Sucedem-se as ameaças da administração norte-americana e as medidas coercivas disparadas para todos os azimutes do globo. Afundados em dificuldades económicas, de que é exemplo a sua colossal dívida, e perante a emergência de países que afirmam os seus direitos e soberania, os EUA, a partir da figura tenebrosa de Trump, procuram impor as suas “regras” até aos mais fiéis vassalos. “Regras” que, desrespeitando e afrontando abertamente os princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional, mais não são do que ditames com que os EUA tentam travar o seu o declínio relativo e garantir o seu domínio no plano internacional.
Os anúncios desta semana de novos valores para as taxas aduaneiras a serem aplicadas pelos EUA, após um período negocial, no próximo dia 1 de Agosto – como os 30% para os países que integram a União Europeia, o México ou a África do Sul; os 35% para o Canadá; os 40% para o Laos ou os 50% para o Brasil, entre muitos outros exemplos –, constituindo um exercício de chantagem, visam impor os interesses do imperialismo norte-americano, atingindo as economias de outros países e afectando as condições de vida dos seus povos. Manobra cujo sucesso dependerá do posicionamento mais ou menos assertivo de cada um dos países visados em defesa dos seus legítimos interesses, assim como da sua concertação, face à inaceitável pressão dos EUA.
É de realçar que nos valores anunciados até agora, o Brasil é um dos países mais afectados, o que não está desligado da realização da XVII Cimeira do BRICS no Rio de Janeiro na passada semana, em que foi reafirmada a vontade de prosseguir e reforçar a cooperação e o relacionamento mutuamente vantajoso entre os seus membros e parceiros. Trump chegou mesmo a ameaçar que qualquer país que se alinhe com o BRICS será punido com uma taxa adicional de 10%, «sem excepções».
A aposta nas sanções e na guerra é a receita que os EUA querem impor ao mundo para tentar preservar a sua hegemonia. No seguimento de todos estes anúncios e após o encontro com o Secretário-Geral da NATO na Casa Branca, nesta segunda-feira, Trump ameaçou com a aplicação de taxas aduaneiras secundárias de 100% aos países que tenham relações comerciais com a Rússia se esta não aceitar no prazo de 50 dias os termos impostos pelos EUA quanto ao conflito que se trava na Ucrânia. Ao mesmo tempo, Trump anunciava o envio de mais armas através da NATO, e pagas pelos países europeus, para prolongar a guerra. Um anúncio que Mark Rutte aplaude e acopla às decisões da Cimeira da NATO, realizada no mês passado, em que foi decidido aumentar os gastos militares até 5% do PIB de cada país. Uma escalada armamentista dos EUA, da NATO e aplaudida pela UE, que fala em “paz” enquanto manda mais achas para a fogueira.
São tempos de constantes convulsões na situação internacional, de verdadeira ameaça à paz global, que urge travar. Não se adivinhando um caminho isento de dificuldades, os sinais de países que se recusam subordinar aos ditames do imperialismo norte-americano, com papel destacado para a República Popular da China, dão esperança. Caberá às forças revolucionárias e progressistas o reforço da luta dos povos pelos seus direitos e soberania, incluindo pela paz.