», Cláudia Madeira acusou a actual maioria de nada ter feito em relação à saída do aeroporto de dentro da cidade e aos voos nocturnos. Para a CDU, pelo contrário, «não há dúvidas: a saúde o ambiente são uma prioridade e nenhum interesse privado se pode sobrepor aos interesses da cidade e da população». A dirigente ecologista denunciou ainda o agravamento, nos últimos anos, de alguns dos principais problemas de Lisboa: as dificuldades no acesso à habitação, o estado «lamentável» da higiene urbana, a má qualidade do ar, o ruído…
Lisboa precisa de ajuda
«Vi uma Lisboa popular e solidária, vi a cidade a modernizar-se, a resistir, a cair e a levantar-se. Mas hoje vejo uma Lisboa que precisa mais de ajuda do que nunca. Precisa de ajuda para voltar a ser uma cidade de quem nela vive e trabalha e não um produto de luxo ao serviço de interesses especulativos.» Esta foi uma das razões invocadas pelo apresentador, cantor e educador Francisco Lucas Mendes ter aceitado ser o mandatário da candidatura da CDU na cidade de Lisboa. Em tempos de «promessas vazias e políticas de unicórnios, é urgente afirmar quem está sempre presente, quem nunca virou a cara à luta, quem dá voz à resistência e a quem constrói todos os dias a cidade», acrescentou.
Unidade contra a minoria que se julga dona-disto-tudo
Vive-se no País uma luta na qual se confrontam «os interesses da larga maioria com a minoria que se julga dona-disto-tudo», denunciou Paulo Raimundo, salientando que a essa minoria «nunca se pergunta qual é a nacionalidade, qual é a cor ou a religião».
Trata-se de uma minoria que (essa sim!) cresce à conta dos benefícios fiscais, das reduções do IRC, dos fundos comunitários, do desvio de recursos públicos, de apoios e benesses do Estado, de leis feitas à medida. Uma minoria poderosa que tem nas mãos a banca, os aeroportos, a indústria, a energia, as telecomunicações, hospitais, seguradoras e que promove forças e partidos que recorrem a uma agenda «mentirosa e demagógica para dividir os trabalhadores».
«Enquanto responsabilizarmos o pobre pela nossa pobreza, enquanto olharmos para o outro trabalhador como a causa da nossa exploração e dificuldades, essa minoria vai-se enchendo à custa da nossa divisão», prosseguiu o dirigente comunista, apelando à valorização de quem produz a riqueza – os trabalhadores, todos, independentemente do sítio onde nasceram, do tom da sua pele, da língua que falam ou da religião que professam.
Em Sintra, a construção de um futuro melhor é colectiva
No dia anterior, Paulo Raimundo esteve em Rio de Mouro, concelho de Sintra, na apresentação dos candidatos da CDU, num comício em que também interveio Pedro Ventura, candidato a presidente da Câmara Municipal. Para o candidato, e actual vereador, a CDU é a «coragem que engrossa fileiras na afirmação e construção de uma vida melhor». É também a coligação PCP-PEV que «une em torno do progresso local e do interesse público. É aqui que aqueles que querem, procuram e lutam por melhores condições de vida encontram os que nunca faltaram à chamada».
Pedro Ventura garantiu que a presença e o reforço da CDU, em Rio de Mouro como no concelho, são tão mais decisivos quanto se «intensifica, a partir do Governo, uma política de desprezo pelos interesses das populações, de abandono e venda de aspectos essenciais à vida». O que por sua vez, continuou, «exige uma atitude firme na representação dos interesses populares e na reivindicação dos direitos que cabe ao Estado garantir».
Não há espaço para dúvidas de que essa firmeza se encontra apenas na CDU, garantiu o candidato, para quem falar desta força e dos seus eleitos é «falar de compromisso com a população que não se esgota nas eleições»; é falar de «construção, convergências e junção de ideias com muitos independentes que partilham os seus princípios»; é falar de um projecto que assume uma garantia: «para lá dos resultados eleitorais, no dia a seguir às eleições, é com as mulheres e os homens da CDU que a população pode contar».
Paulo Raimundo dirigiu-se aos apoiantes que enchiam a praceta e aos que o escutavam das varandas e das esplanadas, apelando a que «não se deixem levar pelos cantos de sereia». Na CDU, afirmou, nesta «grande frente unitária popular, há gente séria, gente de verdade, de trabalho, honesta e competente, mas também há muita gente séria por aí fora», constatou. «Falemos com todos eles, vamos buscar esta gente para este projecto que é também o seu projecto», afirmou antes de terminar.
Na sessão-pública foram ainda apresentados os primeiros candidatos às 15 freguesias do concelho de Sintra.