O Unicórnio

Manuel Gouveia

Era tão bom en­con­trar um uni­córnio. Fosse azul como o do Pablo Mi­lanes, ou de outra cor qual­quer, como os da Ally Mc­beal.

Da mesma forma, eu seria o pri­meiro em saudar o facto de se ter – fi­nal­mente – en­con­trado esse ex­tra­or­di­nário Mi­nistro que seria si­mul­ta­ne­a­mente do PS e pra­ti­cante de uma po­lí­tica de es­querda.

O úl­timo can­di­dato a tal ma­ra­vilha chama-se Pedro Nuno Santos, e este se­mana apa­receu a de­fender a na­ci­o­na­li­zação da TAP na sequência do ine­vi­tável apoio que esta terá de re­ceber para so­bre­viver.

Mas qual­quer ca­çador de uni­cór­nios sabe que é muito fácil pintar um ca­valo de azul e colar-lhe um corno na ca­beça. Também no caso dos Mi­nis­tros é pre­ciso raspar a su­per­fície me­diá­tica da coisa.

Mesmo no caso da TAP, que fez já o Mi­nistro de um Go­verno que já detém a mai­oria do ca­pital da mesma? Deixou o pri­vado fazer o que quis. E sobre os ou­tros as­suntos abor­dados na mesma au­dição par­la­mentar? Que fez o Mi­nistro face ao com­por­ta­mento frau­du­lento da mul­ti­na­ci­onal Yil­port e o des­pe­di­mento ilegal de quase todos os es­ti­va­dores do Porto de Lisboa? Pôs-se do lado do pa­tro­nato e da mul­ti­na­ci­onal. Que fez o Mi­nistro face à Ad­mi­nis­tração dos CTT, que des­pediu (não re­novou o con­trato) tra­ba­lha­dores em vez de con­tratar mais para poder prestar o ser­viço pú­blico em con­di­ções de se­gu­rança para utentes e tra­ba­lha­dores? Pôs-se do lado do pa­tro­nato. Que fez o Mi­nistro quando a ANACOM cri­ticou os CTT pri­vados por não cum­prirem ne­nhum dos 24 cri­té­rios de qua­li­dade em 2019? Pôs-se do lado do pa­tro­nato, cri­ticou o re­gu­lador e ne­go­ciou com o pa­tro­nato um novo con­trato de con­cessão onde vamos todos pagar para que o Grupo Cham­pa­li­maud faça pior um ser­viço pú­blico que os CTT pú­blicos as­se­gu­ravam dando lu­cros ao Es­tado. Quando acabou o con­trato com a Fer­tagus, e esta podia ter sido in­te­grada na CP, que fez o Mi­nistro? Pôs-se do lado da Bar­ra­queiro e re­ne­go­ciou o pro­lon­ga­mento da con­cessão.

Pois é. Tudo mitos. Que não passam a ser reais só porque nós gos­tá­vamos que fossem reais.




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