Por falta de combustível

Estado de emergência nos hospitais de Gaza

A única cen­tral eléc­trica da Faixa de Gaza deixou de fun­ci­onar por falta de com­bus­tível, de­vido ao blo­queio is­ra­e­lita, o que pode causar um de­sastre hu­ma­ni­tário.

Po­pu­lação de Gaza à beira de de­sastre hu­ma­ni­tário

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Os hos­pi­tais na Faixa de Gaza de­cre­taram o es­tado de emer­gência no sá­bado, 7, de­vido à falta de elec­tri­ci­dade, após a única cen­tral na­quele ter­ri­tório pa­les­ti­niano – res­pon­sável pela co­ber­tura de um terço do con­sumo total – ter dei­xado de fun­ci­onar por falta de com­bus­tível. A si­tu­ação foi agra­vada pelo en­cer­ra­mento, do­mingo, da pas­sagem fron­tei­riça por onde entra o com­bus­tível a partir de Is­rael.

Se­gundo o porta-voz dos ser­viços de emer­gência, Mo­awiya Ha­sa­nein, ci­tado pela Lusa, os quatro cen­tros hos­pi­ta­lares na Faixa de Gaza temem ter de parar os seus ser­viços de­vido aos fre­quentes cortes de energia, que podem durar até 12 horas por dia.

Esta si­tu­ação ameaça pro­vocar um de­sastre hu­ma­ni­tário, ad­vertiu aquele res­pon­sável, lem­brando que os ser­viços de saúde estão a de­te­ri­orar-se, so­bre­tudo as ma­ter­ni­dades, as uni­dades de cui­dados in­ten­sivos e as in­cu­ba­doras.

«O sector da saúde de­pende de ge­ra­dores; se a cada mo­mento faltar elec­tri­ci­dade, mesmo que seja apenas du­rante cinco mi­nutos, isto pode causar de­zenas de mortes», su­bli­nhou Ha­sa­nein.

Como têm de­nun­ciado vá­rios or­ga­nismos in­ter­na­ci­o­nais, o re­forço do blo­queio is­ra­e­lita levou à de­te­ri­o­ração das con­di­ções de vida das po­pu­la­ções na Faixa de Gaza.

À falta de água, energia, ali­mentos, com­bus­tí­veis, me­di­ca­mentos e ou­tros bens es­sen­ciais, juntou-se a de­gra­dação de in­fra­es­tru­turas es­sen­ciais como hos­pi­tais ou a falta de sa­ne­a­mento no ter­ri­tório, que tem uma das mai­ores den­si­dades po­pu­la­ci­o­nais e das mais altas taxas de cres­ci­mento de­mo­grá­fico do mundo.

O Hamas, que não re­co­nhece a exis­tência de Is­rael e não par­ti­cipa nas in­ter­mi­ná­veis e in­fru­tí­feras «ne­go­ci­a­ções de paz» is­raelo-pa­les­ti­ni­nanas, con­quistou a mai­oria par­la­mentar nas elei­ções de 2006 e as­sumiu o con­trolo da re­gião em 2007, após uma luta fra­tri­cida com os mi­li­tantes do Fatah, fiéis ao pre­si­dente da Au­to­ri­dade Na­ci­onal Pa­les­ti­niana, Mahmud Abbas.

In­vo­cando a ne­ces­si­dade de de­fender a sua se­gu­rança, Is­rael fe­chou os postos fron­tei­riços com Gaza e in­ten­si­ficou o blo­queio ao ter­ri­tório pa­les­ti­niano, com dra­má­ticas con­sequên­cias na en­trada e saída de pes­soas e pro­dutos no ter­ri­tório e no abas­te­ci­mento de ajuda hu­ma­ni­tária.


Is­rael jus­ti­fica blo­queio


As au­to­ri­dades de Te­la­vive per­ma­necem in­di­fe­rentes à tra­gédia que se vive em Gaza e não têm quais­quer es­crú­pulos em afirmar que agem em con­for­mi­dade com o «di­reito in­ter­na­ci­onal» quando atacam os que pro­curam so­correr os pa­les­ti­ni­anos, como su­cedeu a 31 de Maio com o ataque, em águas in­ter­na­ci­o­nais, ao «ferry» Mavi Mar­mara que pro­cu­rava romper o blo­queio.

Isso mesmo afirmou esta se­gunda-feira, 9, o pri­meiro-mi­nistro Ben­jamin Ne­tanyahu ao depor pe­rante uma co­missão de inqué­rito que «in­ves­tiga» o as­salto ao navio que pro­vocou a morte de nove ci­da­dãos turcos.

«Estou con­ven­cido de que no final do vosso inqué­rito se con­cluirá que o Es­tado de Is­rael e o exér­cito is­ra­e­lita agiram em con­for­mi­dade com o di­reito in­ter­na­ci­onal (...) confio nos com­ba­tentes do exér­cito is­ra­e­lita e todo o Es­tado de Is­rael está or­gu­lhoso» dos seus sol­dados, afirmou Ne­tanyahu.

Para jus­ti­ficar o blo­queio im­posto à Faixa de Gaza o pri­meiro-mi­nistro is­ra­e­lita acusou o Hamas de ter trans­for­mado o ter­ri­tório «num en­clave ter­ro­rista apoiado pelo Irão que lhe dá ajuda po­lí­tica, mi­litar e fi­nan­ceira».

«A partir da Faixa de Gaza, o Hamas dis­parou mi­lhares de fo­guetes, mís­seis e gra­nadas de mor­teiro que atin­giram lo­ca­li­dades is­ra­e­litas (...) Ac­tu­al­mente, o Hamas tem armas ca­pazes de atingir Te­la­vive», ga­rantiu.

Ne­tanyahu não pre­cisa de es­perar pelos re­sul­tados da co­missão de inqué­rito para con­cluir que o «Hamas é cul­pado de pelo menos quatro crimes de guerra: apelo ao ge­no­cídio, tiros sis­te­má­ticos contra alvos civis, uti­li­zação de civis como es­cudos hu­manos e proi­bição à Cruz Ver­melha de vi­sitar Gilad Shalit», o sol­dado is­ra­e­lita de­tido na Faixa de Gaza.

O man­dato da co­missão, que ini­ciou as au­di­ên­cias esta se­gunda-feira, é li­mi­tado e con­siste em de­ter­minar a va­li­dade, ao abrigo do di­reito in­ter­na­ci­onal, do blo­queio ma­rí­timo im­posto por Is­rael a Gaza e do ataque à frota. Para ontem, dia 11, es­tava pre­vista a au­dição do chefe do es­tado-maior, Gaby Ash­ke­nazi, o único mi­litar a tes­te­mu­nhar pe­rante a co­missão.



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