Israel prossegue genocídio do povo palestiniano
Mais de dois milhões de palestinianos estão a ser aglomerados e confinados em apenas oito por cento da Faixa de Gaza. A ocupação «procura acabar com a existência da população» palestiniana neste território, denunciam responsáveis palestinianos.
Centenas de milhares de palestinianos estão a ser aglomerados e confinados num reduzido espaço na Faixa de Gaza
Lusa
Israel pretende confinar mais de dois milhões de palestinianos em apenas oito por cento da Faixa de Gaza, denunciou um responsável da Defesa Civil neste território. Revelou que essa área, situada no sul da Faixa de Gaza, não é de nenhuma maneira segura porque está sujeita a contínuos bombardeamentos aéreos, completamente privada de alimentos e enfrenta condições humanitárias e ambientais catastróficas.
Após ordenar a evacuação de grande parte da cidade de Deir al-Balah, o exército israelita está a aglomerar centenas de milhares de pessoas num reduzido espaço, alertou. O responsável considerou que a actual fase da agressão é mais perigosa porque «a ocupação procura acabar com a existência da população palestiniana» na Faixa de Gaza.
Por sua vez, o presidente do Conselho Nacional Palestiniano, Rawhi Fattouth, criticou os sistemáticos ataques contra palestinianos que se concentram junto dos pontos de distribuição de parcos alimentos. Tais crimes alcançaram níveis sem precedentes de sofrimento humano e provocaram um colapso geral, sublinhou.
Fattouh condenou o bloqueio imposto a mais de dois milhões de cidadãos palestinianos no território e a falta de uma «acção internacional efectiva de acordo com as catastróficas violações» dos direitos humanos por parte de Israel. A esse respeito, renovou o seu apelo ao mundo para uma intervenção urgente para deter a campanha bélica ordenada pelo governo israelita, assim como «o assédio, a fome e a matança sem sentido».
Aos palestinianos deve ser permitido que usufruam dos seus «direitos mais básicos à vida e à dignidade». Porém, acusa, «só temos visto um silêncio absoluto e posições tímidas que não estão à altura da sua responsabilidade moral e humanitária», alertou.
Portugal trava referência à fome na Faixa de Gaza
A representação portuguesa na reunião do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSAM) da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), realizada na semana passada, em Bissau, impediu na declaração final uma referência à fome na Faixa de Gaza. A delegação de Portugal travou essa referência à fome e à insegurança alimentar da população palestiniana, as quais estão a ser usadas como arma de guerra pelo Estado de Israel.
A reunião do CONSAN, com o tema «A CPLP e a soberania alimentar: um caminho para o desenvolvimento sustentável», chegou a ter na versão preliminar uma alusão à insegurança alimentar da população palestiniana na Faixa de Gaza. No entanto, por iniciativa e exigência da representação portuguesa, foi cortada do texto final da declaração essa referência.
Em Lisboa, na Assembleia da República, o Grupo Parlamentar do PCP apresentou, no dia 18, uma pergunta ao Governo sobre o assunto.
«O actual Governo PSD/CDS já assumiu a sua chocante posição de negacionista face ao genocídio do povo da Palestina; já evidenciou a sua obstinação em manter Portugal na “minoria da vergonha” dos governos que se recusam a reconhecer o Estado da Palestina; agora decidiu acrescentar a esse aviltante currículo a sua intervenção para impedir a referência à fome e insegurança alimentar das populações e das crianças de Gaza» – considera o PCP num texto subscrito pela deputada Paula Santos.
Os comunistas pretendem saber como explica o Governo «este incompreensível e injustificável posicionamento de Portugal», na reunião do CONSAM da CPLP, de «travar e impedir qualquer referência na declaração final à tragédia da fome em Gaza».