Esmagadora maioria vota ao lado de Cuba

Bloqueio rejeitado nas Nações Unidas

Pela 19.ª vez con­se­cu­tiva, uma larga mai­oria das na­ções re­pre­sen­tadas na As­sem­bleia da ONU aprovou a re­so­lução que exige o fim do blo­queio dos EUA contra Cuba.

«Ao lado dos norte-ame­ri­canos apenas Is­rael»

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Na vo­tação ocor­rida ao final da tarde de an­te­ontem, num total de 192 países com as­sento nas Na­ções Unidas, 187 apro­varam o texto in­ti­tu­lado «Ne­ces­si­dade de pôr fim ao blo­queio eco­nó­mico, co­mer­cial e fi­nan­ceiro im­posto pelos EUA a Cuba».

Ao lado dos norte-ame­ri­canos apenas Is­rael, já que, ao con­trário do ano pas­sado, Palau juntou-se às Ilhas Marshal e à Mi­cro­nésia no grupo de abs­ten­ci­o­nistas.

Desde que a 24 de No­vembro de 1992 foi apre­sen­tado o pri­meiro texto a rei­vin­dicar o fim do blo­queio im­posto à ilha so­ci­a­lista, o iso­la­mento e re­cri­mi­nação dos EUA nesta ma­téria têm-se apro­fun­dado no prin­cipal órgão da ONU.

Na al­tura, 59 na­ções vo­taram ao lado de Cuba, 71 abs­ti­veram-se e apenas duas se jun­taram a Washington na vo­tação. Logo em 1994, o con­junto de na­ções fa­vo­rá­veis ao fim do blo­queio ul­tra­passou a cen­tena.

Na re­so­lução su­fra­gada esta terça-feira, são re­a­fir­mados os prin­cí­pios da igual­dade so­be­rana entre es­tados, a pri­mazia da não in­ter­fe­rência ou in­ge­rência nos as­suntos in­ternos, e a li­ber­dade de co­mércio e na­ve­gação in­ter­na­ci­onal.

Leis como a Helms-Burton - cujos efeitos ex­tra­ter­ri­to­riais afectam a so­be­rania de ou­tros es­tados e os in­te­resses le­gí­timos de en­ti­dades ou pes­soas ao ar­repio da li­ber­dade de co­mércio e na­ve­gação – e ou­tras con­gé­neres que têm sido apro­vadas e im­ple­men­tadas pelos EUA, foram igual­mente con­de­nadas, su­bli­nhando-se que a sua en­trada em vigor viola as re­pe­tidas de­ci­sões da ONU, uma vez que am­pliam o blo­queio eco­nó­mico, co­mer­cial e fi­nan­ceiro contra Cuba.

Neste con­texto, o do­cu­mento exorta as na­ções a não apli­carem as leis que visam manter e re­forçar o blo­queio, lem­brando os com­pro­missos ins­critos na Carta das Na­ções Unidas e o Di­reito In­ter­na­ci­onal.

 

Re­sumo dos custos

 

Se­gundo dados ofi­ciais, os custos di­rectos do blo­queio im­posto à quase meio sé­culo à ilha so­ci­a­lista as­cendem a 100 mil 154 mi­lhões de dó­lares. Este valor «au­men­taria para 239 mil 533 mi­lhões de dó­lares se o cál­culo fosse re­a­li­zado tendo como base a in­flação de preços re­ta­lhistas nos EUA», diz o re­la­tório sobre a re­so­lução 64/​6.

Se o cál­culo tiver em conta a des­va­lo­ri­zação da moeda norte-ame­ri­cana face ao ouro (cuja re­dução se es­tima em mais de 30 vezes desde o início do blo­queio), então os pre­juízos di­rectos to­ta­lizam 751 mil 363 mi­lhões de dó­lares, adi­anta o mesmo do­cu­mento.

Neste con­texto, fica claro que o blo­queio é o prin­cipal obs­tá­culo ao pro­gresso eco­nó­mico e so­cial de Cuba, con­cluem as au­to­ri­dades de Ha­vana.

 

Abaixo-as­si­nado exige

 

Pa­ra­le­la­mente à vo­tação no ple­nário das Na­ções Unidas, a As­so­ci­ação de Ami­zade Por­tugal-Cuba (AAPC) pro­moveu um abaixo-as­si­nado onde apela ao fim do cri­mi­noso blo­queio.

«Frus­trando es­pe­ranças e ilu­sões cri­adas por pro­messas elei­to­rais e ali­men­tadas na co­mu­ni­cação so­cial, a ad­mi­nis­tração Obama não só não le­vantou o blo­queio como não tomou quais­quer me­didas nesse sen­tido. Pelo con­trário, em 11 de Se­tembro de 2009 Ba­rack Obama de­clarou de in­te­resse na­ci­onal a ma­nu­tenção do blo­queio», re­fere a cir­cular.

Neste con­texto, «con­si­de­rando que o blo­queio tem apli­cação ex­tra­ter­ri­to­rial, im­pli­cando in­to­le­rá­veis li­mi­ta­ções à so­be­rania de ou­tros Es­tados e vi­o­lando a le­gis­lação in­ter­na­ci­onal sobre co­mércio; que o blo­queio viola o Di­reito In­ter­na­ci­onal, é con­trário aos prin­cí­pios da Carta das Na­ções Unidas e cons­titui uma trans­gressão ao di­reito à paz, ao de­sen­vol­vi­mento e à se­gu­rança de um Es­tado so­be­rano, uma vi­o­lação dos di­reitos hu­manos e uma cri­mi­nosa pu­nição por este re­cusar perder a sua so­be­rania, os EUA não têm le­gi­ti­mi­dade nem moral para impor quais­quer con­di­ções a Cuba», su­blinha ainda a AAPC.

Assim, exige-se «que o Pre­si­dente Obama tome de ime­diato me­didas para pôr termo ao blo­queio a Cuba».

 



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