Uma vitória histórica

Pedro Guerreiro

O processo bolivariano confronta-se com grandes e exigentes desafios

A vitória de Nicolás Maduro, candidato do Grande Pólo Patriótico nas eleições presidenciais realizadas a 14 de Abril na Venezuela, tem um enorme significado e é da maior importância.

Trata-se de uma justa e legitima vitória alcançada num dos momentos mais difíceis e exigentes para a jovem Revolução Bolivariana. Após o falecimento daquele que foi o seu mais importante líder, o Comandante Hugo Chávez, as forças democráticas e patrióticas venezuelanas passaram com êxito o seu primeiro teste, dando resposta aos que pensaram que havia chegado o fim do processo bolivariano.

Por mais que o tentem ocultar, minimizar, deturpar ou contrariar, o povo venezuelano expressou soberanamente a decisão de defender e prosseguir o processo de transformações democráticas – sociais, económicas, políticas e culturais –, de afirmação da soberania e independência nacional, de cooperação na América Latina e no mundo, que aponta o socialismo como objectivo a alcançar.

O real alcance desta vitória – ainda que, em comparação com eleições anteriores, conquistada com uma menor diferença de votos face ao candidato das forças reacionárias e golpistas – pode ser avaliado pelo modo como reagiram aqueles que sempre se opuseram ao processo de transformações iniciado na Venezuela há 14 anos e que foram derrotados, consecutivamente, em 17 dos 18 processos eleitorais realizados.

Depois de promoverem o boicote da economia e de realizarem uma campanha de mentira com que procuraram iludir o povo venezuelano, as forças reacionárias e golpistas, não aceitando a sua derrota, pretendem agora deslegitimar as instituições democráticas venezuelanas e impor pela provocação e a violência aquilo que perderam nas urnas.

Isto é, os mesmos que, a 11 de Abril de 2002, protagonizaram e apoiaram a tentativa de golpe contra as instituições democráticas venezuelanas clamam agora, hipocritamente e face à sua derrota, por manobras dilatórias e de desestabilização que têm apenas e como único objectivo colocar novamente em causa a expressão da vontade popular.

Veja-se o cinismo da Administração norte-americana (e do Secretário-geral da OEA) ou do Governo espanhol que, depois de terem apoiado o golpe de 2002 e não terem deixado de conspirar contra a Revolução Bolivariana, procuram agora minar a legitimidade da proclamação da vitória eleitoral de Nicolás Maduro e da sua tomada de posse a 19 de Abril. Não dando tréguas, o imperialismo fará o que estiver ao seu alcance para condicionar, limitar e tornar reversíveis as transformações e conquistas alcançadas na Venezuela e, de novo, poder subordinar e explorar de forma colonial o seu povo e os seus recursos.

O processo bolivariano, como em tantos outros momentos, confronta-se com grandes e exigentes desafios a que só o reforço da aliança cívico-militar, a unidade das forças progressistas e revolucionárias, o prosseguimento do processo de transformação – inscrito no «Programa da Pátria» – e a resolução dos problemas e realização das aspirações da esmagadora maioria do povo venezuelano, podem continuar a dar resposta.

A luta dos trabalhadores e do povo venezuelano demonstra que existem e são possíveis de conquistar e concretizar políticas alternativas. A eleição de Nicolás Maduro como Presidente da República Bolivariana da Venezuela é, por isso, uma vitória para as forças progressistas e revolucionárias, para todos os homens e mulheres que lutam e aspiram a um mundo de justiça, de progresso social e de paz - é também sua a responsabilidade de defender o povo venezuelano das manobras atentatórias da sua soberania.



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