Agressão israelita à Palestina

Parar o genocídio

Mais de 530 mortos e de três mil fe­ridos, na sua mai­oria civis, era o ba­lanço de 14 dias de agressão contra a Faixa de Gaza, que Is­rael pro­mete pros­se­guir, com o apoio dos EUA, apesar das acu­sa­ções de ge­no­cídio.

«A mais po­de­rosa má­quina de guerra da re­gião não ten­ciona parar»

Image 16392

Duas se­manas e meia após o início da guerra contra os 1,8 mi­lhões de ha­bi­tantes da Faixa de Gaza, é cada vez mais evi­dente que as forças si­o­nistas pro­movem um ge­no­cídio. O ter­ri­tório de cerca de 350 km2 é um ce­mi­tério de onde os vivos não podem es­capar; onde, na re­a­li­dade, a fuga pa­rece inútil face ao ex­ter­mínio or­ga­ni­zado e me­tó­dico que tem como alvos todo um povo e todos os edi­fí­cios, bens, in­fra­es­tru­turas e lu­gares, con­forme re­latou Ch­ris­topher Wadi, a partir de Gaza, para o Jor­na­listas sem Fron­teiras.

A ofen­siva ini­ciada a 8 de Julho foi agra­vada na quinta-feira, 17, com a en­trada de tropas is­ra­e­litas na Faixa. Desde então, o nú­mero de ví­timas, na sua mai­oria civis e entre as quais es­tarão mais de cem cri­anças, não parou de au­mentar, ci­frando-se, an­te­ontem, em mais de 530 mortos e de três mil fe­ridos. Entre os in­va­sores, re­gista-se 25 ca­dá­veres, re­sul­tado dos com­bates com os pa­les­ti­ni­anos, que re­sistem como podem.

53 mil sol­dados is­ra­e­litas e po­de­rosos meios foram mo­bi­li­zados para a ope­ração ter­restre, su­por­tados pelo fogo cons­tante dos bom­bar­de­a­mentos re­a­li­zados pela avi­ação, a ma­rinha e a ar­ti­lharia si­o­nistas, que usam a mais mo­derna tec­no­logia mi­litar e armas não-con­ven­ci­o­nais, caso das bombas de frag­men­tação, no­ti­ciou a Russia Today.

Energia eléc­trica e gé­neros ali­men­tares es­cas­seiam e o Co­mité In­ter­na­ci­onal da Cruz Ver­melha (CICV) alerta que, dentro de dias, «toda a po­pu­lação es­tará de­ses­pe­rada sem água». A con­ta­mi­nação e o co­lapso do sis­tema de sa­ne­a­mento fazem prever a pro­li­fe­ração de epi­de­mias, ad­verte ainda o CICV.

Já esta se­mana, a Agência das Na­ções Unidas para os Re­fu­gi­ados Pa­les­ti­ni­anos ac­tu­a­lizou para cem mil o total de pa­les­ti­ni­anos que pro­cu­raram abrigo junto da or­ga­ni­zação. Os fe­ridos não podem ser eva­cu­ados e nos hos­pi­tais, também alvos dos bom­bar­de­a­mentos – como acon­teceu se­gunda-feira, 21, em Dir el Balah –, luta-se de­ses­pe­ra­da­mente para salvar vidas que se teme que voltem com novos e mais graves fe­ri­mentos. A Mé­dicos Sem Fron­teiras de­nun­ciou, no do­mingo, 20, à AFP, que a mai­oria dos fe­ridos que chegam à uni­dade de al Shifa são mu­lheres e cri­anças, que me­tade dos en­vi­ados para re­a­ni­mação acaba por morrer e que os de­mais ca­recem de ci­rur­gias ur­gentes.

