Análise das eleições a dois meses do congresso
CGTP vê melhores condições
para mobilização e luta


A acção sindical desenvolvida nos últimos quatro anos criou «importantes elementos de reflexão e de envolvimento dos trabalhadores, com impacto na sociedade em geral», os quais foram «determinantes para as opções de voto do dia 10 de Outubro», salienta a resolução aprovada sexta-feira pelo Conselho Nacional da CGTP-IN. Em foco esteve também a preparação do próximo congresso da central.

O quadro político resultante das eleições legislativas, afirma-se na resolução, é marcado pelo «reforço das posições políticas de esquerda» e pela «afirmação de valores e causas pelas quais os trabalhadores se vêm batendo». O voto veio, assim criar «melhores condições para desenvolver a mobilização dos trabalhadores e a luta sindical pela melhoria das condições de vida e de trabalho».
Ao mesmo tempo, «os resultados eleitorais reforçam a necessidade de dar resposta aos anseios mais sentidos pelas pessoas e colocam a exigência da valorização do trabalho», salienta o órgão dirigente da Intersindical Nacional.
Este objectivo, insistentemente apontado pela central, é traduzido, na resolução, em princípios gerais e políticas concretas, que contrastam com a orientação essencial que caracterizou a legislatura iniciada em 1996. Depois de reclamar «uma forte valorização» do padrão dos direitos sociais e de cidadania, a CGTP reafirma que «o País precisa definitivamente de enveredar pelo caminho do desenvolvimento sustentado, de forma a garantir não só o crescimento económico, mas também o emprego, a melhoria das capacidades dos portugueses, a melhoria do seu nível de vida e a sua elevação profissional e cultural».
Para «valorizar o trabalho e dignificar os trabalhadores», a Inter enumera cinco áreas de acção: um significativo aumento dos salários (6 por cento no ano 2000, de modo a que nenhum trabalhador receba menos de 5 contos de aumento, incluindo o salário mínimo nacional); a redução da duração do trabalho, tendo por horizonte imediato a semana das 35 horas, sem perda salarial; políticas de emprego que contemplem a política macroeconómica, o combate à precariedade, o desenvolvimento da formação e a eficaz utilização das políticas activas de emprego; o fim dos ataques aos direitos dos trabalhadores, designadamente por via legislativa; o combate às desigualdades no trabalho, que atingem sobretudo as mulheres, mas também os jovens, os trabalhadores a partir da meia idade, os imigrantes e os representantes dos trabalhadores.

Congresso

O Conselho Nacional aprovou também, para debate nas estruturas e entre os trabalhadores, os principais documentos preparatórios do 9.º Congresso da CGTP, que vai ter lugar a 10 e 11 de Dezembro.


«Avante!» Nº 1351 - 21.Outubro.1999