Tropas francesas saíram do Senegal

Carlos Lopes Pereira

O Senegal viu-se livre de tropas francesas estacionadas no seu território, após uma presença militar ininterrupta de 65 anos, desde a independência daquele país, em 1960.

Agora, Dakar e Paris negociaram a saída pacífica e ordenada do contingente gaulês e a transferência das suas cinco bases militares para as autoridades senegalesas. Isto, depois de nos últimos três anos a França ter sido forçada a retirar as suas forças expedicionárias do Mali, do Níger, do Burkina Faso, do Chade e, antes disso, da República Centro-Africana.

Todos esses países da África Ocidental e Central foram no passado colónias francesas e decidiram libertar-se não só das tropas francesas nos seus territórios como também dos laços de dependência política e económica com a antiga metrópole. Paris mantém ainda na região «facilidades» militares no Gabão e na Costa do Marfim. Em África, a sua maior base continua a ser a que mantém em Djibuti.

O actual presidente do Senegal, Bassirou Diomaye Faye, quando assumiu o poder, no ano passado, exigiu a saída das tropas francesas até 2025. «O Senegal é um país independente e soberano e a soberania não é conciliável com bases militares estrangeiras», afirmou na altura. De facto, no dia 17 de Julho, a presença militar permanente da França no Senegal terminou, com uma cerimónia no Campo Geille de Ouakam, na capital senegalesa.

Perante autoridades militares e civis dos dois países, o chefe do estado-maior das forças armadas senegalesas, general Mbaye Cissé, interveio e destacou que a saída das tropas francesas é o resultado de «vários meses de discussões fraternais». Manifestou a disponibilidade do Senegal para construir uma «associação renovada» com a França. O novo quadro de cooperação militar, disse, estará focado no treino e formação, com a possibilidade de alargar-se a actividades estratégicas segundo as necessidades das forças senegalesas. «Fiéis aos seus princípios, as forças armadas senegalesas comprometem-se a trabalhar pelo estabelecimento efectivo de uma associação eficaz e equilibrada, baseada no respeito mútuo e na soberania de cada parte», realçou.

Pela sua parte, o general Pascal Ianni, chefe do Comando África francês, explicou que o processo de retirada das tropas francesas das suas bases no país e a transferência das instalações militares para as autoridades senegalesas decorreu de maneira gradual, seguindo um calendário negociado. «Esta profunda transformação da relação Senegal-França não supõe uma ruptura mas o início de uma nova página», garantiu. E confirmou que, a partir de agora, a cooperação militar estará centrada na formação e no apoio técnico segundo as prioridades de Dakar.

A saída dos militares franceses do Senegal ocorre num contexto de aumento da violência no Sahel, provocada, entre outras causas, pelas acções de grupos armados radicais. Para responder a esta situação, três países da região – Mali, Níger e Burkina Faso –, com novos governos, convidaram a França e os EUA a retirar as suas tropas dos seus territórios, acusando-as de nada fazer para combater o terrorismo, e constituíram a Aliança dos Estados do Sahel, tendo em vista conquistar a paz, reforçar a independência e soberania dos seus países e lutar pelo desenvolvimento e progresso social dos seus povos. Sem a presença de tropas estrangeiras…

 



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