- Nº 2697 (2025/08/7)

África Austral debate novos desafios

Internacional

Decorreu de 25 a 28 de Julho, em Joanesburgo, a Cimeira dos Movimentos de Libertação 2025, que escolheu como tema central «Defender as conquistas da libertação, promover o desenvolvimento sócioeconómico integrado, fortalecer a solidariedade para uma África melhor».

Participaram dirigentes ao mais alto nível do Congresso Nacional Africano (ANC), da África do Sul; da Organização do Povo do Sudoeste Africano (SWAPO), da Namíbia; da União Nacional Africana do Zimbabué-Frente Patriótica (ZANU-PF), do Zimbabué; do Chama Cha Mapinduzi (CCM), da Tanzânia; do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA); e da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO).

Ao longo de quatro dias, as intervenções convergiram sobre questões nacionais e internacionais. Foi unanimemente condenado o genocídio do povo palestiniano cometido por Israel na Faixa de Gaza. Foi manifestada solidariedade com o povo do Sahara Ocidental, em luta pela sua independência, e solidariedade com Cuba, que enfrenta há décadas o bloqueio e a hostilidade do imperialismo norte-americano.

Os intervenientes destacaram a importância histórica das vitórias dos povos da África Austral, com a sua luta e a conquista da independência em Moçambique, Angola, Zimbabué e Namíbia e com o fim do regime racistana África do Sul. E expressaram a necessidade de prosseguir, atendendo às realidades emergentes no mundo e em cada um dos países da região, a luta pelo reforço da independência e da soberania, contra o imperialismo, o neocolonialismo e todas as formas de dominação estrangeira.

O presidente do ANC e da África do Sul, Cyril Ramaphosa, falou das organizações enraizadas numa história comum de luta, ligadas por uma tradição de resistência e por um futuro que «exige memória, imaginação, ousadia e coragem». Referiu que os movimentos de libertação da África Austral foram temperados nas trincheiras da luta anticolonialista e anti-apartheid e que, hoje, juntos, devem de novo ser forjados no fogo de uma nova luta: «a luta pela justiça social e económica para os nossos povos, a unidade regional, a integração e a soberania, no meio de uma ordem global cada vez mais hostil».

Ramaphosa prestou homenagem aos «gigantes fundadores» Julius Nyerere, Eduardo Mondlane, Samora Machel, Agostinho Neto, Sam Nujoma, Robert Mugabe, Joshua Nkomo, Kenneth Kaunda, Oliver Tambo, Nelson Mandela. «A sua visão, coragem, ousadia, bravura, bem como o seu sacrifício, lançaram as bases de uma África Austral livre», lembrou.

Insistiu que este é um momento de «reflexão crítica» e que os movimentos de libertação no poder enfrentam complexos problemas tais como mudanças demográficas, a frustração das novas gerações, desigualdades sócioeconómicas e interferência estrangeira. Denunciou que «actores internacionais aproveitam-se das legítimas preocupações dos nossos povos para atacar governos progressistas». Defendeu que para enfrentar os desafios actuais são precisas «soluções urgentes, substantivas e sustentáveis». E exortou as forças progressistas no poder na África Austral a concretizar a esperança e as aspirações dos seus povos, caminhando juntos e procurando «alcançar os objectivos que foram estabelecidos pelos nossos líderes quando criaram os nossos movimentos para alcançar a independência e a liberdade contra o colonialismo e o apartheid».

 

Carlos Lopes Pereira