É hora de retomar o trabalho em Mora
O Avante! esteve à conversa com Luís Simão, candidato a presidente da Câmara de Mora, Luís Branco, vereador da CDU, e Maria Joaquina Salgueiro, presidente da Assembleia Municipal de Mora. Em destaque estiveram os mais de 40 anos em que a CDU liderou a autarquia, os recuos nos últimos anos, as expectativas de voltar a conquistar a gestão da autarquia e, claro, os projectos para o futuro.
É hora de voltar a dar mais força às vidas de todos aqueles que escolheram Mora para ser a sua casa
Aquilo que é hoje a realidade do concelho de Mora, localizado no distrito de Évora, é indissociável da marca CDU e do período em que a coligação PCP-PEV liderou a autarquia: desde os primeiros anos após a Revolução, e até há quatro anos, quase tudo mudou na vida de quem ali mora.
Luís Simão, actual candidato da CDU a presidente da Câmara, acompanhou desde muito cedo todo o processo de transformação empreendido pela CDU na terra que o viu nascer, tendo inclusive assumido o cargo de presidente da autarquia durante três mandatos (2009-2021). Procurando agora o regresso da CDU ao sítio de onde nunca devia ter saído, conta o quanto a realidade mudou ao longo dos últimos 50 anos: «A seguir ao 25 de Abril, todos sabíamos que existiam dificuldades, seja no abastecimento da água, nas vias de comunicação, no plano ambiental, entre muitas outras áreas.» Hoje, pode-se afirmar que «resolvemos os reais problemas da população», «as ruas estão todas pavimentadas, as estradas municipais estão boas e há muita obra feita para mostrar.»
Uma das grandes obras empreendidas pelos executivos da CDU é o Fluviário de Mora, situado no Parque Ecológico do Gameiro, local onde decorreu esta mesma conversa. Esta atracção que, «colocou Mora no mapa», é responsável pela «visita de mais de um milhão de pessoas», muitas delas acabando por ficar mais tempo no concelho, apreciando a riqueza da sua paisagem natural e ajudando a dinamizá-lo.
Num município que, tal como grande parte do Interior do País se confronta com o abandono e a desertificação, é crucial a valorização do trabalho e das potencialidades da região para garantir a fixação de todos aqueles que possam contribuir para o futuro do concelho. Assim foi o caso com a Zona Industrial de Mora, «onde a Câmara adquiriu os terrenos, construiu a infra-estrutura e criou as condições para se instalarem ali mais empresas».
Também no plano da habitação se criaram as condições para combater a crise que impossibilita a grande maioria da população de concretizar o sonho de ter uma casa a que possam chamar sua. Através de «apoios, projectos feitos, preços baixos dos lotes» e com a criação de um «programa de recuperação de casas degradadas», a realidade mostra hoje um «concelho equilibrado», onde «os jovens podem ter acesso à habitação a preços muito acessíveis».
Combater retrocessos
Contrários àquele que havia sido o caminho assumido em todos os mandatos anteriores, estes últimos quatro anos, com o PS à frente da Câmara, destoam em absoluto da gestão CDU. «O trabalho nestes quatro anos foi demasiado mau», afirma Luís Simão após referir as «onze obras em andamento, a maior parte em fase final de execução» que a CDU deixou em 2021, que o PS optou por deixar na gaveta, atrasar as construções e até, em certos casos, entregar novamente fundos para obras que já estavam adjudicadas.
Olhos postos no futuro
É hora de voltar a dar mais força às vidas de todos aqueles que escolheram Mora para ser a sua casa. «Ir mais longe para fixar os jovens», «dar mais apoio às pessoas institucionalizadas em lares» e «lutar para que a saúde melhore no concelho» são três das principais prioridades que o candidato assinala para o próximo mandato.
«Temos muito trabalho para fazer, mas iremos encará-lo com muita confiança e responsabilidade», certos de que as «pessoas irão confiar em nós», rematou.
Oposição firme e séria
Nos últimos quatro anos, os eleitos da CDU depararam-se com uma situação inédita, com a perda da presidência para o PS. Luís Branco, vereador da CDU sem pelouro ao longo deste período, garante que «a postura enquanto minoria na Câmara foi sempre construtiva e firme». Mesmo que «muitas das propostas não tenham sido aceites», os vereadores da CDU não deixaram de colocar no centro do debate, no seio do executivo camarário, aquelas que são as principais preocupações da população, assim como de votar contra propostas negativas para o concelho como o último mapa de pessoal apresentado.
Ao longo dos mais de 40 anos em que a CDU esteve à frente dos destinos de Mora, esta viu o seu património e cultura a serem valorizados com a criação e promoção de vários eventos construídos com o movimento associativo, como o caso do «Mês das Migas», a «ExpoMora» ou o «Festival Jovem» – eventos que, ao longo dos últimos quatro anos, o PS despiu da sua essência fundamental e, em certos casos, alterou mesmo o nome procurando colar-se à sua realização. A postura com o movimento associativo é mesmo um dos muitos factores que distingue claramente a forma de estar dos eleitos da CDU face aos demais: ao contrário de outros, os vereadores da CDU mantiveram-se presentes, nos últimos anos, ao lado das associações.
Com os pés assentes no chão
«Temos sempre de nos reinventar», acredita Maria Joaquina Salgueiro, presidente da Assembleia Municipal de Mora e candidata a vereadora nestas próximas eleições. Se quando, em 2021, a «perda da Câmara foi um murro no estômago para todos», a comunista afirma que rapidamente se foi «ganhando confiança, assentando os pés no chão» e desde aí traçar um caminho de «trabalho sério e honesto».
Apesar da perda da maioria na Câmara, a CDU continuou a merecer a confiança para liderar a presidência da Assembleia Municipal e três das quatro juntas de freguesia – Brotas, Cabeção e Mora – realidade que cedo «causou descontentamento» ao Partido Socialista, na visão da candidata da CDU. «A nossa primeira proposta foi a implementação de um verdadeiro relacionamento institucional entre a Câmara Municipal e todas as juntas de freguesia», esta proposta visava colocar os interesses do povo de Mora acima de qualquer outra coisa, evitando as disparidades que depois se verificaram entre as verbas transferidas para a freguesia liderada pelo PS (Pavia) face às restantes.
A actual presidente da Assembleia Municipal de Mora está confiante no regresso da CDU à presidência da autarquia, esperando que «quando for a hora de avaliar, as pessoas nos voltem a dar um voto de confiança.»