Mas­sacre con­sen­tido

O mas­sacre ocor­rido na ma­dru­gada de sá­bado, 19, em Cha­jaya, nos ar­re­dores de Gaza, no qual mor­reram mais de 60 pes­soas, exem­pli­fica o que a Au­to­ri­dade Na­ci­onal Pa­les­ti­niana (ANP) clas­si­fica de «crimes contra a hu­ma­ni­dade» per­pe­trados pelas «forças ocu­pantes». O pre­si­dente da ANP, Mah­moud Abbas, re­nova o apelo de uma «ime­diata in­ter­venção in­ter­na­ci­onal para pro­teger os civis da Faixa de Gaza».

Abbas en­con­trou-se, já esta se­gunda-feira, com o líder do Hamas, Khaled Meshaal, em Doha, no Catar. Con­jun­ta­mente, exi­giram o fim da agressão is­ra­e­lita e o le­van­ta­mento do blo­queio à Faixa de Gaza, rei­te­raram a ir­re­ver­si­bi­li­dade do go­verno de uni­dade na­ci­onal e, nesse sen­tido, «con­cor­daram que todas as fac­ções pa­les­ti­ni­anas de­verão tra­ba­lhar como um equipa em di­recção ao cessar-fogo».

En­tre­tanto, para o Cairo, ca­pital do Egipto, des­locou-se o chefe da di­plo­macia norte-ame­ri­cana. O pro­pó­sito de John Kerry é as­se­gurar a ca­pi­tu­lação dos pa­les­ti­ni­anos, obrigar o Hamas a «aceitar um cessar-fogo mul­ti­la­teral sem con­di­ções», disse em en­tre­vista à ABC.

Na linha das de­cla­ra­ções de Ba­rack Obama, o se­cre­tário de Es­tado norte-ame­ri­cano in­sistiu na res­pon­sa­bi­li­zação do Hamas, acu­sando o mo­vi­mento de «pro­vocar ou­tras ac­ções» por parte de Te­la­vive, de­fendeu o di­reito de Is­rael a «de­fender-se» e qua­li­ficou de «coisas de­sa­gra­dá­veis» os acon­te­ci­mentos na Faixa de Gaza. Antes, já a sua porta-voz, Jen Psaki, ques­ti­o­nada sobre o nú­mero de mortos que os EUA con­si­de­ra­riam para falar em ge­no­cídio, havia res­pon­dido que «há uma ampla gama de de­fi­ni­ções».

Não ad­mira pois que o pri­meiro-mi­nistro is­ra­e­lita Ben­jamin Ne­tanyahu tenha vindo, do­mingo, 20, ga­rantir que «es­tamos a pro­mover uma ope­ração com­plexa, in­tensa e em pro­fun­di­dade no in­te­rior da Faixa de Gaza que é apoiada pelo mundo», dei­xando evi­dente que a mais po­de­rosa má­quina de guerra da re­gião não ten­ciona parar de li­quidar pa­les­ti­ni­anos e sub­trair-lhes mais par­celas de terra. A menos que seja tra­vada.



Mais artigos de: Internacional

Pelo fim imediato <br> do massacre <br> do povo da Palestina

Sessenta e seis Partidos Comunistas e Operários já assinaram um comunicado comum no qual «condenam o assalto bárbaro e criminoso do Estado de Israel contra o povo da Palestina», manifestam «plena solidariedade com o povo da Palestina» e chamam «os trabalhadores de todo...

Kiev tem de explicar

A Rússia apoia uma in­ves­ti­gação exaus­tiva e ob­jec­tiva à queda do avião das li­nhas aé­reas ma­laias, exige que o go­verno de Kiev cesse as hos­ti­li­dades na zona do des­pe­nha­mento e ex­plique al­guns dos con­tornos da tra­gédia.

40 anos do golpe <br> e invasão de Chipre

Assinalando a passagem do 40.º aniversário do golpe de Estado promovido pela junta de Atenas com o partido fascista cipriota EOKA B', que em Julho de 1974 derrubaram o presidente eleito da República de Chipre, Makarios III, 28 Partidos Comunistas e Operários subscreveram uma...