Quintas do Avante!, o podcast
Depois dos primeiros quatro episódios, que abordámos numa edição anterior, o podcast da Festa – o Quintas do Avante! – prosseguiu com mais três: no dia 10, com a cantora Selma Uamusse; dia 17, com a escritora Patrícia Portela; e no dia 24, com Rodrigo Lima, vocalista da banda brasileira Dead Fish, que este ano subirá ao palco da Festa.
Comecemos pelo princípio… Selma Uamusse é uma voz incontornável da música feita em Portugal, partindo das suas raízes moçambicanas e fundindo-as com outras sonoridades. Já esteve várias vezes na Festa, como artista e como visitante, e tem com ela uma relação especial: os estudantes moçambicanos, lembra, tinham uma «conexão forte» com a Festa, sendo entre eles um ponto de encontro obrigatório. É, para ela, um lugar muito querido.
«Vivemos um momento em que nos estão a tentar convencer de que a união não faz a força. O meu lema é e sempre será: ”sozinhos até podemos ir mais depressa, mas juntos vamos mais longe”, realça a cantora, salientando que quem pretenda assistir ao seu concerto deverá ir precisamente com essa expectativa «de partilha, de união». Quanto aos que não forem, lamenta, «temos pena, pois estarão mais sozinhos».
Para a escritora Patrícia Portela, vivemos tempos em que festas como a do Avante! fazem todo o sentido: «não são as festas para esquecer o que se passa lá fora, mas para celebrar o que conquistámos lá fora e cá dentro». No primeiro fim-de-semana de Setembro, garante, «lá estarei» – desde logo a apresentar o seu espectáculo Mercado das Madrugadas, que integra a programação do Avanteatro. Segundo a autora, é um espectáculo que deveria aparecer em «todas as praças, ruas e cantinhos».
Na conversa, a autora de “Manual para Andar Espantada por Existir” fala também do ofício da escrita – que é pensamento e conversa com o leitor.
Rodrigo Lima confessa que a sua banda, Dead Fish, está honrada pelo convite para actuar na Festa do Avante!, algo por que esperava desde 2023. Do concerto, o público poderá esperar um apanhado de mais de 30 anos de carreira, mas sobretudo ficar a conhecer do mais recente trabalho, Labirinto da Memória, que é «uma carta ao Brasil actual». Inspirados pela estética hardcore, com toda a centralidade que dá à “mensagem” das canções, os Dead Fish resolveram posicionar-se politicamente de forma aberta no período que antecedeu o golpe contra a presidente Dilma Roussef, com o recrudescimento do neofascismo e da ideologia de direita. Para Rodrigo Lima, o novo disco propõe precisamente «um exercício de memória» e um trabalho de «exigir o que nos foi prometido lá atrás».
Hoje sai um novo episódio.